Com raios de luz na
cabeça no lugar dos cabelos ele percorre o céu num CARRO DE OURO construído por
Vulcano, o grande artesão, puxado por 4 cavalos muito brancos e velocíssimos
que soltam labaredas pelas narinas. Seu nome: HÉLIOS, o deus do Sol, descendente
de Urano e de Gaia (a Terra), irmão de Eós (a Aurora) e de Selene (a Lua).
Todas as manhãs o CARRO
DE OURO é transportado para o alto do céu pelo deus Apolo, e, após a passagem
do carro de EÓS, HÉLIOS envolto em leve manto e protegido por capacete reluzente,
empunha as rédeas e inicia sua longa corrida pelos espaços celestes, levando
vida e calor a todas as partes do universo, e a terra inteira se enche de luz.
Na hora do crepúsculo chega ao rio Oceano, onde seus cavalos exaustos banham-se
para recuperar as forças. Então, vem a escuridão. E a escuridão da noite abraça
a terra. É a hora do descanso.
Isto é o que se lê na
mitologia, mas o que importa mesmo é ver o CARRO DE OURO surgir na manhã da
minha terra, guiado por HÉLIOS com sua coroa de raios dourados atravessando as
nuvens, começando um novo dia anunciado pelo "cantar dos galos e o brotar
das madrugadas"; iluminando cada palmo de terreno, seu calor dissipando a
cerração do amanhecer, levantando o manto de escuridão da noite que finda, renovando
a vida.
Usina Santa Rosa |
Pouco a pouco aparecem a
Usina Santa Rosa e a Cerâmica; a Rua da Laje, o Estádio Municipal, a
Prefeitura, a bela Praça Dona Ermelinda, o rinque, a Igreja Matriz, a farmácia
de Seu Azarias, a Chevrolet do Sr. Chicrala Amim, a gráfica de Seu Neguinho, a
loja Samaritana, os fotos Schueller e Gemino, o campo de aviação, a Rua
Direita; a Casa Azul; os Hotéis Braga e Assis; a Rodoviária; a Tecelagem São
Martino; o Hospital de Miracema, o Colégio Miracemense, o Campo do América, e,
por fim, a rodagem e as cachoeiras do Conde.
Gicelda Coelho |
As esquinas, as praças,
as ruas, os prédios, são construções e obras do nosso povo. Os morros, as
planícies, as várzeas nos pertencem, como já pertenceram aos nossos
antepassados. As águas do riacho Santo Antônio que banham nossa cidade são o
sangue dos nossos ancestrais. O suave marulhar destas águas na cachoeira do
Conde e o leve silvar do vento nas palmeiras de nosso jardim são as vozes
daqueles que nos antecederam: falam dos acontecimentos e lembranças de suas
vidas, dos seus feitos, de suas vitórias, de seus sonhos, de suas realizações.
Neste chão generoso
dormem os conterrâneos que já partiram, suas cinzas adubam nossas esperanças e
nos encorajam a continuar a lutar e honrar o nome de Miracema. Cada miracemense
que nasce é uma estrela de esperança, cada miracemense que se despede é uma
grata recordação no panteão de nossa história. Tudo é emoção, às vezes,
pungente! Como conter uma lágrima furtiva ou um soluço de saudade ao lembrarmos
do apito da Fábrica de Tecidos São Martino às 6 horas ou o roncar dos caminhões
abarrotados de cana de açúcar na direção da Usina Santa Rosa?
E assim, num instante,
passo o filme de minha infância em Miracema pelas asas da minha imaginação,
fatos indeléveis que recordo e guardo no lado esquerdo do peito como um amigo
querido, com imensa saudade. É impossível não amar esta terra! HÉLIOS e seu
CARRO DE OURO continuarão a iluminar por toda a eternidade minha bela
Princesinha e seu solo sagrado, berço de tantos miracemenses ilustres, TERRA DE
LUZ.
Fotos retiradas da internet.
Fotos retiradas da internet.
Em palavras, um retrato transbordante dos sentimentos mais ternos da nossa querida Miracema. Eu vivi esse tempo e conheci os personagens. Parabéns, Dr. Carlos Sérgio!
ResponderExcluirLinda homenagem, como é peculiar do autor. Depois de ler essa obra prima, penso que querem torná-la lixeira da região... É de chorar! Mas tenho fé que o povo não permitirá essa tragédia!
ResponderExcluirQue belo texto! Parabéns dr. Carlos Sérgio Barbuto!!!!
ResponderExcluirTexto lindíssimo! Parabéns dr Carlos Sérgio Barbuto,por retratar com tanto sentimento e carinho a história da nossos querida MIRACEMA.
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