Defronte ao Hotel Braga
(na curvinha), o “Nefá” (Nafaa Murched El Khoury) tinha sua loja de material de
construção e assimilados. Tinha até “carrinho de mão”. Eu já trabalhava no
Hospital. Eu e minha irmã Neuza Maria. Controlávamos e pagávamos as
contas. Inclusive as feitas naquela loja. Até aí tudo bem não fosse o Joel de
Oliveira, na virada de 1971 para 1972 (ele estava lá desde que... não sei!).
Normalmente, o
Provedor, Dr. Salim Bou-Issa, tinha as pessoas de sua confiança que faziam as
compras. Surpreendeu-me a determinação da compra de um “carrinho de mão”??? (já
existiam carrinhos por lá).
Lógico, que eu não iria
questionar. Entretanto, sapiente e de grande tirocínio, ele observa a minha
curiosidade e diz para eu ir àquela loja e pagar à vista e diretamente ao dono,
a quem eu conhecia bem.
Lá chegando, efetuo o
pagamento contra recibo; ameaço sair, mas... desfiro ao Nefá um olhar sem graça,
mas... inquisitivo... Ele, que, também, não era nada “bobo”, coça a cabeça,
esboça um sorriso diferente e “me sai com essa”:
“Sabe o que é Bebeto. Eu
fui falar com o Salim que o Joel, todos os dias, após fazer seus mandados,
ficava a conversar com o carrinho de mão, que estava ali, na calçada. E eu
comecei a prestar atenção no que ele dizia:
--Você é lindo!
--Você ainda vai ser
meu!
--Você pode me ajudar a
trazer leite das vacas para a Cooperativa!
--Eu até durmo junto
com você!
--Não vá embora, não!
Eu volto amanhã!
“Após beijos e abraços,
lá se ia ele, para voltar no dia seguinte. O Salim se comoveu!”
E eu também! Ao chegar
de volta ao Hospital, procuro o Joel e lhe dou um abraço bem apertado.
Que bom que as
criaturas tivessem esse amor pelos objetos.
Quantas coisas esses
olhos de paralelepípedos já viram, não?
Querido Sr Joel! Ele trabalhou com meu avô no Hospital e meu avô contava cada uma dele que eu morri de rir. Como é bom recordar!
ResponderExcluir