sexta-feira, 22 de julho de 2016

UM PAPO COM AÍRTON MOREIRA: POR ADILSON DUTRA


Solicitei ao jornalista e também miracemense um depoimento sobre os Irmãos Moreira para fazer parte do meu arquivo.

Parece que foi ontem, mas lá se foram mais de quarenta anos, se a memória não prega uma peça neste escriba eu sou capaz de jurar que foi no final dos anos 60, ali por volta de 1968, quando ainda servia o TG 217, lá na terrinha, que conheci um dos mais fantásticos conterrâneos meus. Aírton Moreira, treinador do Cruzeiro, de Belo Horizonte, o homem que montou aquela fabulosa máquina de jogar futebol e que desbancou o extraordinário Santos de Pelé & Cia Ltda., com uma incrível goleada no Mineirão, 6 x 2, e, em virada histórica, no Pacaembu, e faturou a Taça Brasil de 1966 ao vencer por 3 x 2 após 0 x 2 no intervalo do jogo.

Aírton, mais simples e menos badalado do que os irmãos Zezé e Aymore, ambos chegaram à seleção brasileira (Aymoré foi campeão no Chile, em 62), mas com uma bagagem também carregada de sucesso. Quem gosta de futebol não se esquece do timaço do Cruzeiro, que tinha Raul e sua famosa camisa amarela, Procópio, um xerife que também fez sucesso no Fluminense, um meio campo de dar inveja a qualquer um desses times modernos, veja só: Wilson Piazza, Dirceu Lopes e Tostão; e um ataque infernal, onde se destacava, além de Natal e Hilton Oliveira, dois pontas rápidos e habilidosos, o campista Evaldo, que saiu de Campos para o Fluminense e foi brilhar no Cruzeiro, de Aírton Moreira.

Lembro-me do curto, mas proveitoso papo com o “seu” Aírton, nas muretas do Rink, que fica ali na Praça Dona Ermelinda, em Miracema, ele, acompanhado do atacante Marco Antônio, passara rapidamente pela cidade para visitar a irmã, que estava doente, e ver os sobrinhos, alguns até pela primeira vez.  A conversa, não poderia deixar de ser, girou em torno da decisão, eu naquela época já era “metido” a repórter e já falava muito, e fui perguntando sobre o jogo e sobre Pelé, Tostão, Dirceu Lopes, etc e tal. Minhas anotações, ainda sobrevivendo a este longo período, mostram alguns detalhes, que repasso para os amigos:

- Chovia muito e nós jogaríamos pelo empate. O Lula (treinador do Santos) escalou Amauri no lugar de Dorval para ajudar a marcação sobre os nossos garotos (Dirceu e Tostão) e eles dominaram o primeiro tempo inteiro, se não fosse nosso goleiro (Raul) voltaríamos do intervalo com uma baita goleada. Relata Aírton Moreira.
- Qual era o placar, seu Aírton?
- Dois a zero eles. Só isso, graças a Deus.

Ele contou alguma coisa a mais, porém, tem sempre um porém, estas partes das anotações se foram com o tempo e fugiram da minha imagem, mas sei de outros detalhes, por jornais, revistas e entrevistas dos irmãos famosos, Aymoré e Zezé, daquela histórica decisão. Aírton Moreira, que na chegada a São Paulo, recebera apoio dos irmãos mais famosos.

Para piorar, num gesto de provocação, Mendonça Falcão, presidente da Federação Paulista e Athiê Jorge Cury, presidente do Santos, procuraram Felício Brandi para acertar data e local do terceiro jogo. Foram enxotados, aos berros, do vestiário.

Felício aproveitou a visita inoportuna para mexer com os brios dos jogadores. Na volta, os craques conversavam, combinavam jogadas, animavam-se mutuamente. Estavam certos de que podiam virar o placar. Afinal, já haviam vencido duas vezes o time de Pelé naquele ano.

7 comentários:

  1. Ninguém venceria esse time do Santos de Gilmar; Carlos Alberto Torres, Mauro Ramos, Oberdan e Zé Carlos; Zito e Lima; Dorval, Toninho Guerreiro, Pelé e Pepe, essa era a certeza mas.....esse Cruzeiro de Raul; Pedro Paulo, Willian, Procópio e Neco; Wilson Piazza, Dirceu Lopes e Tostão; Natal, Evaldo e Hilton Oliveira, impôs uma goleada história no Mineirão 6 x 2 no primeiro jogo da decisão. No segundo, acima descrito pelo Dutra o Santos mudou meio time Cláudio, Zé Carlos, Haroldo, Oberdã e Lima; Zito e Mengávio; Amaury (Dorval), Pelé, Toninho e Edú já o Cruzeiro manteve sua escalação.

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  2. Esse fabuloso time do Cruzeiro, vi jogar contra o meu Rio Branco de Campos, placar 0 x 0 no primeiro jogo em Campos, jogo de volta em BH, acho que foi no Independência, Cruzeiro 1 x 0. Meu Rio Branco jogou com Humberto, Caminhão, Altamir, Ronaldo e Osvaldo, meio campo: Sardinha e Rafael (ou Ricardo, estou em dúvida) ataque: Augusto, Placido, Eliacyr e Dodo Ferreira. Eta time bom! O ano foi 1966?

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    1. Dodô Ferreira, meu amigo, faleceu mês passado. Grande cara.

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  3. Tem foto? Tem súmula? VT? Dualcei narrou o jogo? Tenha cá muitas duvidas.

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    1. Tenho as súmulas. O Categoria errou o ano e o o Cruzeiro ainda não tinha em campo os craques de 66. Foram dois jogos pela Taça Brasil (oitavas de final), em 1962.
      Cruzeiro 1 x 1 Rio Branco
      26/09/62
      Estádio: Americano
      Renda: R$ 510.000,00
      Árbitro: Witan Marinho (MG)
      Gols: Norival 9 do 2º tempo; Sardinha 38
      Cruzeiro: Tonho, Massinha, Vavá, Dilsinho e Emerson; Geraldino, Antonino e Rossi; Paulo, Norival e Nerival.
      Técnico: Gérson Santos
      Rio Branco: Nilson, Zé Carlos, Altamir, Ronaldo e Sardinha; Joel, Rafael e Plácido; Eleacir, Augusto e Dodô Ferreira.
      Cruzeiro 1 x 0 Rio Branco
      03/10/62
      Estádio: Barro Preto, em BH
      Renda: R$ 638.300,00
      Público: 3.300
      Árbitro: Osvaldo Baliza (RJ)
      Obs: Foi goleiro do Botafogo
      Gol: Emerson
      Cruzeiro: Mussula, Massinha, Vavá, Dilsinho e Emerson; Antoninho, Elmo e Orlando; Norival, Nerival e Rossi.
      Técnico: Niginho
      Rio Branco: Nilson, Zé Carlos, Altamir, Ronaldo e Sardinha; Joel, Rafael e Plácido; Eleacir, Augusto (Jorge) e Dodô Ferreira.

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    2. Errou foi tudo, com essa escalação este Cruzeiro deve ser o time do bairro em Miracema. Deve estar errando até a idade dele.

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  4. Esse Tadeu é demais! Conseguiu as súmulas que guardarei como recordação. Realmente confiei apenas na minha velha memória (não pesquisei) e errei. Em 1962 tinha apenas 14 anos, depois de 54 anos, imaginei ter visto jogar em Campos o famoso time do Cruzeiro que ganhou do Santos, não foi, embora tivesse sido o mesmo Cruzeiro de tantas glórias. Sobre a escalação do Rio Branco, errei o nome do goleiro, pois citei Humberto, jogou no Rio Branco no mesmo ano, porém, nesse jogo foi o Nilson que atuou.
    Naquela época a escalação era no sistema 4-2-4, então jogou o RB assim: Nilson, Zé Carlos Caminhão, Altamir, Ronaldo e Joel, Sardinha e Rafael, Augusto, Plácido, Eleacir e Dodô Ferreira. Jorge era o goleiro reserva, só ele assinou a súmula como reserva, pois somente era permitida a substituição do goleiro, a substituição de dois jogadores em todas as posições só veio acontecer em 1970 (não tenho absoluta certeza do ano), hoje, é permitida a substituição de 3 jogadores. Portanto, meu caro Sefinho, cometi alguns erros, reconheço, só que, o meu objetivo foi destacar o grande Rio Branco de 1962, bicampeão campista.

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