No final da Rua Direita
(que se dá lá pela Rodoviária), após o pórtico que restou da Fábrica de
Tecidos, ainda pode-se ver construções que, no passado, eram galpões que
serviam de depósitos à Estação Ferroviária para o que ia ser embarcado nos
trens (café, mais tarde, arroz, etc.). Armazenavam também tambores de
inflamáveis até que terrível incêndio os projetou aos ares em todas as
direções; felizmente, a maioria foi ter no Ribeirão Santo Antônio (pena dele!).
Após a desativação das
ferrovias pelo governo JK, os galpões tornaram-se imprestáveis a tal propósito,
vindo a servir a outras finalidades.
E uma delas foi
gratificante para os jovens emergentes da década de sessenta. Os não tão
exigentes ao elitismo. De carteirinha com a inscrição “permanente”, eu tinha
acesso aos bailes que angariavam fundos para os desfiles das escolas de samba
do Calil e do Jair Polaca.
No Jair: O Gil, que foi
bamba na tuba da Banda Sete, já com quase oitenta anos ainda fazia uns
“graves”, só que, agora, num contrabaixo elétrico (sempre de paletó, sem
gravata, chapéu de feltro e olhos fechados, já que tinha ficado cego). O
Romilto(n?) era fantástico, pois era o melhor, exercia um fascínio na guitarra
elétrica (dava “nervoso” vê-lo, pois tinha um problema nos olhos que balouçavam
de um lado para outro à medida que seus dedos dançavam freneticamente sobre as
cordas – também tinha um problema nas pernas, por acidente). O “Farofinha”
(desculpe, perdi o nome) era um virtuose no violão; sempre acompanhou os
seresteiros da cidade (só que era estrábico – nunca se sabia para onde estava
olhando).
No Calil: O Zé Viana,
com o seu incrível trompete. O Waldemar no ritmo da bateria (também o fazia na
Banda Sete). E o Lula Pimenta, que também ficou cego.
Empolguei-me com todos
eles e, em 1968, montei o conjunto “The Mirashines”, que mudou para “Módulo 5”;
o Hélio Nascimento (do Marcellino) o assumiu e alterou para “Hélio e seu
Conjunto”. Depois, me afastei: só sei que nesse “movimento”, ninguém teve
problemas de “olhos”.
A não ser que, hoje,
não consigamos ter olhos para ver os outros “eternos(?)” olhos: os
paralelepípedos, que presenciaram, infelizmente , o atropelamento e a morte do
“Farofinha”, na curva do rinque.
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