quarta-feira, 19 de outubro de 2016

JULINHO BOTELHO: DAS VAIAS AOS APLAUSOS EM UM MARACANÃ LOTADO


O dia 13 de maio de 1959 foi especial para um dos grandes jogadores da história do futebol brasileiro. Nesse dia, para comemorar a conquista do título mundial de 1958, a Seleção Brasileira realizou um amistoso contra a Inglaterra, única equipe que não havia perdido para o Brasil durante a Copa da Suécia.

Garrincha, acima de seu peso ideal, foi barrado e o locutor do estádio anunciou o ponta-direita: Julinho Botelho. Não houve um torcedor que não vaiasse.  Ele escutou tudo do vestiário, virou-se para Nilton Santos e prometeu jogar bem. Com dois do primeiro tempo ele fez 1 x 0 e depois ainda deu o passe para o segundo gol. A torcida gritava por Garrincha e o ponta Julinho não se abalou: continuou jogando seu futebol e acabou com o jogo. Foi uma das maiores atuações individuais de um jogador nos gramados do velho Maracanã. Saiu aplaudido de pé.

Julinho jogava um futebol de fartos dribles e extrema velocidade, ora fechando em direção ao gol, ora indo até a linha de fundo. E quando chegava ali, não dava um chutão para a área, passava a bola. Teve o azar de jogar na mesma época do inigualável Garrincha.

Até hoje ele é reverenciado em Florença, na Itália. Se perguntar por Sócrates ou Edmundo, dois ex-jogadores da Fiorentina, não importa a idade do torcedor, a resposta será: “Nós adoramos Julinho”. Seu sucesso na Itália só foi comparável  ao de Mazzola, Falcão e Careca. Para que se tenha uma pequena ideia da devoção ao jogador, em 1995, quando a Fiorentina organizou uma festa pelos 40 anos da conquista do primeiro scudetto, mandou passagens aéreas e reservou um hotel de luxo para Julinho e sua esposa.  O craque foi aplaudido por 40 mil pessoas.  No restaurante próximo à sede do clube, há uma placa: “Aqui almoçava Julinho”.

Outro fato marcante em sua carreira aconteceu em 1958. Depois de disputar uma excelente Copa do Mundo de 1954, Julinho foi contratado pela Fiorentina, levando o time ao título inédito do scudetto. Com a fama e a experiência de três anos na Europa, foi convocado para a Copa de 1958. Os pontas seriam ele e Joel – que jogava pelo Flamengo. Julinho recusou o convite. Disse que não seria justo jogar a Copa no lugar de alguém que estava no Brasil e merecia a convocação. Garrincha foi o seu substituto. Vestiu a camisa do Brasil em 31 jogos e marcou 10 gols, sendo 27 oficiais e 10 gols. Foi campeão Pan-Americano em 1952.  

Júlio Botelho nasceu na capital paulista em 29 de julho de 1929. Começou no Juventus-SP, e depois brilhou na Portuguesa de Desportos - 191 jogos e 101 gols (campeão do Torneio Rio-São Paulo em 1952 e 1955), Fiorentina - 89 jogos e 22 gols (campeão italiano em 1956) e Palmeiras - 269 jogos e 81 gols (campeão paulista em 1959 e 1963, da Taça Brasil em 1960 e do Torneio Rio-São Paulo em 1965). No dia 11 de janeiro de 2003, faleceu em São Paulo, aos 73 anos, vitimado por problemas cardíacos, após sofrer um AVC. 



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