domingo, 6 de novembro de 2016

JUNIOR CAPACETE: UM JOGADOR COMPLETO


Leovegildo  Lins da Gama Júnior nasceu em João Pessoa-PB, em 29 de junho de 1954. Como ele costuma dizer, é um paraibano com espírito carioca. Júnior nunca havia sonhado ser jogador de futebol. Na verdade, pretendia ser veterinário, o que não aconteceu, para alegria da torcida rubro-negra. Ele começou no futebol atuando pelo Juventus, um time de praia, pelo qual seu irmão mais velho jogava. E foi assim, nas peladas na orla carioca, que foi descoberto pelo ex-jogador Modesto Bria, que o convidou para fazer um teste na Gávea. No dia 06 de novembro de 1974, Júnior fez sua estreia  no time principal no amistoso contra o Operário-MT, em Cuiabá, que terminou empatado em 2 a 2. Ele substituiu o lateral Humberto Monteiro, fato esse que ocorreu em três dos quatro jogos seguintes, até virar titular na vitória de 3 a 1 sobre o Vasco, em 24 de Novembro, no Maracanã.  

Ele poderia ter escolhido qualquer parte do campo para atuar. Dono de uma grande visão de jogo, eficiente nos passes e lançamentos, chute preciso e um físico privilegiado, começou jogando como volante nos juvenis e só foi improvisado na lateral-direita para ter um espaço no time de cima.  Em 1976, com a chegada de Toninho, do Fluminense, mudou de lado. E foi na lateral-esquerda que se consagrou.  

O paraibano Júnior jogou muito, ganhou muito, inventou muito. Desde que começou criou um estilo próprio de jogar. A facilidade para jogar com as duas penas permitia que apoiasse pela lateral com a mesma naturalidade que cortava para o meio. Ganhou tudo pelo Flamengo.  Nenhum jogador fez mais partidas do que ele com a camisa rubro-negra: foram 876 jogos e 78 gols marcados, em dois períodos – de 1974 a 1984 e de 1989 a 1993. Quando deixou os gamados, Júnior já havia se tornado o recordista de títulos na Gávea: seis estaduais (1974/78/79/79-especial/81/91), quatro brasileiros (1980/82/83/92), uma Copa do Brasil (1990), uma Libertadores e um Mundial (1981).  O título brasileiro de 92 foi especial para Júnior. Comandando uma equipe de jovens, o Vovô Garotão, como era chamado, foi o maior destaque da competição.  

Na Seleção Brasileira principal só chegou em 1979. Cláudio Coutinho, que também dirigia o rubro-negro, dispensou a sua presença no Mundial de 1978, chegando a improvisar, sem sucesso, Edinho na lateral-esquerda, encerrando a competição com Rodrigues Neto, que foi para a Argentina como reserva do zagueiro tricolor. Na volta, Coutinho corrigiu o erro, fazendo de Júnior um de seus principais jogadores no Flamengo e na própria Seleção, onde atuou em 74 jogos, sendo 70 oficiais e 5 gols marcados. Sua geração não teve o privilégio de ganhar uma Copa do Mundo, embora tenha jogado com craques do nível de Zico, Sócrates, Falcão, entre outros, que encantaram o mundo na Copa de 1982, na Espanha. Júnior era o lateral titular e foi eleito o melhor em sua posição na competição. Quatro anos mais tarde, no México, a história se repetiu com Júnior jogando de armador. 


No exterior, não fez feio. Atuou em cinco temporadas na Itália, entre 1984 e 1989, defendendo as cores do Torino e do Pescara. Em 1985 foi escolhido pela imprensa italiana como o melhor jogador do campeonato. Disputou 160 jogos e marcou 19 gols em sua passagem pela Itália.  


Em quase 20 anos de carreira, Júnior mostrou na lateral ou no meio campo, o significado do termo “jogador completo”.  

2 comentários:

  1. Pra mim foi o último legítimo volante do futebol brasileiro. Já em sua época vingava no futebol brasileiro alguns jogadores de pouco ou nenhum talento na posição, apenas especializados em desarmar. Júnior marcava, mas com a bola sob seu domínio, não era burocrático. Ele sabia distribuir o jogo e conduzir sua equipe ao ataque. Poderia tranquilamente ter jogado a Copa de 90.

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  2. Último legítimo representante da espécie "volantes de talento". Sabia marcar e armar seu time. Conduzia seu time ao ataque e crescia nos jogos decisivos. No início dos anos 90, vingavam no futebol brasileiro uns volantes apenas especializados em desarmes, com pouca ou nenhuma criatividade para armar (Mauro Silva, César Sampaio, Bernardo, Galeano, Amaral, Pintado...), mas Júnior nunca foi esse burocrático, ele tinha talento demais e um condicionamento físico invejável.

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