Após dois anos lutando contra um câncer no intestino, Bob Dinamite faleceu em 08 de janeiro de 2023, na capital carioca, aos 68 anos. Sentiu-se mal no dia anterior e foi internado. Ao longo dos últimos meses era nítido que o seu quadro de saúde se agravava dia após dia. As imagens veiculadas nas redes sociais ao lado de ex-jogadores e amigos que foram visitá-lo demonstravam o quanto ele estava sendo castigado por essa doença. Uma das marcas registradas do Roberto era o sorriso estampado em seu rosto. Sorriso esse, que, aos poucos, foi de se desfazendo na luta diária de enfrentamento contra essa doença. Quis o destino que ele nos deixasse em um domingo, dia dedicado ao futebol e que ele, por tantas vezes, explodiu as redes adversárias levando alegria aos torcedores vascaínos e para todos que apreciam aquilo que o futebol tem em sua essência: O GOL.
Roberto não é apenas um ídolo do Vasco. É um dos poucos jogadores que é respeitado e admirado por torcedores rivais, principalmente dos adversários domésticos. Pode-se dizer o mesmo de Zico, seu grande amigo e rival - rivalidade essa apenas dentro de campo. Essa amizade e admiração mútua servem de exemplos para confirmar que, o futebol é um esporte e deveria ser compartilhado entre amigos e desconhecidos, dentro de um ambiente saudável e sem essa violência que tanto nos assusta.
Nascido em Duque de Caxias-RJ, no dia 13 de abril de 1954, pouco
antes de completar 15 anos, em 1969, o menino Carlos Roberto de Oliveira foi
descoberto pelo olheiro Gradim e começou sua carreira de sucesso no Vasco,
jogando na escolinha. Menos de
dois anos mais tarde, nem bem completara 17 anos, o jovem atacante teve as
primeiras oportunidades no time de cima do Vasco, graças ao então técnico
Admildo Chirol. Não foram precisos mais do que dois jogos para que a revelação
fizesse seu primeiro gol entre os profissionais, em jogo pelo campeonato
brasileiro, contra o Internacional.
Impressionado
com a violência do chute que deu ao Vasco o segundo gol na vitória por 2 x 0
sobre o time gaúcho, o saudoso jornalista Aparício Pires, do Jornal dos Sports,
redigiu, no dia seguinte, uma manchete profética: “Garoto Dinamite explode o
Maracanã”. Nascia para o futebol, no dia 25 de novembro de 1971, Roberto
Dinamite.
Na
campanha que deu ao Vasco seu primeiro campeonato brasileiro, em 1974, Roberto
foi o grande comandante da equipe, assinalando 16 gols, que o tornaram artilheiro
da competição – dez anos mais tarde, Dinamite voltaria a ser artilheiro do
Brasileirão, novamente com 16 gols, quando o Vasco perdeu a final para o Fluminense.
Depois de
ser campeão carioca em 1977 e artilheiro em 78 – ao lado de Cláudio Adão e
Zico, ambos do Flamengo, com 19 gols – Roberto ainda ajudou o Vasco a chegar a
mais uma decisão, quando foi derrotado na final do brasileiro de 79, para o
Internacional, antes de ser vendido ao Barcelona, da Espanha. Roberto não se
adaptou ao futebol espanhol e sua breve passagem pela Europa foi frustrante em
todos os aspectos. Foram 8 jogos e 3 gols marcados.
Depois de
quase ter sido contratado pelo Flamengo, o Vasco acabou trazendo o seu ídolo de
volta, poucos meses depois da despedida. E esse retorno não poderia ter sido
melhor. No reencontro com o Maracanã, enfrentando o Corinthians pelo Campeonato
Brasileiro de 1980, Dinamite levou a torcida ao delírio, ao marcar os cinco
gols da vitória vascaína. Foi artilheiro do certame estadual em 1981, com 31
gols, e campeão carioca em 1982.
Ainda em 1982,
convocado para disputar sua segunda Copa do Mundo – estivera na Argentina, em
1978 – o atacante acabou não sendo escalado em nenhum jogo por Telê Santana, o
que lhe causou, segundo ele, a maior mágoa da carreira. A sua participação na
Espanha foi substituindo o atacante Careca, cortado antes de iniciar a
competição por lesão. Na Copa de Argentina Roberto marcou 3 gols. Os seus
números na Seleção são os seguintes: 47 jogos e 25 gols, sendo 38 oficiais e 20 gols.
Com 12
gols foi artilheiro do carioca de 1985. Roberto Dinamite ajudaria o Vasco a
conquistar o bicampeonato estadual, em 1987/88, fazendo dupla com Romário,
antes de sofrer, ainda em 88, uma grave contusão que o afastou da equipe e fez
com que muitos diagnosticassem precocemente o fim da carreira do ídolo.
Depois de
enfrentar uma longa recuperação, Roberto foi emprestado à Portuguesa de
Desportos – 14 jogos e 11 gols, e ao Campo Grande – 14 jogos sem marcar nenhum
gol. Predestinado a ser campeão pelo Vasco, voltou a São Januário e, novamente
efetivado no comando do ataque, sagrou-se campeão estadual de 1992, invicto,
último título de uma brilhante carreira. Pelo Vasco foram 1.022 jogos e 617
gols marcados como profissional. Ainda é o maior artilheiro da história do Campeonato Brasileiro, desde 1971, com 190 gols, e também do Campeonato Carioca, com 284 gols, seguido por Zico (239) e Romário (233).
Em março
de 1993, Roberto despediu-se do futebol em amistoso contra o Deportivo La
Coruña, no Maracanã, jogo para o qual convidou o eterno adversário e grande
amigo Zico, que acabou vestindo a camisa do Vasco e participando do jogo. Estava
encerrada a carreira do maior ídolo e artilheiro da história do Vasco da Gama. Assim Roberto definiu a sua trajetória no futebol: "Não era uma Brastemp, do nível de Zico e Reinaldo, mas eu fazia gols."
A sua passagem na presidência do Vasco - que não foi das mais felizes, pelo contrário, foi uma decepção por tudo que se esperava - não pode macular sua trajetória dentro de campo. O Roberto jogador
é um ídolo e o Roberto dirigente não deixou boas recordações. No entanto, a serenidade é necessária para distinguir as duas funções.
Nota: texto publicado originalmente em novembro de 2016 e editado em janeiro de 2023.
Um texto tão bem escrito, com fotos do homenageado pelos clubes que passou muito legal, bem ao modo Blog do Tadeu Miracema, mas no final um parágrafo e uma foto sem a menor necessidade.
ResponderExcluirUma lembrança de agradecimento ao ídolo do time adversário e de muitos brasileiros, que com muita simplicidade aceitou o convite sem fazer nenhuma restrição. Esse é o Zico!
ExcluirEsses vascaínos tem uma coisa com o Zico que não dá pra entender. Rssss
ResponderExcluirJá esperava por esse comentário. Coisa de Sefinho. rsss
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