No segundo filme da franquia "De Volta para o Futuro" (1989), Doutor Brown abastece o
De Lorean usado para viajar no tempo com lixo doméstico (casca de banana,
cerveja e a lata em si...), por meio de um dispositivo instalado no próprio
veículo, chamado de "Senhor Fusão". Na trama, o cientista havia
trazido o equipamento para converter dejetos em combustível diretamente do
futuro: naquele caso, de 2015.
Pois a ficção antecipou
a realidade: agora, em 2017, ainda não dá para colocar uma casca de banana no
tanque e sair rodando, mas já existe tecnologia no Brasil para gerar
combustível automotivo de gases de esgoto, do lixo, de restos de alimentos,
resíduos da agricultura e até de titica de galinha. Trata-se do biometano,
versão refinada do biogás, que é extraído de matéria orgânica em decomposição
por meio de equipamentos chamados de biodigestores.
O biometano pode
abastecer qualquer veículo com kit de GNV, que você já conhece. Mas,
diferentemente do gás natural veicular, que tem origem fóssil como a gasolina e
o diesel, o biometano é 100% renovável.
De acordo com o
CIBiogás (Centro Internacional de Energias Renováveis/Biogás), o biometano pode
reduzir em até 90% as emissões de poluentes na comparação com a gasolina. Seu
uso previne ainda o lançamento de metano na atmosfera, um dos vilões do
aquecimento global (o outro é o CO2). O abastecimento do biometano em
automóveis já tem uma regulamentação geral elaborada pela ANP (Agência Nacional
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) desde fevereiro de 2015. Mesmo
assim, ainda não é oferecido nos postos de combustível no país.
Por enquanto, apenas o
biogás -- utilizado para geração de energia térmica e elétrica -- já é uma
realidade, mas que também tem muito a crescer no Brasil. Esse combustível
sustentável já está em testes em indústrias e empresas e vai chegar ao mercado
em breve. A Sulgás (Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul), por
exemplo, anunciou em janeiro que lançará, durante os próximos meses, uma
chamada pública para aquisição de até 200 mil metros cúbicos por dia de
biometano, que será comercializado.
Enquanto isso, algumas
empresas do Brasil já trabalham para produzir biometano e abastecer parte dos
seus automóveis. Uma delas é a Sabesp (Companhia de Saneamento do Estado de São
Paulo), e outra, o complexo hidrelétrico Itaipu Binacional, em Foz do Iguaçu
(PR).
A Sabesp será a
primeira do país a produzir biometano exclusivamente a partir do lodo que
resulta do tratamento de esgoto, na unidade de Franca, no interior paulista. A
produção começa em meados deste ano e conta com parceria do Instituto
Fraunhofer, da Alemanha, que cedeu o equipamento necessário para converter o
biogás resultante do esgoto em biometano. Essa tecnologia remove impurezas do
biogás para aumentar a concentração do metano para acima de 96%, atendendo às
especificações da ANP para uso veicular.
BOL Notícias
Nota do blog: mer... é o que não falta por aqui.
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