Domingos Antônio da Guia nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de novembro de 1912. Zagueiro de estilo clássico, técnica refinada, excelente marcador, perfeita noção de colocação, raramente dava chutões, preferindo sair driblando os adversários dentro da área. Aos 20 anos, já era chamado de “El Divino Mestre”, apelido que os uruguaios lhe deram quando defendeu o Nacional de Montevidéu. Com essa idade já atuava no exterior, uma raridade naqueles tempos.
Não
seria exagero dizer que Domingos da Guia foi o zagueiro mais reverenciado do
futebol brasileiro no século 20. Domingos é o símbolo de uma época em que o futebol arte
começou a ser forjado. Tentar driblá-lo era tarefa quase impossível, pois tinha
capacidade de antever as jogadas.
Sinônimo de futebol espetacular, o nome do zagueiro acabou entrando para o dicionário do futebol como "domingada", jogada arriscada na qual o beque sai driblando pela área. Mas, com o tempo, a "domingada" ganhou uma conotação pejorativa.
É
uma unanimidade e considerado um
dos melhores zagueiros de todos os tempos do futebol mundial. Era pai do também craque
Ademir da Guia, que brilhou no Palmeiras. Conseguiu a façanha de ser respeitado
em três países diferentes da América do Sul – além do Brasil, Uruguai e
Argentina. Sua ligação com o Bangu é tão grande que seu nome é citado no hino
do clube, para o qual retornou e encerrou a carreira em 1950.
Nos oito anos que
vestiu a camisa rubro-negra, pelo qual se consagrou definitivamente, o saldo
foi amplamente favorável. Domingos foi um jogador fundamental nas três
conquistas do carioca. Quando tinha 32 anos, apesar da forte resistência da
torcida, foi vendido para o Corinthians. No Parque São Jorge ele também brilhou, mesmo
não conquistando nenhum título paulista.
Atuou no Bangu - 133 jogos e 3 gols, Nacional - 33 jogos (campeão uruguaio em 1933), Vasco - 64 jogos (campeão carioca em 1934), Boca Juniors - 56 jogos (campeão argentino em 1935), Flamengo - 227 jogos (campeão carioca em 1939, 1942/43) e
Corinthians - 116 jogos. Vestiu a camisa do Brasil em 30 jogos, sendo 25 oficiais, e disputou a Copa do Mundo de 1938.
A causa de sua morte, ocorrida em 18 de maio de 2000, aos 87 anos, no Rio de Janeiro, foi um derrame
cerebral.
Quando de seu falecimento, Mestre Zizinho, amigo e ex-companheiro de Domingos no Flamengo e Seleção, escreveu uma crônica no jornal Extra, que transcrevo a seguir:
"O que Pelé fazia no ataque, ele fazia na zaga."
O rubro-negro José Lins do Rego dizia que o Domingos era um intelectual de calção e chuteira; Gilberto Freyre comparou-o a Machado de Assis. Eu, que tive o prazer de jogar ao seu lado por muitos anos, vou mais longe. Domingos foi o Pelé do seu tempo. Ele fazia coisas fantásticas na zaga, como o Pelé no ataque.
Numa época em que ao zagueiro só cabia rebater bolas, o Da Guia descobriu que poderia fazer o mesmo que os jogadores de ataque: jogar bonito na defesa, sem se importar com a fama do atacante. O que foi apelidado de "domingada".
Lembro de um Fla-Flu que o Tim, exímio driblador, estava frente a frente com ele. Entre os dois, a bola. Tim viu que seria impossível passar e começou a recuar para o seu campo. Com Da Guia às suas costas. Sem ter como tentar o drible, Tim chutou a bola para a arquibancada.
Num encontro com Maspoli, Gigghia e Obdulio Varela, campeões mundiais em 50, ouvi uma história contada pelo Obdulio. Ele disse que a contratação do Domingos, em 1933, pelo Nacional, sofreu restrições. Por que um brasileiro se temos o Nasazzi, campeão mundial em 30? - perguntavam os uruguaios.
Mas, segundo Obdulio, bastou o jogo de estreia para que Domingos mostrasse a sua genialidade. "Vi que Nasazzi não era nada diante do Domingos", disse-me Obdulio, acrescentando: "Eu e o mundo jamais veremos um zagueiro como Domingos".
Domingos, que foi campeão pelo Nacional, não encantou somente os uruguaios. Em 1934, voltou ao Rio e foi o destaque na campanha do Vasco, campeão de 1934. O Boca Juniors da Argentina, em 1935, não mediu esforços e o contratou a peso de ouro. E teve retorno: foi o campeão argentino.
A fase mais brilhante da sua carreira foi no Flamengo, onde conquistou o título de 1939 e o bicampeonato em 1942/43. E nesse período, tive o prazer de estar ao seu lado.
Parça Tadeu, tenho 6.8 e faço 6.9 em janeiro de 2021 e ñ tive o PRIVILÉGIO de ver o DIVINO MESTRE jogar. + meu "velho" e SAUDOSO Pai me dizia q o DIVINO MESTRE desarmava e driblava os atacantes c/uma facilidade INCRÍVEL e qdo era driblado NÃO era DESLEAL. Esse SIM, jogava de TERNO, dizia meu "velho" e SAUDOSO Pai!!!🤔🤔🤔
ResponderExcluirNão o vi jogar. Quando tinha 10 anos, vi Mauro Ramos de Oliveira chegar ao São Paulo e brilhar desde seus 18 anos. Uma observação recorrente sobre seu estilo era de que fazia lembrar Domingos. Marcador implacável e senso perfeito de posicionamento em campo, não cometia faltas, o que irritava muitos torcedores, que o queriam mais agressivo. Para quê? Ele não precisava disso.
ResponderExcluirNo final dos anos 70 ou início dos 80 fui fiscalizado por ele na minha loja na Tijuca, foi um auditor fiscal (ICM), sempre muito educado e orientava o comerciante.
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