terça-feira, 27 de junho de 2017

TELEFÉRICO DO PÃO DE AÇÚCAR, PROJETADO E CONSTRUÍDO POR UM PADUANO


O “Caminho Aéreo do Pão de Açúcar“, o cartão postal símbolo do Rio de Janeiro e do Brasil, ligando os morros da Urca ao do Pão de Açúcar, foi projetado e construído pelo engenheiro brasileiro, natural de Santo Antônio de Pádua (RJ), AUGUSTO FERREIRA RAMOS (1860-1939).

O paduano Augusto Ferreira Ramos, nascido no distrito de Monte Alegre, homem com visão privilegiada, à frente do seu tempo, possuía um currículo vasto e invejável. Além do Teleférico do Pão de açúcar era um grande especialista no cultivo e aproveitamento do café, com vários trabalhos publicados no Brasil e no exterior. Formou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro e, desde 1894, foi professor da mesma instituição em São Paulo.

A inspiração para o revolucionário projeto de engenharia surgiu durante a Exposição Nacional de 1908, realizada aos pés do Morro da Urca (RJ), comemorativa ao Centenário da Abertura dos Portos, tendo sido, inclusive, um dos coordenadores. Pela sua ideia original Augusto Ramos recebeu elogios e incentivos de importantes personalidades da época, inclusive do próprio Barão do Rio Branco. Como não era abastado, conseguiu convencer pessoas da alta sociedade a investir no ousado empreendimento.

Entre os investidores, estão nomes de famílias ilustres como o industrial Manuel Antônio Galvão, Candido Gaffrée, Eduardo Guinle e Raymundo Ottoni de Castro Maya. Em 1912, o engenheiro dividia a direção do negócio com o comendador Fridolino Cardoso.

A Companhia Caminho Aéreo Pão de Açúcar foi aberta com um capital de 360 contos de réis, e a construção do teleférico custou dois milhões na mesma moeda. Para se fazer uma comparação, a bela Ponte Raul Veiga construída pelo Governo, em Pádua (RJ), no ano de 1922, teve um custo de 1.000 contos de reis. Parte do dinheiro veio do café. Como o país não possuía indústrias que fabricassem teleféricos buscou-se uma solução no exterior. Foi contratada a empresa J.Pohling, em Colônia, na Alemanha, que fabricou e montou os equipamentos.

A inauguração aconteceu em 27 de outubro de 1912, tendo sido inclusive visitada oficialmente vinte dias depois, pelo Presidente da República, Hermes da Fonseca. O teleférico do Pão de Açúcar foi o primeiro das Américas e o terceiro do mundo! 

Augusto Ramos atuou em diferentes frentes na virada do século XIX:  no ramo do café, como autor de importantes trabalhos sobre o seu cultivo e comercialização; na construção de usina de açúcar, de fábricas de cimento e papel, de uma hidrelétrica no Vale do Itapemirim, e de uma das primeiras estradas de ferro elétricas do país, no Espírito Santo; na retificação de trechos de rios na Bahia; em obras de saneamento em Curitiba e Vitória.

Sua memória há de perdurar no reconhecimento dos brasileiros, como a de um filho que soube viver o sonho de grandeza de sua terra e de sua gente.

Por João Baptista Fonseca, da Série ECOS DO PASSADO.  

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