Nascido em Alegrete,
RS, em 03 de julho de 1917, João Alves Jobim Saldanha, chegou ao Rio de Janeiro
aos 14 anos e logo se apaixonou pela nova terra. Escolheu o Botafogo como seu time do coração. “João sem Medo”, como ficou conhecido, dizia
sempre o que entendia, numa época em que os comentaristas costumavam poupar
jogadores, técnicos e dirigentes de críticas mais duras. Conquistou muitos fãs
e desafetos.
Para aqueles que
desconhecem, João Saldanha era o técnico do Botafogo campeão carioca de 1957. Ele
até tentou ser jogador, nas categorias de base do próprio Botafogo, mas
desistiu, para o bem do jornalismo.
Sua carreira de
comentarista teve início ainda em 1957, quando trabalhou na transmissão do
Campeonato Sul-Americano, de Buenos Aires, ao lado de Jorge Curi, na Rádio
Nacional. O que era um convite temporário transformou-se em um grande sucesso. A
partir daí, Saldanha passou a trabalhou em diversos meios de comunicação: Rádio
Mayrink Veiga, Guanabara, Continental, Globo e Jornal do Brasil. Escreveu por
muitos anos uma coluna que ganhou grande projeção no jornal Última Hora. Na
segunda metade dos anos 60, participou ainda de mesas redondas na TV Globo,
junto de personalidades como Nélson Rodrigues e Armando Nogueira.
Em 1969, o então
presidente da CBF, João Havelange, ofereceu o comando da Seleção Brasileira a
Saldanha. A jogada imaginada pelo dirigente era de poupar a Seleção das
críticas, pois os jornalistas não ousariam em descer a lenha num colega de
profissão. A estratégia não funcionou logo de cara como se imaginava. A imprensa paulista, por exemplo, só deu
tréguas depois das grandes atuações do timaço montado pelo Saldanha. O
cronista-treinador classificou o Brasil para a Copa do México, mas todos sabem
que não comandou a equipe no mundial.
Motivos não faltaram, e
um deles foi a recusa em convocar o atacante Dario, conforme “pedido” feito
pelo então Presidente da República Emílio Garrastazu Médici. Saldanha teria
dito: “O Presidente cuida do Ministério dele, que na Seleção mando eu”. Acrescentaram
também que Saldanha, comunista de carteirinha, quis é peitar o governo militar.
Assim como o fato ocorrido com Ronaldo Fenômeno na Copa de 1998, na França,
sempre pairam dúvidas sobre essas histórias ocorridas nos bastidores.
Seu gênio forte e explosivo também marcou sua passagem na Seleção. Certa vez, irado com as críticas de Iustrich, ex-técnico do Flamengo, Saldanha foi procurá-lo na concentração do clube com um revólver em punho, mas não o encontrou. "Fui fazer uma visita de cortesia", ironizou mais tarde.
João Saldanha voltou à
crônica esportiva com um brilho ainda mais intenso. Cobriu a Copa do Mundo de
1974 pela Rede Globo e pelo jornal O Globo. Nesse mesmo ano, voltou para o jornal Última Hora, onde permaneceu por dois anos, até se transferir para o Jornal do
Brasil. Trabalhou ainda na Rádio Globo, com os ícones Jorge Curi (com quem
trabalhou nos anos 50) e Waldir Amaral. Cobriu a Copa de 1986, no México, e a
de 1990, na Itália, pela extinta TV Manchete.
Saldanha era primo por parte materna do compositor Tom Jobim e filho de Gaspar Saldanha, deputado constituinte de 1934. Além do que já foi mencionado acima, João foi escritor e também um ativista político.
Quis o destino que
Saldanha nos deixasse em um evento esportivo da magnitude de uma Copa do Mundo,
de 1990, na Itália, e trabalhando. A
semifinal entre Argentina e Itália foi o último jogo que acompanhou, cobrindo
sua 13ª edição de uma Copa do Mundo. Muito debilitado devido ao vício do
cigarro, João Saldanha morreu em Roma, na Itália, no dia 2 de julho, de edema pulmonar agudo, exatamente da maneira que desejava: cobrindo uma Copa do Mundo. A lucidez não o abandonou nem na hora de prever a morte. Alguns dias antes de viajar deu a seguinte declaração: "É minha última Copa. Se morrer, que seja em Roma". Cobrir o Mundial foi imposição própria. Foi seu último desejo.
O que eles disseram...
"Saldanha foi um homem autêntico e sincero. Era uma pessoa ímpar" (Tostão);
"Trata-se de uma legenda do futebol que nunca terá substituto" (Zagallo);
"Ele tinha a virtude de falar tudo de frente, não se importando a quem doesse" (Gérson Canhota);
"Um catedrático que resgatou o prestígio do futebol brasileiro" (Jairzinho);
"Eram incríveis as tiradas inteligentes do João Saldanha, sobre todos os assuntos" (Carlos Alberto Torres);
"Apesar das injustiças que sofreu, ele sempre brigou em prol dos jogadores" (Nilton Santos).
Seu estilo "curto e grosso" rendeu frases marcantes:
- "O presidente que escale seu Ministério, enquanto eu escalo a Seleção Brasileira"
- "Se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano terminaria sempre empatado"
- "Para a Copa de 1970, levei Santos, Botafogo e Cruzeiro à falência. Mas formei um timaço"
- "Ame-o ou deixe-o, uma ova. Se pagassem as passagens, não ficaria mais ninguém aqui"
- "A direção do nosso futebol é tão picareta quanto o governo Sarney"
- "Nunca disse que Pelé era míope. Não sou burro nem idiota, nem oftalmologista"
- "Do jeito que o Brasil está jogando, todo jogo é duro. Contra Bolívia ou contra Alemanha"
Zé Carlos,Perivaldo da Pituba,Osmar Guarnelli, Renê e R.Neto, Carbone e P.Cesar Lima, Búfalo Gil, Dé, Nilson Dias e Mário Sérgio essa era a escalação do Botafogo em 1977.....certo dia o Saldanha disse que só faltava ele ser o técnico.
ResponderExcluirE o Antônio Lopes, o delegado, como auxiliar técnico. rsss
ExcluirRenato Sá, Braulio e Mendonça também faziam parte desse elenco que era chamado de Time Camburão.
ResponderExcluirSaldanha caiu por ser mentiroso. Foi tarde. Zagallo fez a seleção jogar com a melhor formação.
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