terça-feira, 26 de setembro de 2017

A COLONIZAÇÃO SÍRIO-LIBANESA NO NOROESTE FLUMINENSE


Extraído do site do INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS (RJ)

Os sírio-libaneses, costumeiramente denominados “turcos” em razão de terem a Turquia como porta de saída do Oriente, pois lhes fornecia o passaporte de emigração, são os estrangeiros que mais se adaptaram aos nossos costumes, possivelmente pela docilidade de temperamento, por professarem a mesma religião, serem pacientes e adotarem, em definitivo, a nova terra como a pátria, destruindo qualquer intenção de retorno à terra de origem.

Aqui deram os primeiros ensaios como imigrantes efetivamente a partir do início do século XIX e, com o desenvolvimento da cultura cafeeira, fortaleceram a corrente migratória para o Brasil. Descendentes dos fenícios, comerciantes natos como os antepassados, tinham facilidade para mercancia.

Ao aqui chegarem, muitos deles, com um baú às costas, cortando várzeas, vencendo morros, atravessando córregos e rios aproximaram-se das fazendas onde, de início, com fala não inteligível expunham suas mercadorias.

Posteriormente, após algumas economias, “o bom turco” adquiria um burrico para varar o longo e penoso percurso, e lá ia ele à frente puxando o animal, agora não mais com miçangas, botões, alfinetes, agulhas, colchetes, dedais, fitas, ligas, elásticos, meias, grampos para cabelos, espelhos, sabonetes, extratos e outros artigos de toucador, como nos primeiros tempos, mas com tecidos finos como seda, lingerie, organza, organdi, linho, cambraia, voil, crepe, tafetá, rendas guipir e richelieu, tudo que o apurado gosto exigia. As vendas eram certas e o pagamento, ainda que a prazo, “era dinheiro contado”, pois “o calote”, era palavra inexistente na cartilha dos compadres. Depois de algum tempo, outro animal era adquirido, desta feita para sua montaria.

E assim, numa faina incessante, durante anos no “mascate”, conseguia “o turco” amealhar algum dinheiro para, afinal, se fixar numa vila distrital, principalmente em zona cafeeira de grande população e circulação de riqueza visível. Numa casinha modesta com poucos cômodos, mas com terreno suficiente para ampliação se estabelecia o “filho do Líbano” com sua família. Era o raiar de uma nova vida.

Ele não ficaria mais tantos dias ausente e distante da esposa e haveria, doravante, de ter tempo para dispensar aos filhos, inclusive com a educação. Quanto à alimentação, embora já estivesse ele adaptado ao paladar nacional, sua mulher poderia oferecer-lhe refeições que o fizessem recordar de Richi Maya, Tiro, Sídon e Beirute – como as saladas de pepinos “ao vinagrete”, cortados ao comprido; as coalhadas secas, regadas ao azeite de oliva, saboreadas com nacos de pão; a esfirra de acelga ou carne moída; o quibe cru com bastante cebola e hortelã – frito ou assado, o último denominado “de bandeja”; hamis; tabule; kafta e outras iguarias que o fartavam ao ponto de, após o regalo tirar um breve cochilo, e se refazer para dar continuidade às suas atividades.

Costumeiramente “o turco” dava ao estabelecimento o seu próprio nome, v.g. “Casa Mansur”, “Casa Simão”, “Casa Maron” e “Casa Karin” ou o consagrava com o nome do santo de sua devoção: “Bazar São Jorge”, “Bazar São João”, “Bazar Santo Antonio”, “Bazar São Miguel”, entre outros e, ali, o sortimento de tecidos, ferragens, louças, chapéus, armarinhos e secos e molhados, refletia a sua abastança patrimonial. Quando o colono, sitiante ou fazendeiro se deslocava para realizar algumas compras na vila, a “matriarca” logo ingressava no ambiente e, após cumprimentar o freguês, dizia de plano: “gombadre, brimeiro gomer debois faz gombras”, onde era ele, de maneira gentil, conduzido para uma farta mesa existente no interior do imóvel com inúmeras guloseimas ostentando dois grandes bules de ágata com leite e café.

Esses libaneses que contribuíram para a colonização de nosso país tornaram-se grandes compradores de café, comerciantes ou industriais e muito de seus descendentes ocupam hoje lugar de destaque em diversas atividades públicas e privadas, orgulhando-nos, bem como aos seus ancestrais.

REGIÃO NOROESTE

Bom Jesus do Itabapoana
Abdalah, Adib, Alli, Antonio, Aride, Assad, Bomeny, Bussad, Chaloub, Chebe, Chicle, Couze, Crissaff, Curi, Cury, Daruich, Aud, Eid, Elias, Elkik, Faial, Farid, Felício, Felippe, Felix, Feres, Gazem, Habib, Hette, Hobaica, Jabour, João, Jorge, Kalil. Karim, Kastor, Lahud, Mansur, Maron, Melhim, Miguel, Mouzi, Naciff, Nagib, Namen, Nassar, Ourique, Paulo, Kiffer, Quirino, Rachid, Saad, Said, Saleme, Salim, Salomão, Tabet, Tannus, Tebet, Tuffi, Turques, Ximenes.

Cambuci
Buissa, Gazal, Jorge, Kiffer, Latuf, Nametala, Namen.
Itaperuna
Bussad, Chacour, Chaia, Chaie, Chaquer, Chequer, Farah, Farid, Feres, Gazal, Haman, Latif, Latuf, Mansur, Maron, Merchid, Nabi, Nacif, Nefa, Salim, Tuffi.

Itaocara 
Alexandr e, Ameis, Antonio, Bechara, Buissa, Curi, Cury, Daib, Farid, Felix, Gazen, Jorge, Kiffer, Latif, Maron, Miguel, Nacif, Namen, Saad, Salim, Salomão, Sarruf, Tuffi, Wagaleir.

Miracema
Amin, Assad, Buissa, Cacheado, Chacourr, Chaia, Chiclala, Farid, Felix, Nacib, Nacif, Namen, Nametala, Neder, Rachid, Salim.

Santo Antonio de Pádua
Assef, Bendia, Chain, Chiclala, Daher, Elias, Hainborque, Haikal, Jasbick, Jorge, Kelly, Man sur, Massaud, Nacif, Richar, Sader, Simão.

FONTE: Autor - Dr. Antônio Izaias da Costa Abreu – Titular da Cadeira Nº 3 do Instituto Histórico de Petrópolis (RJ), e com informação de João Baptista Fonseca. 

10 comentários:

  1. Os Damian em Miracema. Meu avô é original de fábrica de origem Libanesa e se chamava Salim Damian.

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    1. Apesar da excelente pesquisa que resultou nessa matéria, com toda certeza uma ou outra família ficaria de fora. Aqui em Miracema também tem os Joukhadar, da Casa do Quibe. Eles vieram depois, mas é justo acrescentar. Valeu Sefinho!

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  2. Olá, procuro um amigo conhecido como Said, estudou prótese dentária comigo em Niterói, aconteceu um acidente com ele e nunca mais o vi. Queria resgatar a amizade.

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  3. Bom dia! Conheço ele, apesar de não ter intimidade, e ao que parece não está morando em Miracema. No entanto, sou amigo de seu cunhado e vou procurar saber detalhes e passar pra vc. Assim que tiver notícias deixo o recado por aqui.

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  4. Sou nascida em Padua,mha familia por parte de pai veio da Síria, meu pai tha 2 anos de idade.Famia karim ,th um tio chamdo Jorge irmao do meu pai.Gostaria de saber se alguem conheceu alguem dessa familia em Padua.Mha mae nao falava nada da familia paterna.Th tio que morava em Copacabana.Estou a proucua do meu passado.

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  5. Minha avó materna veio do Líbano. Seu sobrenome era Buchaul. Veio casada com meu tio João Miguel. Alguém conhece desses dois sobrenomes: Buchaul e Miguel. Esse últimos têm muitos em Miracema. Mas eu gostaria de saber dos meus abtepa
    eu

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  6. Gostaria de saber se conhecem alguém de nome Buchaul, família da minha avó manteria. Não sei de que cidade. Agradeço

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    1. Minha avó materna era Buchaul. Meu bisavô Nametala. Sei que vieram do Norte Fluminense mas os conheci estabelecidos e morando no Rio.

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  7. Nedi El kik Damasceno. Moro em Miracema, onde temos muitas famílias de origem libanesa. Gostaria de saber se alguém conhece algum membro da Família Buchaul, esse era o sobrenome da minha avó materna. Agradeço

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    1. Conheço tudo sobre a história dos Buchaul desde o Líbano até o Brasil, sua avó deve ser Latife, irmã de meu bisavô.

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