sexta-feira, 9 de julho de 2021

PAULO VALENTIM: O TRISTE FIM DE UM ARTILHEIRO

 


PAULO Ângelo VALENTIM foi um atacante de estilo trombador, mas inteligente, de marcante presença na área e raro sentido de oportunidade. Nascido em Barra do Piraí-RJ, em 20 de novembro de 1932, Paulinho faz parte do seleto grupo de grandes atacantes da história do Botafogo, sendo também um de seus principais artilheiros. João Saldanha foi o responsável por trazê-lo do Galo. Na final do Campeonato Carioca de 1957, na vitória do Botafogo por 6 a 2 contra o Fluminense, Paulo Valentim foi o autor de cinco gols, com direito a um de bicicleta.


Atuou no Central de Barra do Piraí (RJ), Guarani de Volta Redonda (RJ), Atlético Mineiro (bicampeão mineiro em 1954/55), Botafogo – 206 jogos e 135 gols (campeão carioca em 1957), Boca Juniors – 115 jogos e 71 gols (campeão argentino em 1962 e 64), São Paulo – 10 jogos e 4 gols (foi titular durante algumas rodadas do Campeonato Paulista de 1965) e Atlante/México, onde encerrou a carreira. Quando veio para o São Paulo, aos 33 anos, já estava em declínio em decorrência da vida boêmia.


A sua passagem pelo futebol argentino foi marcante e fez dele um ídolo da exigente torcida do Boca. O ex-atacante é reverenciado com o seu nome na Calçada da Fama do time portenho. A sua transferência para a Argentina veio logo após a brilhante participação com o Brasil no Sul-Americano de 1959, disputado em Buenos Aires. Nessa competição foi a sua única passagem vestindo a camisa da seleção, marcando 5 gols em 5 jogos oficiais.


Teve um final de vida muito triste, pois morreu pobre e doente – excesso de cigarro e bebida – na capital Argentina, vítima de problemas de coração e hepatite, em 9 de julho de 1984,  ainda muito novo, aos 51 anos. Paulo Valentim foi casado com Hilda, que inspirou o romance Hilda Furacão e a minissérie na Rede Globo.


Nota: transcrevo abaixo uma reportagem da revista Esporte Ilustrado, de setembro/1956.


O NOVO PAULINHO DO BOTAFOGO...


O futebol carioca está cheio de "Paulinhos". Há um no Flamengo, outro no Fluminense, enfim, um clube que se preze tem que ter, hoje em dia, um Paulinho em suas fileiras. Por isso, o Botafogo, que já tinha um Paulinho, mas que não acertou e, portanto, teve o seu nome incluído no rol daqueles que seriam vendidos, tratou de arranjar um novo Paulinho. Por sinal, havia um, em Minas, que se projetava como goleador  emérito e que, por isso mesmo, fôra incluído no "scratch" da CBD que foi a Assunção disputar a Copa Osvaldo Cruz. O Botafogo não perdeu tempo, mandou logo um emissário a Belo Horizonte , o Sr. João Saldanha para negociar com o Atlético o passe daquele que parecera ser o mais indicado para ocupar o posto de centroavante do quadro de Zezé Moreira. Dele se tinham boas informações: era peitudo, entrão, cabeceava bem e sabia como bem aproveitar as oportunidades. Era um centroavante nos moldes da preferência do treinador, do tipo do homem que ele precisava para ficar lá na frente lutando com os zagueiros e tentando o "goal". O alvinegro desembolsou na ocasião Cr$ 1.000.000,00 pelo passe, tendo o jogador ficado com Cr$ 200.000,00, pois como bom mineiro, Paulinho já havia segurado o seu, por força de uma cláusula no contrato com o Atlético, segundo a qual, 20% do seu passe seria em seu benefício. 

Paulo Valentim - este o seu nome - nasceu em Juiz de Fora, aos 20 dias de novembro de 1932. Começou a jogar futebol nas "clássicas" peladas. Quando rapazola ainda foi para Barra do Piraí, onde teve oportunidade de ingressar num time organizado e que jogava de chuteiras. Era o Central E.C., onde ocupava a posição de ponta direita. Depois, aceitando um promissor convite de um amigo, transferiu-se para Volta Redonda, onde foi-lhe dado um emprego na Cia Siderúrgica Nacional, ao mesmo tempo que ingressava no Guarani, um dos mais poderosos quadros de futebol da cidade do aço, tornando-se profissional, pois o clube lhe pagava ordenado, bicho, gratificações, tudo numa média mensal de Cr$ 3.000,00. Em 1954, foi para o Atlético Mineiro, tendo como técnico Ondino Vieira. Nessa época, ainda ocupava a posição de ponta direita. Entretanto, quando o "coach" uruguaio cedeu o posto a Ricardo Diez, este, como uma das primeiras providências, fez uma experiência com Paulinho no comando do ataque. Não é necessário dizer-se que ele aprovou e se projetou, até, como um dos melhores na posição. Nos "carijós" foi bicampeão nas temporadas 54-55.


Minhas considerações: Paulo Valentim é mineiro ou nasceu em solo Fluminense? Há de se fazer o registro que seu pai, Joaquim Valentim (o Quim), jogava em Juiz de Fora quando de seu nascimento. Quim, que era zagueiro, também jogou no Atlético Mineiro e encerrou a sua carreira com 40 anos, jogando no Central e no Royal de Barra do Piraí. Levando-se em conta as informações ora mencionadas, cheguei à conclusão que Paulo Valentim nasceu em Juiz de Fora, apesar de todas as menções de Barra do Piraí como sua cidade natal. 


2 comentários:

  1. Lembro muito bem de Paulo Valentim, principalmente, naquele 6x2 contra o Fluminense em 1957. O pessoal de Fluminense andava com foguetes na Rua, para comemorar o campeonato carioca. Decepção, o Botafogo foi campeão com 5 gols de Paulo Valentim. Quanto ao Romance de Roberto Drummond, incluindo, Hilda Furacão e Paulo Valentim, não tenho lembrança, apesar de ter ido morar em Belo Horizonte, em 1962 e frequentava a Zona Boêmia.

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  2. Cheguei a vê-lo jogar no São Paulo em Manaus (1965) num jogo amistoso contra um combinado local. O São Paulo ganhou de 6x0 com direito a gol de Valentim. Lembro que jogoram o Raul - que depois foi pro Cruzeiro/Flamengo - Osvaldo Cunha, Dias, Tenente, Penachio...

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