quarta-feira, 17 de novembro de 2021

ZEQUINHA: MAIS UM CRAQUE DE LEOPOLDINA PARA O MUNDO DA BOLA...

 


Por João Gabriel Baía Meneghite (MEMÓRIA LEOPOLDINENSE)

 

José Márcio Pereira da Silva (Zequinha), ex-jogador de futebol (Ribeiro Junqueira, Flamengo, Botafogo, Grêmio, São Paulo e Seleção Brasileira), Economista (PUC-Rio Grande do Sul), nasceu em Leopoldina-MG no dia 17 de novembro de 1949, na Praça da Bandeira, e passou a infância na Meia Laranja. Filho do Sr. Zé da Antônia e dona Cola, irmão de Adilson, Marilene, Marli e Marcinha. 

 

Como o time do Palmeirinhas se destacava na cidade ao longo dos anos, transformaram-no em time Juvenil do Ribeiro Junqueira. Jovem, Zequinha ia todos os dias ver o time profissional do Ribeiro Junqueira treinar e ficava observando os mais velhos Onalde, Popota, Zé Roberto, Derlei, Roll, Ronaldo França e outros que para Zequinha eram os craques no qual se inspiravam em seus lances e dizia: "Eu quero fazer igual esses caras fazem", referindo-se aos chutes fortes, domínio de bola e outras habilidades que os jogadores do time profissional faziam.

 

Foram essas dentre várias passagens de Zequinha em Leopoldina que foram reveladas em entrevista ao Jornal Leopoldinense no Ar da Rádio Jornal AM. Com emoção nas palavras, ele falou pausadamente a seguinte frase sobre a sua infância: "Desejo o tipo de infância que tive em Leopoldina para qualquer criança no mundo". Após se destacar no time juvenil na década de 60, Zequinha foi convidado pelo então técnico do Ribeiro Junqueira, Getúlio Subirá, para fazer parte da equipe principal do time no qual jogou algumas partidas onde era reserva do ponta direita Arnoldo.

 

Em diversas viagens pela região, Zequinha demonstrou o seu futebol arte e foi em um jogo contra a Seleção do Rio de Janeiro, no dia 03 de Janeiro de 1965, na cidade de Leopoldina, que se deu início a brilhante carreira do "Zeca Diabo". A Seleção Carioca trouxe à cidade os jogadores de seleção como Barbosa, Calazans, Quarentinha, Brito e outros.

 

Após a belíssima apresentação de Zequinha num jogo em que o Ribeiro Junqueira ganhou de 3 x 1, um olheiro chamado Mineiro, aproximou-se de Zequinha e perguntou: -Ei garoto, quem é seu pai? Ele está por aqui? - Meu Pai é o Sr. Zé da Antônia, é aquele ali chupando laranja. Mineiro, que observava a garotada no interior para os clubes do Rio de Janeiro e que também era massagista do Flamengo, foi conversar com o Sr. Zé da Antônia para levar Zequinha ao Botafogo. Como a família Pereira Silva era toda flamenguista, Zeca partiu para o juvenil do Flamengo.

 

No Flamengo, Zequinha encontrou os então desconhecidos craques que viriam a jogar assim como Zeca pela Seleção Canarinho: Rodrigues Neto, Dionísio, Luiz Carlos, Arilson e outros. Conquistaram o campeonato Carioca de Juvenis com duas rodadas de antecipação e foi aí que resolveram promover diversos jogadores do juvenil do Flamengo para o time principal fazendo uma mescla de jogadores jovens e experientes.Naquela época, o treinador do time juvenil do Flamengo era Valter Miraglia, de quem Zequinha recebeu uma proposta para subir ao time principal. Proposta essa que recusou, pois naquele momento se algo acontecesse de errado poderia voltar novamente para o time juvenil e ele não queria isto.

 

Zequinha acabou sendo emprestado ao Palmeiras por um período de três meses em troca de um goleiro chamado Donar. Não se acostumando, Zequinha abandonou a cidade de São Paulo, ficando somente um mês no Palmeiras. Não cumprindo o contrato, Valter Miraglia, que foi o responsável pela negociação de Zeca, ficou bravo com ele. Deprimido, Zequinha volta para Leopoldina e no impasse de não saber se estava mais no Flamengo ou Palmeiras, o craque leopoldinense pensou em parar por estar muito chateado com aquilo tudo que estava acontecendo.

 

Chegando a Leopoldina ele é questionado pelo pai Sr. Zé da Antônia:

- O que está acontecendo?

- Eu tô de férias, pai.

- Mas que férias são essas se está todo mundo jogando?

Esperto e homem firme como o Sr. Zé da Antônia, Zequinha não consegue tapear o Pai que retrucou na mesma hora e disse:

- Antes de você sair daqui eu te falei. Se der com a cabeça na pedra vai ser você que vai ter que se virar sozinho. Arruma essa mala e volta para o Rio de Janeiro.

 

Chegando ao Rio de Janeiro em 1968, Zequinha volta para o juvenil do Flamengo e uma semana depois recebe a proposta de ir para o Botafogo que queria a qualquer custo o menino Zequinha em seu time profissional, já que o técnico Mário Lobo Zagalo recorria sempre às categorias de base dos clubes, revelando talentos como Zequinha. Valter Miraglia então fez a contraproposta solicitando o atacante Zélio do Botafogo a troco de Zequinha.

 

Troca feita, no Botafogo Zequinha deslanchou a sua carreira; porém, ao chegar ao alvinegro carioca ele foi reserva do então titular da Seleção Brasileira e do Botafogo, Rogério. Quando Zequinha chegou ao Botafogo em 1968, Zagalo cantou a pedra para o menino de Leopoldina "Olha garoto, o negócio é o seguinte: O Rogério é o titular, porém, ele está sempre se machucando e você terá a sua oportunidade". Assim feito, após a primeira oportunidade dada a Zequinha, o filho de Dona Cola e do Sr. Zé da Antônia agarrou-a e ficou como titular absoluto do Botafogo. Garrincha até chegou a dizer em uma entrevista que tinha orgulho de ver a sua camisa 7 com o habilidoso Zequinha.

 

Quem imaginou que dos campinhos de pelada do Cocotá iria sair um ídolo da torcida botafoguense? Pois o José Márcio Pereira da Silva cumpriu a difícil missão dada pelo Sr. Zé da Antônia e foi para o Rio de Janeiro conquistando o auge de sua carreira como jogador de futebol, chegando pelo Botafogo à Seleção Brasileira, jogando ao lado de Pelé, Gerson, Rivelino e outros. A convocação para a Seleção Brasileira começou a se desenhar quando a equipe estava jogando a Copa do Mundo de 1970.

 

No Brasil, Zequinha disputava o campeonato carioca pelo Botafogo, em um ano em que o Zeca Diabo dava muito trabalho aos zagueiros e com uma campanha espetacular pelo alvinegro carioca. Logo após a Copa do Mundo, Rogério, que era titular da Seleção Brasileira, estava machucado e Zequinha assume a vaga jogando vários amistosos pela Seleção Canarinho. A emoção tomava conta de Zeca quando o time seguia de ônibus para os estádios. Ele olhava para os lados e só enxergava Deuses do futebol e se perguntava: O que é que eu estou fazendo aqui? Ele vivia um sonho de criança e não queria mais acordar. Zequinha, ficou marcado na história da Seleção Brasileira devido ao cruzamento para o último gol de Pelé pela Seleção.

 

No auge de sua carreira no time de General Severiano, o Botafogo vive um momento de crise e é obrigado a vender o craque da camisa 7 para o Grêmio em 1974. Na terra dos Gaúchos o simples leopoldinense vira ídolo da torcida gremista e quebra a chamada hegemonia do Internacional que há mais de 17 grenais não perdia para o Grêmio, e em um jogo emocionante Zequinha marca os três gols da partida em que o Grêmio venceu o Internacional por 3x1.

 

No Grêmio, Zequinha foi campeão gaúcho de 1977 num time dirigido pelo técnico Telê Santana. Até hoje o jogador é lembrado carinhosamente no Sul pela sua marca, que talvez possa ser o único jogador a marcar três gols em clássicos Grenais.

 

Em 1977 Zequinha vai para o São Paulo, jogando ao lado de Waldir Peres, Getúlio Chicão, Estevam, Neca, Milton Cruz, Dário Pereira e Zé Sérgio. No tricolor paulista foi campeão Brasileiro de 1977, e marcou com a camisa do São Paulo apenas dois gols, ajudando a conquistar 30 vitórias, 13 empates e 15 derrotas.

 

Em 2001, Zequinha se mudou para os Estados Unidos, em Dallas, no Texas e chegou a jogar em alguns times como o Dallas, Tampa Bay, Tulsa e outros. Z como é chamado carinhosamente pelos alunos, trabalha como treinador de futebol infantil (masculino e feminino) e acumula o trabalho de treinador com o de diretor de desenvolvimento do Clube "A To Z Soccer".

 

 

2 comentários:

  1. Grande Zé quinhão, foi meu companheiro no Flamengo uma ótima fase ficamos muito amigos

    ResponderExcluir
  2. Irmão jogou bem mais.!!!

    ResponderExcluir