quinta-feira, 1 de setembro de 2022

OS CHIFRES E SOMBREROS NO RETORNO DA COPA DE 70 - POR JOSÉ MARIA DE AQUINO

 


Nascido em Miracema, Noroeste fluminense, Aymoré Moreira, profundo conhecedor de futebol, tinha paixão por seu sítio, em Taubaté, onde podia desfrutar de invejável sossego. Pensando embelezá-lo, durante a Copa de 70, no México, onde foi como consultor para a revista Placar, comprou um belo par de chifres, que guardou com carinho até o momento de arrumar as malas para nosso retorno.

 

Foi quando descobriu que não tinha como trazer o mimo. Não cabia na mala. Começou oferecendo, de presente, ao Hedyl, passou pelo Sebastião Marinho, Lemyr Martins e nem ousou olhar para meu lado. Todos disseram, "não, obrigado Aymoré". "O que é que minha mulher pensaria", disse um de nós, brincando, ao recusar.

 

A proposta, após horas de análise, foi "esquecer" os chifres no hotel Stella Maris, onde nos hospedávamos na Cidade do México. Mas Aymoré não concordava. Achava uma pena. Os chifres eram lindos. Sugeri a ele dar os chifres de presente para a camareira - "afinal, ela sempre foi muito gentil com a turma".

 

A camareira, provavelmente pensando no marido, também disse não. Era preciso insistir com ela, e foi o que Aymoré fez, mostrando a importância do presente. A camareira foi convencida de que o marido não pensaria nada errado, mas alegou que seria incômodo levar os chifres no ônibus lotado - e ela pegava dois.

 

Aymoré acabou desembolsando a grana para pagar o taxi, fora a gorjeta. Aplausos calorosos para a camareira, tristeza para o amigo Aymoré...

 

No voo de volta estava um ex-presidente do Noroeste de Bauru, que exagerou na compra dos famosos sombreros. Pelo menos uns dez, uns enfiados nos outros. Como não tinha como guardá-los nos maleiros, lotados, os levava na cabeça, andando de um lado para outro do avião e, claro, atrapalhando a vida de todos.

 

Gente boa, conhecido da imprensa, brinquei com ele, dizendo "o sol vai desaparecer em Bauru". Brinquei e não agradei. Ele me fulminou com os olhos e, ainda bem que parou por ali. Mas continuou atrapalhando a todos até chegarmos em Lima, Peru, quando trocamos de avião.

 

Nota: Aymoré Moreira e José Maria de Aquino são conterrâneos. 

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