segunda-feira, 24 de julho de 2023

MAZZOLA: ÍTALO-BRASILEIRO COM UMA HISTÓRIA MARCANTE NO FUTEBOL

 


Paulista de Piracicaba, onde nasceu em 24 de julho de 1938, José João Altafini, o MAZZOLA, é, provavelmente, um dos brasileiros de maior sucesso em gramados do futebol italiano. Filho de pais italianos, Altafini, através do futebol, voltou à terra dos pais para se consagrar. Não sem antes se tornar ídolo também no Brasil, precisamente defendendo as cores do Palmeiras, onde marcou 85 gols em 114 jogos.


Atacante oportunista, rápido na área e de chute muito forte, bastaram pouco mais de dois anos, entre janeiro de 1956 e abril de 1958, para ele ser reconhecido como um dos grandes ídolos palmeirenses em todos os tempos. Com a alcunha de Mazzola (pela semelhança física com o craque italiano Valentino Mazzola), é um dos maiores artilheiros da história do campeonato italiano, com 216 gols em 459 jogos.


Após ser campeão do mundo em 1958, pelo Brasil (foi o autor do primeiro gol brasileiro naquela Copa, contra a Áustria), disputou a Copa do Mundo de 1962, no Chile, defendendo as cores da Itália. Ele seria convocado novamente para 1962, mas por questões políticas da época, ele não foi. Por ser neto de italianos, Altafini é também cidadão italiano. Assim, jogou aquele mundial pela “Squadra Azzurra”, como José João Altafini, ao invés do antigo apelido Mazzola. Assim ele definiu esse chamado italiano: "É muito simples. Naquele tempo, o Brasil não chamava quem jogava no exterior. Ninguém. Estava na Itália e não seria chamado. Eu, com 23, 24 anos, ficaria muito chateado se perdesse um Mundial”.


Depois de encerrar a carreira fixou residência em solo italiano e virou comentarista de TV.  

Sua carreira:

Clubes: Clube Atlético Piracicabano, Palmeiras (1956-58), Milan (1958-65), Nápoli (1965-72), Juventus (1972-76), Chiasso (1976-79) e Mendrisio (1979-80), os dois últimos da Suíça.

Seleção Brasileira: 11 jogos e 8 gols, sendo 8 jogos oficiais e 4 gols.

Seleção Italiana: 6 jogos e 5 gols.

Títulos: 4 Campeonatos Italianos (1959, 1962, 1973 e 1975), 1 Liga dos Campeões (1963) e 1 Copa do Mundo (1958)

ZÉ CARLOS: O "ZÉ GRANDÃO"

 


José Carlos da Costa Araújo nasceu na capital carioca em 07 de fevereiro de 1962. Entre os anos de 1986 e 1991, ZÉ CARLOS foi o goleiro titular do Flamengo. Apesar de nunca ter sido uma unanimidade entres os torcedores, teve bons momentos defendendo o clube e conquistou títulos. Fez sua carreira de sucesso praticamente no time rubro-negro. Foi campeão carioca em 1986, 1991 e 1996 (sendo 91 e 96 como reserva), campeão brasileiro em 1987 e da Copa do Brasil em 1990. Defendeu o Flamengo em 354 jogos, sofrendo 264 gols.


Atuou também no Americano (RJ), Rio Branco (ES), Cruzeiro, Vitória de Guimarães, Farense, Felgueiras (os três últimos de Portugal), Vitória (BA), XV de Piracicaba (SP), América (RJ) e Tubarão (SC), onde encerrou a carreira em 2000.


Pela Seleção Brasileira foi campeão do Pré-Olímpico em 1987, da Copa América em 1989, e participou da Copa do Mundo de 1990, sendo um dos dois goleiros reservas. Participou também das Olimpíadas de Seul, em 1988, conquistando a medalha de Prata. Defendeu o Brasil em apenas 3 jogos oficiais e sofreu 1 gol.


Morreu novo, aos 47 anos, no Rio de Janeiro, em 24 de julho de 2009, vitimado por um câncer no abdômen. Antes de adoecer acompanhava o time Master do Flamengo em jogos festivos por todo o Brasil. Em uma de suas aparições aqui por Miracema, tive o prazer de trocar algumas palavras e ele foi muito solícito.

domingo, 23 de julho de 2023

ZÉ DUARTE: O "ZÉ DO BONÉ"

 


José Duarte nasceu em Campinas-SP, em 19 de outubro de 1935. O "Zé do Boné”, como era carinhosamente conhecido, dirigiu Guarani, Ponte Preta e muitos outros times do interior paulista. Treinou também o Santos, Cruzeiro, Fluminense, Internacional, Bahia, Atlético (campeão paranaense em 1990), entre outros clubes brasileiros.


Zé Duarte ganhou reconhecimento da torcida da Ponte Preta em 1969, com a recondução do clube à divisão principal do futebol paulista, após nove anos na divisão inferior. Zé do Boné parecia predestinado a fazer sucesso na Ponte. Foi assim em 1977 e 79, quando levou o time às finais do Campeonato Paulista e foi vice-campeão. No Guarani foi campeão da Série B em 1981. É considerado por muitos um dos maiores treinadores da história do futebol de Campinas. Com o União São João de Araras foi campeão da Série C em 1988.


Ele comandou nomes de destaques do futebol brasileiro, entre eles, Dicá, Neto, Careca, Jorge Mendonça, Ailton Lira, Oscar e Julio César. De jeito simples e ao mesmo tempo com grande conhecimento tático, ele conquistava a confiança de seus atletas. E quando era tido como acabado para o mundo da bola, em 1995 “renasceu das cinzas” no comando da Seleção Brasileira de Futebol Feminino. Pacientemente, ensinou as meninas e o fruto do trabalho foi o quarto lugar nos Jogos Olímpicos de Atlanta, de 1996.


Zé Duarte faleceu em Campinas-SP, aos 68 anos, em 23 de julho de 2004. Foi um vencedor de desafios e deixou um histórico de profundo conhecedor dos meandros do futebol dentro e fora de campo.

 

quinta-feira, 20 de julho de 2023

O ALÇAPÃO ESTÁ ARMADO – NOSTALGIA GERAL NO CAMPEONATO CARIOCA DE 1977

 


Nota: reportagem da revista Placar edição 361/77.  Não consta o autor da matéria.

 

Após dez anos os grandes vão ter de enfrentar os pequenos também em seus estádinhos. E fora do Maracanã o sarrafo é mais embaixo. É a volta dos tempos em que ser campeão carioca exigia, além de bom futebol, um espírito de luta que o grande estádio já estava matando.

 

 A revolução na tabela do Campeonato Carioca e na política da federação está enchendo de esperança os torcedores – eles existem – dos pequenos clubes. Enquanto percorre as obras do novo campo do Olaria, o diretor Edmundo dos Santos chega a ficar com os olhos brilhantes:

- No segundo turno, o time que a gente enfrentar na casa deles vai ter de jogar aqui, grande ou pequeno. Até a tal da tabela dirigida, Campeonato Carioca tinha mais graça, tinha mais sabor. E a gente justificava mesmo a fama de que Bariri era um alçapão, uma armadilha para os grandes.




Clube organizado, com quatro piscinas, sauna, belo salão de festas, concentração refrigerada, duas nutricionistas para cuidar da alimentação dos atletas e cuidados médicos como poucos grandes têm, o Olaria espera agora repetir façanhas como a de 1947, quando venceu o Fluminense de Píndaro e Pinheiro, ou de 1948, quando ninguém sabe como 30 mil pessoas entraram no estádio para ver o supertime do Vasco.

- Quem não conseguiu lugar – conta o velho porteiro do clube – subiu em dois vagões de boi, no ramal ferroviário que passava aqui atrás do campo para o Curtume Carioca, para ver um pedaço do campo na ponta dos pés. Mr. Barrick, um juiz inglês, só começou a partida quando chegaram dois choques da polícia especial, chefiados por Mário Vianna.

 

Ali perto, ma rua Teixeira de Castro, também junto aos trilhos da Estrada de Ferro Leopoldina, o estádio do Bonsucesso também já viveu seus dias de glória. Pode até ser considerado um bom estádio, com capacidade para mais de 20 mil pessoas, gramado melhor que o de São Januário e iluminação que só perde para o do Maracanã.

- No entanto – diz o torcedor Fuad Bunain -, nesses últimos dez anos o Bonsucesso não jogou uma dezena de vezes aqui contra times grandes. Dirigi o Bonsucesso e por ele perdi uma loja, tive títulos apontados, sofri o diabo. Para dirigir clube pequeno o cara tem que ser vaidoso ou maluco. Fui os dois, mais maluco que vaidoso.

 

Agora, no entanto, voltas as esperanças de que não seja necessário nem vaidade nem insanidade para formar no Bonsucesso grandes equipes como as de 1955 e de 1968/69.

 

Claro, a simples mudança na tabela e dos ventos políticos não vai conseguir salvar os pequenos clubes da noite para o dia. Por exemplo: quem vai hoje ao São Cristóvão não consegue vislumbrar solução para o clube. Cercado de indústrias e situado exatamente sob o viaduto que ligará o campo de São Cristóvão à Avenida Rodrigues Alves, o estádio não oferece a menor condição para jogos oficiais de futebol.

- Quem te viu e quem te vê – lamenta o conselheiro Benito Rodrigues. – O São Cristóvão que já foi grande, que já foi campeão carioca, hoje vive de lembranças. .

Lembranças como a vitória de 6 a 2 sobre o Vasco, em 1943, no estadinho superlotado – “superlotado pela nossa torcida, pois s vizinhos vascaínos não tinham nem coragem de vir até aqui”.

- Antigamente, era preciso mais que jogar bola para vencer aqui; era preciso ter um time de machos. Agora não precisa nem jogar bola nem ser macho. Na verdade, não precisa nada: o futebol morreu em Figueira de Melo. Aqui não dá mesmo para jogar.

 

A Portuguesa tem menos memória. Fundada em 1924, só 34 anos depois passou a disputar o futebol carioca – e só em 1962 conseguiu campo próprio, comprando as instalações do hipódromo que funcionou fugazmente na Ilha do Governador. Tem boa arquibancada, muito espaço, segurança. A única ameaça, lá, era o que os locutores de rádio chamavam de ventos uivantes, que sopravam do mar para a terra e realmente carregavam a bola.

- Nem vento tem mais aqui – garante o diretor Antônio Fernandes. – Cortaram o morro aí do lado e acabou o vento encanado.

 

Também o Campo Grande não tem tradição no futebol carioca – só entrou no Campeonato Carioca quando o Canto do Rio foi afastado, depois da transformação do Distrito Federal em Estado da Guanabara. E lamenta que a Federação tenha vetado o estádio Ítalo Del Cima para jogos contra os grandes clubes.

- Pretendíamos investir 400 mil cruzeiros na iluminação do estádio, mas assim não dá para tirar o investimento. Pedimos as arquibancadas do carnaval, mas o prefeito Marcos Tamoio negou. Vamos ver como é que fica. Pelo menos agora a gente está com mais poder político na Federação – diz o presidente Ilídio Ferreira.

 

O Madureira tem a mesma queixa. O tradicionalíssimo alçapão de Conselheiro Galvão também foi aprovado para os jogos contra os grandes – e, pior, o clube não tem dinheiro para melhorar o estádio.

- De tanto jogar no Maracanã a troco de migalhas, empobrecemos de vez – lamenta o vice-presidente Orestes Araújo. – Além do mais, os comerciantes daqui nos abandonaram. Antigamente isto aqui era uma verdadeira família, todo mundo unido. Agora, Madureira é uma cidade, e os comerciantes moram na zona sul, na beira da praia.

 

segunda-feira, 17 de julho de 2023

PALHINHA: SINÔNIMO DE RAÇA E GOL POR ONDE JOGOU

 


Vanderlei Eustáquio de Oliveira, o PALHINHA, nasceu em Belo Horizonte-MG, em 11 de junho de 1950. Atacante ágil e habilidoso, bom passe e facilidade para servir os companheiros. Fazia gols com muita facilidade e sempre demonstrou muita raça por onde jogou. Foi um dos grandes parceiros de Sócrates, quando atuaram pelo Corinthians, entre os anos de 1978 e 1980. Palhinha chegou ao Corinthians em 1977.


Deixou o seu nome marcado na história do Cruzeiro, onde iniciou a carreira e marcou 145 gols em 434 jogos (campeão mineiro em 1969/72/73/74/75 e 84, e da Taça Libertadores em 1976). Foi um dos destaques do Cruzeiro na conquista Continental, quando marcou 13 gols em 10 jogos.


No Corinthians também deixou sua marca com 44 gols em 148 jogos (campeão paulista em 1977 e 79). Atuou também no rival Atlético (bicampeão mineiro em 1980/81), Santos – 51 jogos e 11 gols, Vasco – 11 jogos (campeão carioca em 1982) e América (MG), onde encerrou a carreira em 1985.  


Vestiu a camisa do Brasil em 18 jogos e marcou 6 gols, sendo 15 oficiais e 6 gols. Não teve a oportunidade de disputar uma Copa do Mundo.


Palhinha faleceu em 17 de julho de 2023, aos 73 anos, após ficar internado para tratar de uma infecção, na capital mineira.

BALTAZAR: O ARTILHEIRO DE DEUS



Baltazar Maria de Morais Júnior nasceu em Goiânia no dia 17 de julho de 1959. Atacante oportunista, muito perigoso dentro da área. Estava sempre no lugar certo, na hora certa. Chutava bem e cabeceava melhor ainda. Ficou conhecido como o “Artilheiro de Deus”, pois era um religioso assumido e comemorava seus gols apontando para o céu.


Com o mesmo jeito tímido com que dava entrevistas, ele entrava na área como quem não quer nada e, apesar de alguns gols incríveis que invariavelmente perdia, sempre deixava pelo menos uma lembrança para o goleiro adversário. Assinalou mais de 400 gols ao longo de sua carreira. A explosão de Baltazar no cenário nacional ocorreu em 1981, quando o Grêmio conquistou seu primeiro título brasileiro.




Começou no Atlético Goianiense e de cara foi o artilheiro do estadual de 1978, com 31 gols marcados. Posteriormente seguiu sua carreira no Grêmio – 130 gols (bicampeão gaúcho em 1979/80, e campeão brasileiro em 1981), Palmeiras – 70 jogos e 25 gols, Flamengo – 47 jogos e 23 gols (campeão brasileiro em 1983), Botafogo – 26 gols, Celta/Espanha – 42 gols, Atlético de Madri/Espanha – 54 gols, Porto – 3 gols (bicampeão da Taça de Portugal em 1990/91), Rennes/França – 13 gols, Goiás – 57 gols (campeão goiano em 1994) e Kyoto Purple Sanga/Japão – 28 gols.


Foi marcante sua passagem pelo futebol espanhol. Em 1986, ficou na liderança da artilharia da segunda divisão, defendendo o pequeno Celta de Vigo. Em 1989, já no tradicional Atlético de Madrid, repetiu a dose, na primeira divisão, marcando impressionantes 35 gols, até então, um recorde da Liga da Espanha.


Mesmo tendo sido artilheiro de várias competições ao longo da carreira, além das inúmeras passagens por grandes clubes e pelo futebol internacional, Baltazar teve poucas chances na Seleção Brasileira. Vestiu a camisa do Brasil em 7 jogos, assinalando 3 gols, sendo 6 jogos oficiais e 2 gols.

  

sexta-feira, 14 de julho de 2023

MANECA: O TRISTE FIM DE UM CRAQUE DO EXPRESSO DA VITÓRIA

 


Manuel Marinho Alves, o Maneca, nasceu em Porto da Barra-BA, em 28 de janeiro de 1926. Foi um meia/atacante de uma habilidade fora do comum, farto repertório de dribles curtos e rápidos que enlouquecia os marcadores. Passes e lançamentos precisos, movimentação constante. Fez parte do grande time do Vasco, o “Expresso da Vitória”. Na sua posição, está entre os melhores da história do clube. Foi descoberto por um olheiro do Vasco em fins de 1946. No ano seguinte, era campeão carioca invicto.


Teve um triste final de vida. Propenso a sofrer crises de depressão, tentou o suicídio ingerindo forte dose de um corrosivo, em 28 de junho em 1961. Foi socorrido pela noiva e agonizou durante dias em um hospital do Rio de Janeiro, vindo a falecer em 14 de julho, aos 35 anos. Apurou a imprensa, à época, que o motivo que levou a decisão violenta de Maneca foi a notícia de que sua mãe estava gravemente enferma.


Atuou no Galícia (BA), Vasco – 325 jogos e 142 gols (campeão carioca em 1947/49/50 e 52, e do Sul-americano em 1948), Bahia (campeão baiano em 1954) e Bangu, com apenas 4 jogos.


Participou da Copa do Mundo de 1950. Vestiu a camisa do Brasil em 7 jogos, sendo 6 oficiais e 2 gols.