Geraldo Pereira de Matos Filho sempre quis ser
goleiro, desde os tempos de garoto, em Além Paraíba, cidade mineira onde nasceu
em 27 de janeiro de 1953. Foi lá que começou a jogar, até ser trazido para os
juvenis do Vasco, em janeiro de 1970, por intermédio de um tio que o apresentou
ao técnico do juvenil – Célio de Souza. Depois de ficar dois anos na reserva do
time juvenil, recebeu um convite do Botafogo e só não saiu pela pronta
intervenção de seu pai.
Apesar de baixinho, era extremamente ágil, sempre
mostrou muita regularidade debaixo das traves, além de ter defendido vários
pênaltis durante a sua carreira. Quando de sua chegada ao Vasco, encontrou no
goleiro Andrada – à época titular – um orientador com quem aprendeu muito da
difícil e ingrata posição de goleiro.
Maracanã lotado, silêncio total. O jogo em questão é
Flamengo x Vasco, decisão por pênaltis. O jogador Tita prepara-se para bater. Embaixo
das traves, Mazarópi imóvel, com os olhos cravados na bola. O chute saiu fraco,
mas colocado, só que no caminho das redes estava o goleiro vascaíno, salvando o
gol. A torcida explode com a defesa que
assegura o título de campeão carioca de 1977, e grita em coro o nome daquele
jovem goleiro, de 24 anos. Mazarópi
detém o recorde – entre 1977 e 1978 – jogando o time carioca, de ficar 1.816
minutos sem levar gols.
Teve bons momentos defendendo o Vasco e,
principalmente, o Grêmio, onde marcou época e ganhou muitos títulos. Atuou no Vasco – 1974/78, 1980/83 e 84 (campeão
carioca em 1977 e 1982); Coritiba (por empréstimo) – 1979; Grêmio – 1983;
1984/90 (hexacampeão gaúcho em 1985/86/87/88/89 e 90, campeão da Copa do Brasil
em 1989, e da Libertadores e do Mundial em 1983); Náutico – 1984 (campeão
pernambucano); Figueirense – 1991 e Guarany (RS), onde encerrou a carreira em
1992. Mazarópi ganhou esse apelido assim
que chegou ao Vasco, nome de um humorista famoso na época. Defendeu o Vasco em
407 jogos.
O uruguaio Washington, Mazarópi e Carlos Alberto Garcia, em 1978
Complementando as informações, recebi do jornalista e
radialista Sergio Luiz, radicado em Volta Redonda, mas nascido em Além Paraíba,
detalhes da infância e outros fatos sobre o ex-goleiro Mazarópi. Eles são contemporâneos.
“Quando era garoto, Mazarópi tinha o apelido de Dadão
e por ser alto, jogava como zagueiro no nosso time de garotos chamado
Palmeirinhas. Tínhamos 12 ou 13 anos e disputávamos um futebol num areal
próximo à residência dele, em Além Paraíba. Mas o curioso é que, certa vez,
dona Néia, sua mãe, chamou todo o time e disse: "O Geraldinho não pode
jogar na linha, porque de noite ele passa mal. Se quiserem que ele brinque, tem
que ser no gol. Eu é que sei o que passo a noite". Dona Néia, mal sabia
que estava definindo o futuro de um dos maiores goleiros do futebol brasileiro.
Até hoje, não sei qual o mal que o afetava, talvez nem ele se lembre.
Maza sofreu muito quando foi acusado, injustamente, na
Máfia da Loteria, de ter falhado num jogo contra o Bahia, em pleno Maracanã,
quando tomou um gol de Alberto Leguelé, do meio da rua. Uma covardia, haja
vista que o jogo nem fazia parte da loteria esportiva.
O que aconteceu é que, nesse dia, sua mãe estava
internada, com leucemia, já em fase terminal. Maza estava muito abalado e não
deveria nem ter jogado. Logo depois, no dia 07 de setembro, ela faleceu. Éramos
amigos de infância e fiz questão de ir ao sepultamento de dona Néia, em Além
Paraíba. Mazarópi não acompanhou o enterro, pois estava em estado de choque e
não conseguiu levantar-se da cama.
Naquele jogo, em 1977, quando pegou o pênalti cobrado
pelo Tita, conquistando o título carioca, Maza, ao final, pegou a bola e, de
joelhos, foi para dentro do gol e levantou-a para o céu e ofereceu à sua mãe.
Foi emocionante para todos que viram a cena.”
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