terça-feira, 9 de janeiro de 2024

MAZARÓPI – O RECORDISTA

 


Geraldo Pereira de Matos Filho sempre quis ser goleiro, desde os tempos de garoto, em Além Paraíba, cidade mineira onde nasceu em 27 de janeiro de 1953. Foi lá que começou a jogar, até ser trazido para os juvenis do Vasco, em janeiro de 1970, por intermédio de um tio que o apresentou ao técnico do juvenil – Célio de Souza. Depois de ficar dois anos na reserva do time juvenil, recebeu um convite do Botafogo e só não saiu pela pronta intervenção de seu pai.  

 

Apesar de baixinho, era extremamente ágil, sempre mostrou muita regularidade debaixo das traves, além de ter defendido vários pênaltis durante a sua carreira. Quando de sua chegada ao Vasco, encontrou no goleiro Andrada – à época titular – um orientador com quem aprendeu muito da difícil e ingrata posição de goleiro. 

 

Maracanã lotado, silêncio total. O jogo em questão é Flamengo x Vasco, decisão por pênaltis.  O jogador Tita prepara-se para bater. Embaixo das traves, Mazarópi imóvel, com os olhos cravados na bola. O chute saiu fraco, mas colocado, só que no caminho das redes estava o goleiro vascaíno, salvando o gol.  A torcida explode com a defesa que assegura o título de campeão carioca de 1977, e grita em coro o nome daquele jovem goleiro, de 24 anos.  Mazarópi detém o recorde – entre 1977 e 1978 – jogando o time carioca, de ficar 1.816 minutos sem levar gols.  

 

Teve bons momentos defendendo o Vasco e, principalmente, o Grêmio, onde marcou época e ganhou muitos títulos.  Atuou no Vasco – 1974/78, 1980/83 e 84 (campeão carioca em 1977 e 1982); Coritiba (por empréstimo) – 1979; Grêmio – 1983; 1984/90 (hexacampeão gaúcho em 1985/86/87/88/89 e 90, campeão da Copa do Brasil em 1989, e da Libertadores e do Mundial em 1983); Náutico – 1984 (campeão pernambucano); Figueirense – 1991 e Guarany (RS), onde encerrou a carreira em 1992.  Mazarópi ganhou esse apelido assim que chegou ao Vasco, nome de um humorista famoso na época. Defendeu o Vasco em 407 jogos.

                                                 O uruguaio Washington, Mazarópi e Carlos Alberto Garcia, em 1978
 

Complementando as informações, recebi do jornalista e radialista Sergio Luiz, radicado em Volta Redonda, mas nascido em Além Paraíba, detalhes da infância e outros fatos sobre o ex-goleiro Mazarópi. Eles são contemporâneos.

 

“Quando era garoto, Mazarópi tinha o apelido de Dadão e por ser alto, jogava como zagueiro no nosso time de garotos chamado Palmeirinhas. Tínhamos 12 ou 13 anos e disputávamos um futebol num areal próximo à residência dele, em Além Paraíba. Mas o curioso é que, certa vez, dona Néia, sua mãe, chamou todo o time e disse: "O Geraldinho não pode jogar na linha, porque de noite ele passa mal. Se quiserem que ele brinque, tem que ser no gol. Eu é que sei o que passo a noite". Dona Néia, mal sabia que estava definindo o futuro de um dos maiores goleiros do futebol brasileiro. Até hoje, não sei qual o mal que o afetava, talvez nem ele se lembre.

Maza sofreu muito quando foi acusado, injustamente, na Máfia da Loteria, de ter falhado num jogo contra o Bahia, em pleno Maracanã, quando tomou um gol de Alberto Leguelé, do meio da rua. Uma covardia, haja vista que o jogo nem fazia parte da loteria esportiva.

O que aconteceu é que, nesse dia, sua mãe estava internada, com leucemia, já em fase terminal. Maza estava muito abalado e não deveria nem ter jogado. Logo depois, no dia 07 de setembro, ela faleceu. Éramos amigos de infância e fiz questão de ir ao sepultamento de dona Néia, em Além Paraíba. Mazarópi não acompanhou o enterro, pois estava em estado de choque e não conseguiu levantar-se da cama.

Naquele jogo, em 1977, quando pegou o pênalti cobrado pelo Tita, conquistando o título carioca, Maza, ao final, pegou a bola e, de joelhos, foi para dentro do gol e levantou-a para o céu e ofereceu à sua mãe. Foi emocionante para todos que viram a cena.”

 

 

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