sábado, 7 de maio de 2016

CHIQUINHO DE ASSIS: MAIS UM MIRACEMENSE, DE PARAÍSO DO TOBIAS, NO MUNDO DA BOLA


Francisco Assis da Silva Júnior, o Chiquinho, nascido em 6 de maio de 1952, como toda a sua família, residia no distrito de Paraíso do Tobias. Filho de descendente de italiano tinha o sonho de ser veterinário, mas o futebol também era sua outra paixão. Ainda garoto chamou a atenção jogando pelo time de Paraíso, que sempre foi um celeiro de bons jogadores.

Saiu do Esportivo, de Miracema, para o juvenil do Flamengo. Não ficou por muito tempo, mas um dirigente do Olaria o descobriu numa pelada e o levou pra Rua Bariri. Marcou nove gols pelo novo time juvenil e teve o gostinho pessoal de tirar a invencibilidade do Flamengo – na vitória de 2 a 1 – numa preliminar no Maracanã.

Em seguida, transferiu-se para o Botafogo, de Salvador. Era o caminho aberto para o tão sonhado curso de veterinária. Estudou e formou na Universidade da Bahia, em 1978. Unindo o útil ao agradável, mesmo com toda a dificuldade de conciliar os estudos e a profissão de jogador, o meio de campo habilidoso, de raciocínio rápido e que lançava com os dois pés com a mesma facilidade, ainda aparecia na área para marcar os seus gols. Teve uma passagem – por empréstimo – pelo Fluminense de Feira de Santana (BA).

Já defendendo o Leônico – também por empréstimo – foi vice-campeão baiano de 1978, perdendo o título para o Bahia, e o segundo maior artilheiro do certame com 12 gols marcados. Recebeu uma medalha de ouro da TV Itapoã e Rádio Excelsior como grande destaque, jogando pelo Leônico. 

Suas atuações chamaram a atenção do Fluminense e ele chegou ao Rio, também por empréstimo – no início de 1979 – precedido de muita fama. A passagem pelo Tricolor carioca foi rápida e ele ficou até o mês de julho do mesmo ano, disputando 17 jogos e marcando 5 gols. O detalhe é que em apenas cinco jogos ele entrou como titular. O seu retrospecto foi de 9 vitórias, 7 empates e apenas uma derrota.


Retornou ao futebol baiano e jogou por Catuense, Bahia e Vitória. Após encerrar a carreira como jogador, tornou-se técnico das divisões de base do futebol baiano e um grande revelador de talentos do Brasil, tendo o seu trabalho reconhecido por todos que militam no meio. Além de formar atletas, sempre teve a preocupação de também formar cidadãos. Dezenas de jogadores que já brilharam e outros que ainda brilham pelos campos do futebol mundial, passaram por suas mãos no Bahia ou no Vitória, tais como: Uéslei, Marcelo Ramos, Clébson, Fabão, Robson Luís, Fábio Bilica, Jorge Wagner, Fábio Costa, Dudu Cearense, Leandro Bonfim, Zé Roberto, Obina, David Luiz e Hulk, entre outros. Chiquinho sempre teve o cuidado para o atleta aperfeiçoar sua qualidade, orientando e mostrando o melhor caminho de acordo com as condições técnicas de cada um deles. Citando apenas dois jogadores de renome internacional, David Luiz, por exemplo, era volante na base do Vitória e ele o fixou como zagueiro. O Hulk chegou ao Vitória como lateral-esquerdo e Chiquinho logo percebeu sua aptidão para jogar no ataque.

David Luiz, o presidente da Federação Baiana e Chiquinho,
nos Estados Unidos.  
Aprofundou-se ainda mais nos estudos e formou em Educação Física pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), e fez pós-graduação em Ciência do Futebol, pela UNEB. Chiquinho também trabalhou como técnico das equipes profissionais da Catuense, Camaçari, entre outras. Inclusive, sob o seu comando técnico a Catuense conquistou o vice-campeonato baiano de 2003. Comandando as divisões de base do Vitória conquistou títulos internacionais importantes, como Dallas Cup, nos Estados Unidos, e o Phillips Cup, na Holanda.

Entre os anos de 2006 e 2010 foi técnico do Miami, dos Estados Unidos, e coordenador de futebol de uma equipe parceira deste mesmo clube. Nesse período, teve a oportunidade de comandar Zinho e Romário, que jogaram juntos pelo time americano. A última passagem dele pelo Bahia foi entre 2011 e 2013, quando comandou o time sub-23, foi auxiliar técnico e chegou a dirigir o time profissional. Ainda em 2013 comandou o Olaria no Campeonato Estadual do Rio de Janeiro, em um convênio do time carioca com o Bahia. Nesse mesmo ano retornou aos Estados Unidos para dar continuidade ao seu trabalho na formação de jogadores.

Após travar uma luta contra o câncer, Chiquinho faleceu em 24 de agosto de 2017, aos 65 anos, nos Estados Unidos, onde residia. O futebol ficou órfão de um descobridor de talentos que revelou muitos jogadores para o Brasil. O corpo de Chiquinho foi cremado nos Estados Unidos e as cinzas posteriormente trazidas para Salvador.
  






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