Oiti |
Quando criança, eu ia ver os “bailes” de Carnaval. As
campânulas nos permitiam ouvir as inocentes marchinhas. Sentia-se o leve odor
do “lança-perfume” e apreciava-se a performance dos mais entusiasmados dos
foliões (de todas as idades) “circulando” pela pista.
Mas o que eu quero relatar é um acontecimento que nunca
saiu da minha memória. Os “Gouveia” saem de Palma e montam, em Miracema, a
“Casa Leader”, que carinhosamente, o povo chamava de “Casa Nova”.
Pois bem! No intuito e incrementar suas vendas,
precisavam divulgar sua loja e seu nome. Para tanto, dentre outras, escolheram
uma forma diferente de chamar a atenção.
Montaram um poderoso time de “futebol de salão”. Em pouco
tempo, a fama corria longe e lá vinham aqueles que ousavam desafiar a nossa
quase imbatível “Casa Nova”. E tomavam um severo “sapeca-iaiá”. Não raro era
possível ver multidões e multidões aglomerando-se nos parcos espaços do rinque
para presenciarem os embates.
Eu sempre queria chegar bem cedo para presenciar a
maneira inusitada que o time adentrava a quadra. Na altura do “corner”
compreendido no encontro dos fundos do Jardim de Infância e da Rua Direita, era
colocada uma armação de madeira, arredondada, com cerca de dois metros de
diâmetro. Como se fosse uma peneira – onde a armação seria o aro e o crivo uma
imensa folha de papel com a propaganda da “Casa Nova”.
E a equipe irrompia o recinto atravessando aquela
armação, rasgando o papel, com o Otavinho à frente, depois o Zé Bolão e o Amim
Amim (não me lembro dos outros). Foguetório e delírio dos torcedores que ali
estavam com a certeza de mais um triunfo. E vinha, mesmo” Eu me apaixonei por
eles!
No dia seguinte, lá íamos nós, de dia, a tentar jogar da
mesma forma. Entre um tempo e outro, alguns se aventuravam a degustar a
“banana-de-macaco”. Eu só conseguia dar três mordidas naqueles oitis. Eu
preferia a sombra.
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