Saiba como funciona o esquema que tem desvios
estimados em R$ 100 milhões...
A Polícia Federal, a
Receita e o Ministério Público Federal estão investigando uma "máfia"
dedicada a fraudar a compra e venda de shows públicos de grandes artistas.
Segundo levantamento
obtido pela reportagem, o volume de dinheiro obtido por meio de fraude na
contratação, superfaturamento de cachês ou infraestrutura pode passar de R$ 100
milhões apenas nos últimos três anos. Somente no interior de São Paulo há R$ 15
milhões já bloqueados pela Justiça a pedido do Ministério Público Federal.
Por enquanto há
investigações em curso em São Paulo, Rio, Pernambuco, Amazonas, Bahia, Pará,
Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. A investigação começou em 2010, no interior
de São Paulo, e depois se espalhou pelo país.
A fraude mais comum,
segundo o procurador, é aquela em que um atravessador recebe informação
privilegiada de que esta ou aquela cidade fará uma grande festa (de aniversário,
por exemplo) e que a intenção é de contratar a dupla sertaneja "X".
De posse da data, o atravessador então se antecipa, entra em contato com a
dupla e faz uma oferta de compra da data em questão.
Quando um funcionário
da prefeitura entra em contato com o empresário da dupla, dizendo que a cidade
tem interesse em contratar seus artistas, é informado que a data em questão já
está vendida, e que a prefeitura deve procurar o empresário-atravessador. Não
raro, a prefeitura acaba pagando um preço às vezes exorbitante pelo cachê dos
artistas de seu interesse, porque o "atravessador" sabe que não há
outras opções e "enfia a faca" no município.
O problema é que,
segundo o Ministério Público Federal, há suspeitas de que muitos empresários e
mesmo artistas decidiram entrar no "esquema" nos últimos anos. Há uma
lista de empresas, empresários e artistas sendo investigados. Dezenas de
sigilos fiscais já foram quebrados, com autorização da Justiça.
Técnicos da Receita
Federal, por sua vez, estão cruzando dados de faturamento de artistas com dados
declarados por prefeituras que os contrataram.
Máfia regionalizada
Segundo dados obtidos
pela reportagem, a "máfia dos shows" está hoje instalada em ao menos
oito estados. Em cada um deles, a máfia designou um "atravessador",
ou comprador de shows.
Sempre que uma cidade
do interior desses estados quer comprar o show de algum grande artista, acaba
sendo "obrigada" a tratar da contratação por meio do atravessador
desse estado. Mesmo em alguns casos, contratações de artistas por empresas e
locais privados também foram prejudicadas.
Os escritórios e
suspeitos investigados pela força-tarefa estão atualmente localizados em São
Paulo, Rio, Fortaleza, Recife, Manaus, Salvador, Belém, Natal e Teresina.
Outra modalidade de
fraude que está sendo investigada envolve a contratação dirigida de empresas
ligadas a funcionários públicos (de áreas como Cultura e Eventos) que vem
mantendo monopólio no fornecimento de equipamentos e infraestrutura para
grandes shows, como som, iluminação, segurança e até banheiros químicos.
As informações são do UOL.
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