Como a
música entrou em sua vida? Alguém o introduziu?
- Na família de meu pai eram todos músicos e cresci
nesse ambiente ouvindo minha avó e tias tocando piano e meu pai violino, mas só
fui me interessar pelo violão (meu instrumento), quando meu irmão mais velho
deixou seu violão emprestado comigo, eu tinha 16 anos nessa época e quando ele
veio pegar o instrumento de volta eu já tocava mais do que ele, que acabou me
dando o violão. Então, posso dizer que quem me introduziu na música foram meus
familiares.
Qual é a sua
especialidade musical?
- Violão, mas também domino bem o bandolim e consigo
brincar com os demais instrumentos.
Como você
foi descobrindo seu território criativo? Como o descreveria?
- Desde cedo, assim que aprendi os primeiros acordes
já comecei a compor. Eu diria que criar é o grande momento do músico, é quando
conversamos diretamente com Deus, sem intermediários...
Que músicos
ou bandas foram inspiradores em sua carreira?
- Vários músicos, mas principalmente os grandes nomes
da música instrumental brasileira: Egberto Gismonti, Hermeto Pascoal,
Villa-Lobos, etc.
Você prefere
trabalhar individualmente ou em grupos?
- Das duas formas, mas em grupo é mais prazeroso.
Você alguma
vez acordou com uma melodia em mente e que virou música?
- Não me lembro, mas com certeza isso já aconteceu e
vai acontecer de novo. Assim espero...
Tem algum
momento especial para compor?
- Não, mas normalmente existem situações que nos
motivam. Um amor, um filho, um amigo, ou mesmo um acontecimento, um local, como
Rosal que é inspiração pura...
Prêmios,
concursos e outros reconhecimentos que você queira mencionar?
- Já fui premiado em vários Festivais de Música
(Miracema, Carmo – RJ, Pirapetinga – MG, Petrópolis – RJ, entre outros). Prêmio
Mérito Cultural Dr. Hermes Simões Ferreira em 1990.
Tem alguma
parte de seu trabalho que você menos gosta?
- Hum! Acho que só quando os ensaios e apresentações
não saem como planejados.
Três canções
que fazem parte de sua vida?
- Três é muito pouco, mas vamos lá:
“Swing Isadora” composição que fiz para minha Filha
Isadora Pereira Nunes.
“Tirando Pedras do Caminho”, meu 2° choro, que traduz
bem a trajetória de um músico em nosso país.
“Nosso Olhar” composição feita para minha esposa
Guacira Pereira Nunes.
Essas três canções literalmente fazem parte da minha
vida.
Que estilo
musical não é de seu agrado?
- Não existe um estilo que não me agrade, gosto de
todos, desde que sejam bem tocados e no caso de canções com letras, que essas
tenham conteúdo.
Um cantor (a)
ou banda de quem você abriria um show?
- Teriam vários, mas pode ser o Guinga.
Você chegou
a participar do Festival da Canção aqui de Miracema? Ainda tem esperança que um
dia ele volte como nos bons tempos?
- Sim. O festival de Miracema alcançou um excelente
nível nas décadas de 70 e 80, em 2005 e 2006 voltou com a mesma qualidade, pena
que novamente foi interrompido, espero que volte sim...
A nossa
cidade está carente de espetáculos musicais? O projeto “Viver Legal, Viver
Cantando” – que fez muito sucesso – pelo menos uma vez por mês deveria fazer
parte de uma agenda cultural?
- Não só nossa cidade, mas a Região toda. Projetos
como o “Viver Legal” infelizmente não tem continuidade por falta de apoio do
poder público. Destaco ainda que em nossa cidade não temos um local adequado
para apresentações, como em Itaperuna e Pádua que possuem excelentes teatros.
Venho realizando anualmente o Recital Carlinhos Moreira, Alunos e Convidados,
que vai para a sua 27° edição, não é nada fácil organizar esse evento, a prova
disso é que esse ano por falta de apoio não devemos conseguir realizá-lo.
Nota do
blog: Esse recado do Carlinhos é de fundamental importância: “Destaco ainda que
em nossa cidade não temos um local adequado para apresentações, como em
Itaperuna e Pádua que possuem excelentes teatros”.
Você como
professor de música, qual a avaliação que faz do interesse dos jovens miracemenses
em aprender a tocar os instrumentos musicais?
- Nunca foi tão fácil estudar música, não só em nossa
cidade, mas em qualquer parte do mundo. Todas as informações estão disponíveis
na net, mas essa “facilidade”, não garante nada se a pessoa não se dedicar e
aí, vejo que são poucos os realmente interessados em aprender música (ou
qualquer outra atividade). Nosso país infelizmente não valoriza sua própria
arte e a educação continua (por interesses dos governantes) andando na contra
mão. Os jovens e crianças são bombardeados pela mídia que lhes entopem músicas
de “entretenimento” que não lhes permitem pensar sobre os elementos que compõem
uma música, como melodias e harmonias e priorizam os ritmos, assim como letras
sem poesia, fúteis e até mesmo vulgares. O resultado é que eles crescem sem
conhecer a verdadeira música.
Uma
personalidade histórica?
- Na música sem dúvida Villa-Lobos.
Uma coisa
que você não abre mão?
- A verdade.
O que pra
você é definitivamente ridículo?
- A mentira.
O que você
gostaria que as pessoas entendessem?
- Elas mesmas. Cada um pode ter a sua visão dos fatos.
É muito importante que cada um tenha a sua...
Tem alguma
coisa que um dia te encantou e hoje não encanta mais?
- Com certeza sim. Porem o contrário é bem provável de
ainda acontecer. Se quisermos evoluir temos que estar abertos às mudanças,
então, o que não me encanta hoje, pode me encantar amanhã...
Qual a
cidade mais bonita do Brasil?
- Não sei, mas a que me faz mais feliz é Rosal, Distrito
de Bom Jesus do Itabapoana.
Rosal |
Em qual
projeto musical está investindo atualmente?
- O mais recente é sobre disponibilizar aulas de
violão num canal do Youtube para acesso de todos que queiram tentar aprender
esse maravilhoso instrumento. Não é fácil, mas basta ter disposição e praticar
sempre. O importante no final é sentir o prazer de tocar uma canção, não
importa se simples ou complicada, isso não tem preço...
E também na realização dos Recitais e das
apresentações do Grupo: “Academia do Choro”.
Fale um
pouco sobre o projeto 101 Pássaros Livres, que é um registro das aves de nossa
região? A receptividade está dentro de suas expectativas?
- Sim, estamos voando alto e não vamos parar nos “101
Pássaros Livres”. Já se encontra no ar o canal “PÁSSAROS LIVRES” (Youtube) que
vai dar continuidade ao projeto. O n° 102 “João-bobo” e o n° 103 “Canário-do-campo”
estão disponíveis e a cada semana uma nova espécie vai ser incluída, agregando
conhecimento do meio ambiente onde vivemos. Tenho feito palestras para divulgar
o projeto e sempre mostro uma foto de um “Elefante” e todos, crianças e
adultos, reconhecem imediatamente o animal, sabem onde ele vive e que aqui só
existem em zoológicos ou em circos, já quando mostro a foto de um “Cuitelão”,
ninguém conhece, não sabem qual sua função no equilíbrio de nosso ecossistema.
Essa é a principal meta dos 101 Pássaros Livres, educar, conscientizar e
agregar os jovens na luta por um mundo melhor.
O que
aconselharia a alguém que quer começar na carreira musical?
- Dedicação, dedicação e um pouco mais de dedicação e
não se esqueça de curtir a música, fazer um som é uma das melhores coisas que
existe...
Nota do blog: agradeço ao Carlinhos pelo bate-papo e
que você, um músico respeitadíssimo, continue com esse sucesso em sua caminhada
profissional e nos projetos, pois o nosso país precisa de pessoas inteligentes que
não se acomodam e que estejam sempre em crescimento constante.
Parabéns duplo, ao entrevistador, que foi direto, inteligente e incisivo, e ao entrevistado, simplesmente genial, como se isto não fosse em um gênio como o professor Carlinhos Moreira. Miracema ainda tem jeito e gente.
ResponderExcluirAdorei! Excelente trabalho vem realizando o Carlinhos há longos anos nos encantando com os acordes de sua arte. Parabéns!
ResponderExcluirShow de entrevista! Compositor Beto Miracema.
ResponderExcluirParabéns amigo e irmão Carlinhos e congratulações, igualmente, ao amigo Tadeu pela entrevista. Abraços!
ResponderExcluirExcelente a entrevista!
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