Thomaz Soares da Silva nasceu em São Gonçalo-RJ,
em 14 de setembro de 1921. Meia de técnica refinada, dribles curtos e desconcertantes,
chutes com mais malícia do que força. Chutava com a perna direita ou com a esquerda. Armava e concluía com a mesma eficiência
e categoria. Zizinho foi um jogador completo. Atuava no meio, no ataque, sabia
marcar e era ofensivo. Suas qualidades o levaram rapidamente ao time titular do Flamengo e à Seleção Brasileira.
Os anos 40 foram férteis para o futebol brasileiro.
Entre os diversos craques que despontaram naquela época, estava um certo Mestre
Ziza, o ídolo do Rei Pelé. O apelido "Ziza", que nasceu por obra e graça de um tratamento carinhoso do cantor e torcedor rubro-negro, Ciro Monteiro, acabou ganhando força e ressonância nas emocionantes narrações de um dos mais famosos locutores da época, o Professor Oduvaldo Cozzi. Daí ter ele ingressado na história do futebol como "Mestre Ziza". É considerado por muitos o mais completo jogador brasileiro depois de Pelé. Por onde jogou deixou o seu nome marcado e foi ídolo. Na galeria dos maiores de todos os tempos há de estar reservado um lugar de honra para Zizinho.
São Gonçalo e Niterói já conheciam a fama do garoto. A notícia de que nascia um craque no modesto Byron cruzou a Baía de Guanabara - alguns olheiros cariocas pegavam a barca para ver Zizinho, comprovar o que diziam. Antecipando-se aos convites, ele foi tentar a sorte no América, time pelo qual torcia. Foi uma grande decepção. A quem foi apresentado, ouviu a resposta que não queria: "Você é muito pequeno e o América tem meias de sobra". No São Cristóvão, foi pior ainda: ao tentar um drible, sofreu uma forte pancada no joelho e saiu de campo carregado. Não voltaria a Figueira de Melo.
Zizinho jamais imaginaria que o Flamengo seria o seu destino. Não que fosse indiferente ao clube. É que o Flamengo era um time cheio de cobras. Um auxiliar do técnico Flávio Costa foi a Niterói buscar Zizinho. Após as conversas iniciais ficou acertado que ele faria um treino de experiência. Aos 18 anos, no primeiro treino pelo clube da Gávea, ele já
mostrava forte personalidade. Escalado pelo técnico Flávio Costa para entrar no
lugar do grande Leônidas da Silva, que se contundiu, não se intimidou. Foi para o campo e marcou
dois gols. Ele entrou com jeito de quem sabia o que fazer e saiu com jeito de craque. Treinou como um veterano. O fato é que era craque muito antes de chegar à Gávea. Melhor dizendo: um gênio. Teve o contrato assinado imediatamente. A partir daí, Zizinho
desfilou o seu talento pelo mundo afora por mais de duas décadas. Só pelo Flamengo,
dez anos de sucesso. Ele
foi o grande líder da histórica conquista do tricampeonato carioca de
1942/43/44, o grande nome rubro-negro na década de 40. Atuou em 328 jogos e marcou 145 gols. Dividia com Biguá a condição de ídolo. Ele, pelo virtuosismo, pelo futebol e craque. Biguá porque usava o coração, tinha a força e o entusiasmo da torcida.
A sua saída do Flamengo para o Bangu o deixou muito magoado, pois
achou que a diretoria não foi grata por tudo que ele fez pelo clube. A torcida do Flamengo nunca entendeu aquela negociação. Zizinho ficou sabendo de sua transferência através de um telefonema do presidente do Bangu, Guilherme da Silveira, que estava reunido com Dario de Melo Pinto, presidente do Rubro-Negro. No primeiro
jogo contra o seu ex-clube, vingou-se da humilhação: Bangu 6 a 0. Assinalou 125 gols em 274 jogos pela equipe banguense.
Em 1957,
depois de oito anos no Bangu, já com 36 anos, foi defender as cores do São
Paulo e acabou conquistando o título paulista do mesmo ano. No futebol paulista também foi reverenciado. Pelo Tricolo atuou em 66 jogos e marcou 27 gols. Entre maio e julho de 1959, Zizinho disputou o Campeonato Paulista da 2ª Divisão pelo já extinto clube São Bento, de Marília. Foram 11 jogos e 3 gols marcados. O que também pesou para essa breve passagem pelo interior foi a presença do técnico da equipe, seu amigo Danilo Alvim. Depois, ainda atuou
no futebol chileno, encerrando a carreira no Audax Italiano aos 40 anos, em 1962.
Pela Seleção Brasileira, a sua passagem também foi espetacular.
Nem a perda da Copa de 50, no Maracanã, ofuscou o brilho do Mestre Ziza. Foi
considerado o melhor jogador do mundial, o único que participou. Com a camisa
da Seleção foram duas importantes conquistas: a Copa Roca de 1945, quando o
Brasil aplicou a maior goleada da história sobre a Argentina (6 a 2), e o
Sul-Americano de 1949. Vestiu a camisa canarinho em 54 jogos e marcou 28 gols, sendo 53 oficiais e 27 gols.
Em 08 de fevereiro de 2002, morreu em sua casa, em Niterói, vítima de problemas cardíacos. Foi-se o homem e fica sua história de um gênio do futebol.
Em 08 de fevereiro de 2002, morreu em sua casa, em Niterói, vítima de problemas cardíacos. Foi-se o homem e fica sua história de um gênio do futebol.
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