quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

POUCO LEITE, MUITO SAL: ESTUDO MOSTRA POBLEMÁTICO CENÁRIO NUTRICIONAL DAS CRIANÇAS


Uma nova pesquisa mostra o problemático cenário nutricional pelo qual passam as crianças. O estudo The Infant and Kids Study foi feito pelo Ibope a pedido da Nestlé e apontou, entre outras coisas, que metade das crianças de 0 a 12 anos está acima do peso e que há muito sódio e pouco cálcio em suas dietas.

Um dos possíveis motivos desse cenário é a baixa quantidade de atividade física e elevado tempo gasto na frente de telas. Metade das crianças é sedentária, especialmente antes dos 5 anos de idade, onde o índice pode chegar aos 90%. Quase 50% das crianças entre um e dois anos já ficam mais de duas horas na frente de uma tela diariamente. Daí em diante, o fenômeno só aumenta: na faixa dos 7 aos 12 anos, 75% dos jovens ficam mais de quatro horas por dia grudadas em TVs, tablets e celulares.

Na prática, o cenário da pesquisa – feita com 1.000 famílias, com representatividade de todos os níveis socioeconômicos– mostra a consolidação de um cenário ruim para a saúde pública. Segundo dados do IBGE, em 1974-75 havia 14% de sobrepeso/obesidade em crianças de 5 a 9 anos no país. Em 1989, o índice subiu para 19% e na pesquisa de 2008-09 foi para 51%. 

SÓDIO

Dois dos achados que mais preocupam são o alto índice de sódio e o baixo de cálcio na dieta. A recomendação diária de sódio é de 2 gramas, o que equivale a mais ou menos 5 gramas de sal de cozinha. A meta é superada por 47% das crianças entre 1 e 3 anos, e por mais de 70% nas faixas etárias seguintes. Somado aos altos índices de gorduras, presente nas dietas de 29% das crianças, o alto consumo de sódio pode fazer com que as crianças “antecipem” as doenças de adulto, como colesterol elevado e hipertensão.

Para o caso de excesso de gordura e de açúcares (9%) é mais fácil imaginar os motivos. “Tem criança de um ano que já bebe mamadeira de Coca-Cola, come batata frita e salgadinhos industrializados. A gente deveria trabalhar com a população para evitar ao máximo esse tipo de alimento, principalmente no começo da vida”, diz Isa.

O problema, explica a nutricionista, é o paladar infantil, especialmente nos primeiros dois anos de vida, que pode “aprender” a gostar só do que não deve. “Depois que come um salgadinho [que geralmente contém quantidade elevada de gordura e sódio], qualquer outra coisa fica sem graça”, explica. Outra preocupação: as crianças não tomam mais tanto leite. Na faixa dos 9 aos 12 anos o déficit de cálcio é de 84%.

Fonte: Folha de São Paulo 


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