segunda-feira, 24 de julho de 2017

BLOG ALMANAQUE (1980) – O DEBATE DA DÉCADA PROMOVIDO PELA REVISTA PLACAR

Zagalo, Aymoré, José Maria de Aquino e Brandão
Zagalo, Oswaldo Brandão, Claudio Coutinho e Aymoré Moreira – todos ex-técnicos da Seleção – e Telê Santana, o atual, sentam numa mesa e falam abertamente sobre os problemas do nosso futebol. E sobre as soluções que poderão devolver ao Brasil a condição de melhor do mundo. Assim foi o debate promovido por Placar, em março de 1980, no Rio Palace Hotel, na cidade maravilhosa, para comemorar os dez anos da revista.  
Juca Kfouri, Coutinho, Marcelo Rezende e Telê. 
O objetivo do encontro foi discutir a evolução do futebol brasileiro, o que tem de ser feito agora – imprensa, técnicos, profissionais do futebol – para levar o Brasil a ganhar novos títulos, voltar a ser a primeira força do futebol mundial. O miracemense José Maria de Aquino, Juca Kfouri e Marcelo Rezende, representaram a revista, com a participação de outros jornalistas, entre os quais: Oldemário Touguinhó, Airton Baffa, Achiles Chirol, Luís Mendes, Paulo Stein, Sérgio Noronha e Geraldo Pedrosa. Um verdadeiro encontro de feras!  

Alguns dos problemas levantados há anos continuam até os dias atuais.  Não transcrevo a matéria na íntegra, mas alguns comentários feitos pelos técnicos, que foram destacados na reportagem:

Brandão: “O grande erro dos dirigentes é achar que as divisões inferiores são um investimento muito caro.”

Coutinho: “Proponho a mudança da expressão divisões inferiores para divisões básicas. Teria importância psicológica.”

Zagalo: “Se no meu tempo não houvesse a categoria de aspirantes, eu não sei se teria sido bicampeão mundial.”

Aymoré: “Muitos times de juvenis estão entregues a homens incapazes, sem condições morais, verdadeiros  marginais.”

Telê: “O jogador brasileiro não gosta de marcar e nem de ser marcado. Isso acabou. Até o ataque tem que marcar.”

Coutinho: “Na Europa, os técnicos fazem vários cursos. Aqui, o jogador para hoje e começa a dirigir o time amanhã.”

Telê: “A Taça de Ouro não pode ter mais de 24 clubes. A de Prata, para mim, poderia ter 100, até 200.”

Coutinho: “Vejo Júnior um novo Nílton Santos. Ele é do mesmo nível. É um supercraque. Vai marcar época.”

Aymoré: “Concordo com a necessidade de instruir os futuros jogadores. Mas, antes, deveríamos escolher os técnicos que vão dirigi-los. Porque muitos dos que os dirigem não têm condições de ensinar nada.” 

Zagalo: “Na Copa de 82, na Espanha, a marcação será implacável – ninguém vai lá para deixar o adversário jogar. Tem que saber jogar com a bola limpa, o que todo mundo sabe fazer, e saber jogar com marcação em cima.”

Aymore: “O primeiro passo é a moralização da classe dos técnicos.”

2 comentários:

  1. Brandão: “O grande erro dos dirigentes é achar que as divisões inferiores são um investimento muito caro.”
    (Pura verdade)

    Coutinho: “Proponho a mudança da expressão divisões inferiores para divisões básicas. Teria importância psicológica.”
    (???????)

    Telê: “O jogador brasileiro não gosta de marcar e nem de ser marcado. Isso acabou. Até o ataque tem que marcar.”
    (Telê previu o futuro)

    Coutinho: “Na Europa, os técnicos fazem vários cursos. Aqui, o jogador para hoje e começa a dirigir o time amanhã.”
    (Viu Rogério Ceni, viu Petkovic)

    Coutinho: “Vejo Júnior um novo Nílton Santos. Ele é do mesmo nível. É um supercraque. Vai marcar época.”
    (Que delírio, só pode ser brincadeira. Melhor ler isso que ser cego. Daqui a pouco aparece nosso amigo flamenguista revoltado rsrs)

    Aymoré: “Concordo com a necessidade de instruir os futuros jogadores. Mas, antes, deveríamos escolher os técnicos que vão dirigi-los. Porque muitos dos que os dirigem não têm condições de ensinar nada.”
    (Cristovão Borges,Rogério Ceni,Argel Fucks,Joel Santana,Lula Pereira, etc etc etc)


    Alex Pinho

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  2. As opiniões doa tecnicos citadas no blog correspondem a mais perfeita visão do que se apresentou para o futuro. O futuro que se tornou passado confirmou plenamente mas ainda continuamos parados no tempo.

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