sexta-feira, 21 de setembro de 2018

POLÍTICA E POLÍTICOS (PARTE 2/FINAL) - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


Política é a arte de governar, ou a maneira de agir com o fim de obter o que se deseja.

Não devia tocar neste assunto, pois jamais fui político, mas através dos tempos, presenciei fatos que ficaram inesquecíveis.

Prestamos atenção em pessoas que tiveram um procedimento normal na vida, e, ao ser candidato, a qualquer cargo, nos três meses que antecedem as eleições, transformam completamente a sua identidade, passam a ser mais bem-educadas, a nos conhecer em qualquer lugar que estivermos, tapinhas nas costas, acompanham enterro, coisa que nunca fizeram antes, choram até pelo defunto que não conhecem, frequentam a missa dominical, oferecem seus préstimos após empossado, tudo, menos dinheiro...

O nosso município já teve um senador, que foi Altivo Linhares e cinco deputados estaduais: Humberto de Martino, Melchíades Cardoso, Nicanor Campanário, Sebastião Bruno e Luiz Fernando Linhares, sendo que Nicanor e Bruno foram cassados pela ditadura.

Miracema já teve, como em vários lugares do país, o grupo chamado “Grupo dos Onze”, do qual faziam parte comerciantes, agricultores, gráficos, estudantes, advogados e outros que, por acharem bonito, integravam-se neste grupo, este que seguia a cartilha de João Goulart, e muitos foram presos por ordem da polícia, uns se entregavam, outros caiam no mato e eram perseguidos pela mesma polícia até serem finalmente trancafiados.

E, nessas recordações, vou citar fatos verídicos. Um fazendeiro foi eleito vereador. Após um ano sem nada pronunciar, havendo uma sessão extra, que começou as oito horas da manhã, as 12 horas em ponto ele se levantou e pediu a palavra. Para surpresa dos outros vereadores, ele puxou a calça para cima, levantando os suspensórios, e disse: “É melhor nos sungar a sessão prá mode de nós enchê o bucho”.

Perguntado à mulher de um prefeito que acabou de se eleger, qual o prato preferido dela, respondeu: Pirex. E teve também um vereador que entrou com um projeto para tirar todas as subidas da cidade, só deixando as descidas. Um candidato, que foi policial, deu seu retratinho a um eleitor, e esse mesmo eleitor, ao se encontrar com o outro candidato, que gostava de usar peruca, olhou o santinho do ex-policial e disse: “Desse eu quero volta”.

Júlio Machado trouxe o Manoel Baú para votar. Após as eleições, Dr. Júlio mandou o Belo, motorista, levar o Manoel para a fazenda que ficava a seis quilômetros. Lá chegando, vendo o Manoel que o automóvel ia voltar vazio, disse: “É uma pena perder essa condução”; e voltou para a cidade novamente.

Um comerciante com mais de 100 empregados foi candidato, e os empregados diziam: “Não vou votar no patrão, ele já está eleito”. Não votaram, e nem ele foi eleito. O filho desse comerciante foi candidato a vereador. Deu sua cédula ao Zeca Costa. Daí há alguns dias, volta o Zeca: “Me dá mais oito cédulas porque são eleitores garantidos. ” Ao abrir a urna em Paraíso do Tobias, o candidato teve um voto, e perguntou ao Zeca: “E os oito votos que você garantiu?”. “Eu mandei para os meus irmãos lá em Mimoso do Sul”.

Um médico, muito financista, pretenso candidato, foi até à Padaria do Olegário e encomendou ao Jésus 60 pães e 100g de salame, para fazer sanduíche. O Jésus, com os olhos arregalados, respondeu: “Dr., sou o Jésus, o que faz milagres é o Jesus”. Outro vereador, num seu discurso, pronunciou uma frase que agredia a língua portuguesa. Todos os demais colegas caíram na gargalhada. Ele pediu a palavra ao presidente da mesa, e perguntou: “Sr. Presidente, por acaso estou defecado?”.

Nesta última sessão da Câmara, recebi o diploma de “Pai do Ano”, e, naquela solenidade, verifiquei que Gilda Tostes foi também vereadora por Miracema. Portanto, são quatro mulheres eleitas, e não três, como eu havia escrito.


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