quarta-feira, 15 de maio de 2019

DANILO ALVIM: O PRÍNCIPE QUE A TODOS ENCANTAVA COM SUA ELEGÂNCIA



DANILO Faria ALVIM nasceu no Rio de Janeiro, em 03 de dezembro de 1920. Volante de ótima técnica, hábil, clássico, é considerado um dos maiores jogadores na sua posição. Era carinhosamente chamado de “Príncipe” pelo seu estilo refinado de jogo. Foi um exemplo de determinação e perseverança, pois aos 19 anos, quebrou as duas pernas após ter sido atropelado. Corria o mês de janeiro de 1941 e o boletim médico de uma das enfermarias do Pronto Socorro – atualmente Souza Aguiar, no centro – informava que o paciente Danilo, de 19 anos, jogador do América, havia sofrido fratura nas duas pernas, sendo que na direita com a tíbia exposta. Danilo saltara de um ônibus na Praça da Bandeira e, ao tentar pegar um bonde em movimento, foi atropelado por um automóvel. Ficou 18 meses imobilizado, mas conseguiu mediante muita luta retornar aos gramados, e manter o bom futebol, recebendo o apelido de “Príncipe”. A partir do 2º semestre de 1942 iniciou a recuperação muscular. 

Antes de chegar a São Januário, Danilo Alvim jogou no Canto do Rio, em 1943, por empréstimo, dispensado por Gentil Cardoso, que logo percebeu a mancada e o levou de volta ao América. O craque chegou ao Vasco em 1946, pelas mãos do técnico uruguaio Ondino Vieira, que foi buscá-lo pessoalmente em Campos Sales, por 90 contos de luvas e 2 contos mensais. Sua estreia aconteceu contra o próprio América, deu um show de bola e o Vasco venceu por 4 x 0. Foi um dos principais jogadores do “Expresso da Vitória”, lendário time do Vasco que brilhou a partir da metade da década de 40 até o início dos anos 50. Formou uma grande linha média ao lado de Eli do Amparo e Jorge. Conquistou os títulos do carioca de 1947, 1949/50 e 1952, e do Sul-Americano de Clubes Campeões de 1948, no Chile. Jogou no Vasco até 1953 - com 307 jogos e 11 gols marcados - e com a carreira já em declínio, defendeu o Botafogo e o Uberaba (MG), onde encerrou a carreira em 1956. 

Na Seleção foi titular na Copa do Mundo de 1950. Ao lado de Zizinho, foi um dos raros a escapar das críticas após o fatídico dia 16 de julho, no Maracanã. Seu único título pelo Brasil foi o Sul-Americano de 1949. Atuou em 27 jogos, sendo 25 oficiais e 2 gols. 

Depois de pendurar as chuteiras, virou técnico e conseguiu a proeza de comandar a Bolívia em seu único título, o Campeonato Sul-Americano de 1963. Dirigiu dezenove times até encerrar a carreira, em 1984, no Flamengo do Piauí. 

Infelizmente, morreu pobre e esquecido, vítima de pneumonia, aos 75 anos, morando em um asilo, no Rio de Janeiro, em 16 de maio de 1996. 

Na seção "Onde Anda" da Revista Placar edição nº 995, de 14 de julho de 1989, Danilo Alvim já convivia com seus problemas. A seguir transcrevo alguns relatos:

Hoje, aos 67 anos, amarga a solidão de um homem doente. O pequeno apartamento de quarto e sala no centro do Rio de Janeiro abriga o aposentado Danilo e o filho Carlos Antônio, 30 anos. "Não espero mais nada da vida. Apenas a morte", diz, conformado com o tumor que o ataca. Só o amigo de muitos anos Ademir Menezes se preocupa com a situação. "Já estou preparado para o pior", desespera-se. "Ele vai morrer na miséria como muitos outros".

A morte da mulher Zelinda, há três anos, piorou ainda mais a saúde de Danilo. "Só queria ter uma morte tranquila", admite. "Acabar a vida na miséria, dependendo de um salário de fome do governo, é muito triste." 




sexta-feira, 10 de maio de 2019

ELBA DE PÁDUA LIMA (TIM): O ESTRATEGISTA



Elba de Pádua Lima, mais conhecido como Tim, nasceu na cidade paulista de Rifaina, em 20 de fevereiro de 1916. Meia-atacante extremamente hábil, inteligente, ótima colocação em campo, driblador notável, passes imprevisíveis e eficiente goleador. Marcou época defendendo o Tricolor das Laranjeiras. É considerado um dos maiores jogadores da história do Fluminense, tendo conquistado no clube das Laranjeiras seus mais importantes títulos: campeão carioca em 1936/37/38/40/41. Mais que um simples jogador, Tim foi referência nas décadas de 30 e 40 da magia do drible seco, que era sua arma preferida. 

Começou a sua carreira no Botafogo, de Ribeirão Preto, onde jogou em três oportunidades, passando por Corinthians – apenas um jogo, Portuguesa Santista, Fluminense – 226 jogos e 71 gols, São Paulo – 14 jogos e 6 gols, Nacional (SP), Botafogo (RJ), Olaria e Junior de Barranquilla, na Colômbia, onde encerrou a carreira de jogador e iniciou a de técnico, em 1951.

Foi campeão carioca em 1964, pelo Fluminense, e em 1970, pelo Vasco, quando acabou com o jejum de doze anos sem títulos do time de São Januário. Treinou diversos times brasileiros ao longo de sua carreira. 
Ele é reconhecidamente um dos maiores estrategistas do futebol brasileiro. De drible em drible, Tim aprendeu o que, como técnico, viria a ensinar: que o bom é jogar pra frente, que nada substitui a consciência profissional. O gol se faz atacando. Quem se amarra atrás, no máximo empata de 0 a 0, quando não perde de um ou mais. Quem não procura o gol, leva.

Tim disputou duas Copas do Mundo. A primeira em 1938 como jogador, quando o Brasil chegou à terceira colocação. A segunda como técnico da Seleção Peruana em 1982, na Espanha. Em 1942, como titular da Seleção Brasileira, disputou o Sul-Americano na Argentina. Suas atuações brilhantes, no domínio da bola e na liderança do time brasileiro, valeram-no o título recebido da imprensa argentina de El Peón. Pela Seleção atuou em 16 jogos – todos oficiais – e marcou 1 gol.

Morreu aos 68 anos, em 7 de julho de 1984, dois anos após a campanha histórica com a Seleção Peruana nas Eliminatórias da Copa de 1982.

Vale esse registro: a cena aconteceu durante uma peneira. Tentando conquistar a confiança do treinador através da disciplina, um dos testados afirmou que “não bebe, não fuma e não vai para a farra”. Acaba retrucado: “Pois aqui você vai aprender a fazer tudo isso”. Este era o espírito de Elba de Pádua Lima, o Tim. Um personagem singular do futebol brasileiro, tanto pela visão de jogo primorosa quanto pela boleiragem que corria em suas veias. Jogador e técnico lendário que merece ser muito mais lembrado.