As mudanças
características no corpo das mulheres no período da menopausa e,
principalmente, o aumento da circunferência da cintura podem provocar a síndrome
da apneia obstrutiva do sono (SAOS), um mal que acarreta danos à saúde como
disfunções cardiovasculares e alterações neurológicas.
A constatação é de uma
pesquisa do Departamento de Psicobiologia da Escola Paulista de Medicina
(EPM/Unifesp) – Campus São Paulo, que serviu de base para a tese de doutorado
do farmacêutico Daniel Ninello Polesel.
A síndrome atinge tanto
homens quanto mulheres e tem grande incidência entre os obesos. “O acúmulo de
gordura em especial na região abdominal comprime os órgãos internos e, no
momento em que a pessoa está dormindo, ela relaxa a musculatura dificultando o
ato de respirar”, disse o farmacêutico.
Segundo ele, existem
tratamentos como o uso de máscara, o CPAP (Continuous Positivo Airway Pressure,
que significa pressão positiva contínua das vias aéreas). “É uma espécie de
ventilador que manda o ar para dentro do organismo”, explicou o pesquisador.
A Unifesp acompanhou o comportamento do sono de
1.056 pessoas de ambos os sexos, verificando que havia mais casos entre os
homens (40%) ante 26,1% das mulheres. Mas o foco do estudo foi comprovar a
evidência científica sobre a prevalência do distúrbio entre as mulheres no
período da pós-menopausa, quando há uma queda nos hormônios femininos.
Para isso, a pesquisa
teve a participação de 407 mulheres voluntárias com idades entre 20 e 80 anos
que foram submetidas a exames de polissonografia. Nesses exames, são colocados
eletrodos na região da cabeça e uma cinta na região do tórax que permitem
acompanhar as variações que ocorrem durante o sono. Do total avaliado, 268
mulheres estavam na pré-menopausa, 43 na pós-menopausa recente (até cinco anos
da menopausa) e 96 na pós-menopausa tardia (mais de cinco anos da menopausa).
Em 68,4% dos casos, o
tipo mais grave desse distúrbio de sono estava no grupo da pós-menopausa
tardia. Também foi verificada maior incidência entre as voluntárias com a
cintura medindo 87,5 centímetros.
De acordo com Polesel,
o resultado levou a algumas considerações importantes para a avaliação clínica
como o fato de que a circunferência abdominal é mais relevante do que o Índice
de Massa Corpórea (IMC). Há mais chances de uma pessoa com acúmulo de gordura
na cintura vir a sofrer a síndrome do que outra com a massa corporal bem
distribuída, ainda que esta esteja acima do peso ideal. O pesquisador destaca,
no entanto, que a perda de peso sempre ajuda a minimizar os riscos de
distúrbios na saúde.
Faixas mais suscetíveis
a riscos
A pesquisa indicou que
as mulheres mais predispostas a desenvolver a síndrome estão na faixa entre o
início da menopausa e também no período posterior, quando são mais frequentes
os sintomas de insônia, a baixa eficiência de sono, irregularidade no padrão
respiratório, além da sensação de “ondas” de calores e suores frequentes.
Esses sintomas são
decorrentes da redução da concentração dos hormônios estrogênio e progesterona,
explicou, por meio de nota da Unifesp, a ginecologista Helena Hachul de Campos,
pesquisadora na área de sono da mulher e orientadora do estudo.
“A partir da queda
hormonal, que é fisiológica, o organismo feminino fica sujeito a consequências
negativas à saúde, como o desenvolvimento de osteoporose, alterações
qualitativas na pele, aumento do risco cardiovascular e da incidência de
distúrbios respiratórios do sono.” De acordo com a médica, a frequência desses
sintomas, em alguns casos, acaba dificultando o diagnóstico do distúrbio do
sono.
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