quinta-feira, 19 de março de 2020

GRIPE ESPANHOLA: MAL MISTERIOSO QUE DIZIMOU MILHÕES DE VIDAS

Um hospital dos Estados Unidos, em 1918, lotado de vítimas da gripe espanhola

                               



Era a primavera de 1918. A Primeira Guerra Mundial se aproximava do fim. Subitamente, os soldados começaram a cair doentes, com febre, dores e mal estar generalizado. Em poucas semanas a gripe misteriosa varria acampamentos militares nos Estados Unidos e trincheiras na Europa. Daí para as populações civis foi um pulo: em menos de um ano, a mais destrutiva epidemia da História já havia se alastrado por todos os continentes. Com sua dispersão facilitada pelas carências típicas de um tempo de guerra, fez mais de um bilhão de doentes, metade da população do mundo. Nunca se chegou ao número exato de mortes. Estima-se que a gripe espanhola tenha vitimado entre 50 e 100 milhões de pessoas em todo o mundo, se tornando um dos desastres naturais mais letais da história humana.  

Ninguém sabe a origem do vírus que matou mais gente em um ano do que a guerra em quatro. O nome gripe espanhola deve-se à virulência com que atacou na Espanha, cujo rei foi uma das primeiras vítimas. Nos hospitais americanos instalados na França foram tratadas 70.000 pessoas, 30% das quais morreram. Mas a tragédia maior foi na África e na Ásia. Em Tânger, os cortejos fúnebres engarrafavam estradas. Na Índia, onde a doença matou 4% da população, os mortos eram empilhados nas ruas. Na China, as cenas eram igualmente dramáticas. Daí a epidemia também ter ficado conhecida como gripe asiática.

No Brasil, o vírus chegou em outubro, pelo porto do Rio. Só naquele mês, contaram-se 12.000 mortos na cidade. Logo morreria até o presidente eleito, Rodrigues Alves, antes de tomar posse. A pandemia chegou a matar mais de 35 mil pessoas no país, segundo o Instituto Butantã.  Os períodos de periculosidade de infecção levaram à imposição de medidas sanitárias. Foram fechadas escolas, estabelecimentos comerciais, cinemas, cabarés, bares, festas populares e partidas esportivas foram proibidas, tudo isso para evitar a aglomeração de pessoas. Isto, pois, as atividades que exigiam maior contato interpessoal aumentavam as chances de contaminação. Foram meses em que a vida social limitou-se ao máximo.

A epidemia acabou do modo súbito como tinha começado. Deixou um saldo de um crescente interesse médico pela epidemiologia e pela pesquisa de vacinas. Mas só em 1933 cientistas britânicos identificaram o vírus que causara tanto medo e sofrimento ao mundo.

As três fases da Gripe Espanhola

- A primeira fase aconteceu entre março e abril, no Kansas, Estados Unidos, num campo de treinamento de tropas destinadas ao front da 1ª Guerra e, apesar de ter sido considerada branda, levou à morte, em todo o primeiro semestre, aproximadamente dez mil pessoas, grande parte atribuídas à pneumonia.
- A segunda fase aconteceu quando, depois de percorrer os continentes, retornou aos Estados Unidos em agosto, matando milhões, transformada “em algo monstruoso, parecendo-se muito pouco com o que é comumente considerado gripe”, com uma taxa de letalidade de 6 a 8%.
- A terceira fase foi mais moderada e aconteceu no início de 1919, de fevereiro a maio daquele ano. No entanto, “Nada – nem infecção, nem guerra, nem fome – jamais tinha matado tantos em tão pouco tempo”.

Um comentário:

  1. Meu avô materno, fazendeiro na região da Zona da Mata, em Minas Gerais, cidade de Miraí-MG, foi vítima da gripe espanhola, no ano de 1918. Deixou uma lacuna em minha vida, pois eu conheci minha avó materna e não pude conhecer meu avô. Estranho, pois minha tia e minha mãe diziam que eu era, de todos os netos, aquele que tinha mais semelhança com meu avô, e isso faz com que eu desejasse mais ainda ter o ter conhecido. Toda a família era de fazendeiros, meu avô, minha bisavó e meu bisavô. Já tentei pesquisar sobre registros de mortes pela gripe espanhola na região da Zona da Mata mineira, cidades de Cataguazes, Muriaé e Leopoldina, próximas de Miraí, para ver se existem registros de mortes em consequência da gripe espanhola, na esperança de encontrar o nome de meu avô, Antônio José de Paiva, mas nada consegui. Estranho também é que agora estou vivendo uma situação semelhante, uma pandemia de um vírus também da mesma linhagem daquele da gripe espanhola, não tão catastrófico, mas semelhante quanto ao pânico, à paranoia, e aos métodos de prevenção.
    Parabéns pelo blog. Gostei muito. Cultura e entretenimento. Já está salvo nos meus favoritos.
    Também sou papa-goiaba, natural de Paraíba do Sul, região sul do nosso querido e tão mal tratado estado do Rio de Janeiro, onde nasci em 16 de agosto de 1950. Botafoguense, por influência de meu pai, natural do então distrito de Rochedo, (hoje cidade) São João Nepomuceno-MG, terra de seu ídolo Heleno de Freitas.
    Residi algum tempo, ainda bem pequeno, por volta de 1956 1958, em Juiz de Fora, ainda no tempo em que ela tinha bondes, o excelente restaurante do SAPS, e já era uma cidade muito desenvolvida, moderna, com um comércio pujante. Já naquela época, Juiz de Fora havia implantado a "Semana Inglêsa", como chamavam na época, fechando o comércio ao meio dia nos sábados, fechando a rua Halfeld (hoje um calçadão movimentadíssimo) ao trânsito de veículos e liberando-a para pedestres. Tenho grandes e boas lembranças, apesar de a vida naqueles tempos não terem sido muito fáceis. Retornamos à Paraíba do Sul e no ano de 1959 nos transferimos, toda a família, para o estado de São Paulo, para a cidade de Cruzeiro, tinha eu 9 anos de idade. Depois, aos 26 anos, a empresa em que eu trabalhava transferiu-me para a cidade de São José dos Campos, no ano de 1976, ano também em que me casei. Resido até hoje em São José dos Campos, onde constitui família, cidade que amo e é hoje, oficialmente, a capital da região metropolitana do Vale do Paraíba paulista.
    Eu e minha esposa, aposentados, uma filha, uma netinha de 8 anos e um neto de 18 anos, que está no primeiro ano de Engenharia Química na UNIVAP, aqui mesmo, em S. J. dos Campos e, devido à pandemia, está fazendo aulas por meio digital.
    Estamos isolados, eu e minha esposa, companheira a 49 anos, 44 de casados e 5 de namoro e noivado, e nosso neto. Isolados devido aos riscos, eu tenho 70 anos, ela 67, e o neto é diabético tipo 1. Cuidados redobrados.
    Devido ao estudo, o neto reside conosco, pois os pais e a irmãzinha residem na cidade de Itajubá-MG, por motivos profissionais.
    Sempre que posso, visito a minha querida Paraíba do Sul, onde minha irmã e sobrinhos residem e meus pais estão sepultados. Aproveito e dou uma esticada até linda e querida Juiz de Fora, para matar saudades.
    Saudações alvinegras com um fraterno abraço.
    Mauro Moreira

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