segunda-feira, 16 de março de 2020

TELEFONISTAS - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


O posto telefônico era no mesmo local onde hoje está implantado um moderno conjunto arquitetônico da Telemar. Era uma casa residencial adaptada, onde muitas telefonistas se revezavam durante os dias para prestar o serviço.

Como gerente geral havia o Zé do Telefone e Dona Elisa, casada com o Joaquim do Correio, como chefe das telefonistas.


As telefonistas da Cia Telefônica Brasileira eram a Célia, Celeste, Edyr, Nice, Maria das Graças, Solange, Janete, Maria Tereza, Bolinha e Maria Luiza, que morreu recentemente e pertencia ao Grupo Reviver, e outras que não lembro. Os funcionários Newton do Telefone, José Corrêa, Domingos, Walfrido, e sempre um garoto como mensageiro.

As ligações eram difíceis de completarem. Tínhamos que pedir à telefonista que ligasse para o número tal e esperar vários minutos ou várias horas, dependendo do caso, para completar.

No jogo do bicho o resultado vinha por telefone. O banqueiro pedia uma ligação aprazada para as 02h30min e ficava na linha aguardando o resultado. Quando não conseguia, brigava com a telefonista e arranjava uma confusão dos diabos, até que um dia a telefonista mandou chamá-lo para ele ter uma ideia de como funcionava aquela parafernália, com fios para todos os lados. Em certa ocasião em que o telefone não estava funcionando, um cambista ficou sabendo do resultado antes e preencheu a pule com o bicho que havia dado e recebeu o prêmio.

Em Miracema depois foi fundada um companhia telefônica chamada Temisa, que funcionou vários anos. Após ser vendida, com o dinheiro foi adquirido o Vale do Cedro, posteriormente loteado.


Para se fazer uma ligação interurbana de Miracema para Palma, a telefonista chamava Campos, Campos chamava Cataguases, Cataguases chamava Palma e a telefonista de Palma mandava um mensageiro chamar a pessoa desejada para vir até ao posto telefônico. Nessas alturas dos acontecimentos, o defunto já havia sido enterrado.

Hoje as comunicações estão muito adiantadas, 70% da população tem um celular, mas ainda guardo na lembrança o velho Telefone, com aquela caixa grande fixada na parede e nós levávamos o fone até o ouvido para conversar sem compromisso e jogar conversa fora.

Em tempo: Meu telefone era o número 27. Passou para 277 e depois para 477. Depois acrescentaram um 520 e ficou 520477, e hoje é 38520477 – Alô, quem fala?


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