Aproxima-se a festa que
mexe com todos. A tristeza desaparece. Quando o sino da Matriz anuncia a
chegada do Natal seja você o Papai Noel. Dê um aperto de mão, um sorriso, um
abraço. Aqueles que estão fora de casa procurem um abrigo, um bar, um lugar de
refugio. Nesse dia o amor renasce em todos os lares.
Minha mãe todos os anos
armava um presépio em nossa casa e hoje meu neto Gustavo continua o mesmo
costume, além de cooperar com a ornamentação do presépio da Igreja Matriz.
O Natal hoje é
diferente dos de antigamente. Os presentes são mais sofisticados, a maioria são
jogos eletrônicos, televisão, computadores, celulares e outros mais. Lembro-me
que fazíamos compra na Loja do José de Assis e na Loja Samaritana. Os
brinquedos eram feitos de madeira como caminhões, aviões e ioiôs. As nossas
brincadeiras eram com bolas de meias, carrinhos, carteiras vazias de cigarros,
carrinhos de rolimãs, revólveres e espingarda de madeira.
Cada família comemora o
Natal a seu jeito de acordo com suas posses. O meu amigo Tião Carreiro compra
um frango, uma garrafa de vinho, bebe umas biritas e pronto, estamos
conversados. Aqui em casa era a Nilcéa quem resolvia tudo. Fazia pernil de
porco ou cabrito, empadão, cuidava do vinho e outras iguarias. Comprava
presentes para os filhos, para os netos e irmãos, para a lavadeira, a
cozinheira e o lixeiro. Ficava tudo embrulhado em cima da cama com os nomes.
Para mim, um pijama de calça xadrezinho e blusa branca. Estava desconfiado que
já ganhei aquele pijama umas três vezes.
O meu amigo Viegas conta que quando criança
ganhava presente regularmente. Seu pai era um pequeno negociante. Mas os
negócios não iam bem, então, teve que vender tudo para saldar as dívidas.
Passou a viver como pedreiro e pequenos biscates. O dinheiro sempre faltando.
Chegara o dia de Natal. Será que também Papai Noel estava sem dinheiro para
trazer os presentes? Pensou o filho. Foi dormir e no dia seguinte, ao
amanhecer, em seu sapatinho estava um jogo de soldadinhos de chumbo, que ele
mostrava a todos os seus coleguinhas para alegria geral. Mas, no dia seguinte,
os soldadinhos de chumbo sumiram. Procurou por toda parte e não os encontrou.
Hoje, casado e com filhos, vendo- os brincar lembra sempre daqueles soldadinhos
que nunca mais saíram de sua memória. Um dia sua mãe lhe revelou que o seu pai os
havia tomado emprestados para satisfazer a sua vontade uma vez que não poderia
comprar, e os havia devolvido no dia seguinte. Aí ele compreendeu o que não
passa um pai que se humilha para fazer a vontade de um filho. Ele nada falou,
mas dentro do seu peito ele gritava - Pai te amo! Tu és um grande Pai! Naquela
lição ele aprendera que o pai, para não decepcionar o filho, passou uma grande
humilhação.
O Zeca Amaral convidou
o José Carlos Rabelo e Lauro Quintal para cearem em sua casa. Havia comprado um
peru temperado, daqueles com válvula que assobia após estar assado. Serviu tira
gosto e cerveja enquanto esperava o peru assar. Lauro, mais apressado, disse ao
Zeca que ia ver o peru, pois o mesmo estava demorando a ficar pronto. – Calma,
disse o Zeca. - Quando estiver pronto ele apita. Ficaram então esperando o
assobio do apito. Como estava demorando demais abriram o forno e o peru havia
virado uma rolinha de tão assado, e o apito não funcionou.
Voninho abriu uma loja
para vender colchões, a fim de encaminhar os filhos no comercio. Com ajuda de
Dona Iaiá, avó dos rapazes, ele aplicou certa quantia na loja. Os negócios iam
bem. Aproximando-se o Natal, os netos resolveram presentear Dona Iaiá.
Aproveitaram quando ela saíra de casa, colocaram um colchão da melhor qualidade
em sua cama e atearam fogo no colchão velho. Ao chegar Dona Iaiá, foi o maior
desespero. As economias de mais de dez anos estavam dentro do colchão velho.
DEZEMBRO/2014
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