Dentro dos festejos de emancipação político-administrativa de
Miracema, que tem o dia três de maio como data comemorativa, ocorria no dia 1º
de maio, em honra ao Patrono São José Operário, uma missa no pátio da Fábrica
de Tecidos São Martino. Tive a oportunidade de participar de uma das últimas
missas que por lá aconteceram, em 1986, quando servia o Tiro de Guerra. A data
em que se comemora o “Dia Trabalhador” era aguardada com muita expectativa por
funcionários, que juntos aos familiares se dirigiam ao pátio para assistirem a
celebração em homenagem ao trabalhador. Após as missas eram servidos
chocolates, bolos e outras iguarias aos presentes. Esses momentos são marcantes
e ficam na memória daqueles que tiveram, não só o privilégio, mas a honra de
trabalhar e participar desses eventos.
Afirmo que não teve em Miracema uma família
sequer com um ou mais membros que trabalharam na fábrica. Da minha família
materna, três tias fazem parte desse contexto. A nossa cidade perdeu uma parte de sua história com o fechamento da fábrica, e mais triste ainda ficou quando o prédio foi demolido.
Homenageando todos aqueles que dignificaram com
seu trabalho em prol do crescimento e prosperidade da Fábrica e da Fiação e
Tecelagem, destaco D. Maria Pestana, que em visita à Casa da Cultura Melchiades
Cardoso, relembrou emocionada a sua época de funcionária ao tirar fotos com
algumas das máquinas que durante trinta anos fizeram parte diária de sua vida
profissional.
Clóvis Augusto de Souza (in memoriam), ex-funcionário da Torrefação de Café, e Maria Pestana de Souza formaram uma família de cinco filhos já com muitos descendentes: Carlos Augusto Pestana de Souza, Maria de Fátima Pestana de Souza, José Henrique Pestana de Souza (Quinho), Ana Lúcia Pestana de Souza e Cláudia Maria Pestana de Souza Fagundes. As tradicionais famílias Pestana e Souza tiveram muitos membros trabalhando na fábrica. Um adendo sobre os “Pestanas e Souzas” é o DNA de craques revelados para o futebol miracemense.
Francisco de Martino é um nome gravado para sempre na história de Miracema e do Estado do Rio, por ser o homem visionário que implantou uma grande fábrica no então distrito de Miracema, na época dos lampiões belgas. Para se ter uma breve noção da pujança da fábrica, em 1921, no ainda distrito de Miracema, empregava 50 operários e possuía 60 teares (máquinas para fins de tecelagem). Fabricava brins de algodão riscados, zíperes e tecidos de fantasia (algodão tinto e cru). Produziu 24.940 metros de tecidos de algodão cru e 59.024 metros de tecidos tintos e estampados.
Finalizando: Miracema respirava progresso.
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