Sobre previsões: “Jamais falei no sábado como meu time jogará no domingo. Futebol é imprevisível e na
segunda-feira podem me chamar de mentiroso. Se tenho confiança na equipe, o que
digo, na véspera, é que estamos preparados para enfrentar nosso adversário. Se
não tenho, digo que será um jogo duro. Eis a chave”.
Sobre técnicos: “Bem, cada um tem sua
norma de trabalho. Há alguns que transformam o time: ou encontram as soluções
para suas deficiências ou dão maior confiança aos jogadores. Sinceramente, não
sei se estou nesse grupo”.
Sobre métodos: “Estou no futebol há
48 anos e meu mérito, se tenho, é o de nunca deixar de trabalhar. Meu método é
esse; talvez por isso tenho alcançado um milagre: fiquei quatro anos na Seleção
Brasileira.
Sobre craques: “Não sou saudosista. O
Friedenreich, o Leônidas, o Domingos da Guia e o Tim, para citar esses quatro,
foram excepcionais em suas épocas, dentro de um tipo de futebol que se jogava
na ocasião. Isso não quer dizer que defendo a tese de que não se adaptariam ao
estilo atual. Absolutamente. O Leônidas seria hoje um fora de série, assim como
o Pelé e o Tostão deslumbrariam as platéias da década de 40”.
Sobre ídolos: “Eles só se forjam nas
grandes conquistas. Tenho a mais profunda certeza que Zito, Djalma Santos e até
mesmo Garrincha – Pelé é um caso à parte – não teriam sido os ídolos que foram
se não ganhássemos a Copa de 58. Por causa da derrota na Copa da Alemanha, não
temos hoje ídolos nacionais; apenas de clubes, de cidades. O Marinho Chagas só
será um ídolo verdadeiro se voltarmos vitoriosos da Argentina”.
Sobre estratégia: “Futebol, para mim,
resume-se ao seguinte: o jogador deve facilitar a tarefa dos seus companheiros
e dificultar a missão dos adversários, neutralizando seus pontos fortes e
explorando seus pontos fracos. Elementar? Pois esse é o trabalho do treinador”.
Sobre títulos: “O treinador ganha
para fazer sua equipe ganhar. Por isso, para a maioria, sua função resume-se em
conquistar títulos. Eu, felizmente, sempre os conquistei”.
Sobre o jogador brasileiro: “A
mistura da raça, notadamente a negra, ajuda muito o esporte. A subalimentação,
por incrível que pareça, até ajuda. Ela não deixa o indivíduo com acúmulo de
gordura, que é o maior inimigo do jogador de futebol”.
Sobre o futebol brasileiro: “Vivo há
quase 50 anos no futebol e jamais tivemos uma fase tão ruim como esta. Onde
estão os grandes craques do Brasil? Não os encontro. Há uma crise de talentos. Atualmente,
não temos cinco grandes jogadores para integrar a Seleção”. (Maio de 1975)
Sobre o futebol: “Em futebol nada é
impossível. Nada”.
Sobre a violência: “Se eu fui
violento? Meu filho, futebol é jogado com os pés. Não se precisa pedir licença
para usá-los. Eu, pelo menos, nunca pedi”.
NOTA: REPORTAGEM DE CARLOS MARANHÃO - REVISTA PLACAR/JANEIRO DE 1976.
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