A temporada mal começou e as cenas lamentáveis, dentro
e fora de campo, em Curitiba, e entre torcedores do Fortaleza, nos assustam
ainda mais.
A diversão deveria ser o prato principal. Ganhar ou
perder faz parte do esporte; matar ou morrer é coisa de bandido, não de
torcedor. Algumas pessoas extrapolam em seus sentimentos e perdem a razão.
Esses confrontos entre “marginais travestidos de torcedores” afugentam cada vez
mais o cidadão de bem que sai com sua família para se divertir, e corre o sério
risco de perder um ente querido.
Dentro de campo está muito próximo de ocorrer uma
tragédia entre os atletas. Eles não têm noção – ou têm? – que atitudes desse
tipo inflamam ainda mais aquele torcedor que já vai para o estádio com segundas
intenções.
Os mesmos torcedores que brigam entre si são aqueles
que invadem os centros de treinamentos para cobrar resultado do elenco. E lá,
em seu local de trabalho, os “atletas brigões” ficam acuados e depois reclamam
da atitude violenta de sua torcida. Já não se faz mais ídolos como
antigamente... Muito longe disso.
O nosso futebol, dentro e fora de campo, já não anda
bem das pernas faz algum tempo, mas a violência inserida em parte da torcida é
um fator cada vez mais recorrente e cresce em escala e proporções
inimagináveis.
Não é de hoje que o país passa por uma profunda crise
moral e ética, em meio à falência das instituições. E o resultado de tudo isso
está em nosso dia a dia, em que a sociedade é o reflexo de tudo. Quase que
diariamente somos “surpreendidos” com o noticiário de acontecimentos trágicos,
principalmente de balas perdidas, que de perdidas não têm nada.
A impunidade é a mãe da reincidência. Na medida em que
não se pune, não se apura os fatos com o devido rigor, isso gera um estímulo
para as pessoas acharem que está tudo solto, à vontade. Tudo isso é manifestado
no deboche dos criminosos.
O futebol é mais um segmento na triste estatística de
crimes que ficam impunes e retrata com muita propriedade o momento sombrio que
vivenciamos, num todo, sem exceções. O que nos resta é uma profunda reflexão: a
mudança está em cada um de nós.
Os "digníssimos dirigentes” têm uma parcela de
culpa muito grande nessa questão, pois diversos deles, até para se perpetuarem
no poder, subsidiam grande parte das torcidas organizadas. Aí você, meu amigo
leitor, pergunta: organizadas? Sim, respondo: organizadas para grupos de
facções criminosas.