terça-feira, 14 de junho de 2016

ONDE FOI PARAR O FUTEBOL-ARTE DO BRASIL?



É um questionamento que fazemos e ouvimos com freqüência na mídia. Após mais uma eliminação vergonhosa de uma competição oficial pela Seleção, não passando da 1ª fase da Copa América do Centenário, o tema em questão voltará ser discutido e vários são os aspectos que definem o momento atual do nosso futebol, tanto dentro como fora de campo.

O que temos por aqui atualmente? Um futebol de baixa qualidade técnica e que não encanta nem o mais apaixonado dos torcedores. Raríssimos são os jogos que assistimos e vemos alguma evolução tática, o que também implica na capacidade individual de nossos técnicos. As exceções existem – apesar de raras – para um país que tem no futebol o seu esporte nº 1. A nossa “crise” é técnica, tática, administrativa, financeira, moral e etc.

Relembrando os bons tempos:

A década de 80 foi a última que apresentou um futebol bonito de se ver, com jogadores de muita qualidade técnica. Os times atuavam com apenas um volante – que sabia jogar – dois meias de criação e três atacantes. Uma das grandes carências do futebol atual é o camisa 10, aquele ponta-de-lança clássico que chama a responsabilidade para criar e também concluir com a mesma precisão. O Zico, citando apenas um de muitos que tivemos, fazia essa função com muita perfeição. O ataque é outra carência para um país que já produziu os maiores atacantes da história do futebol mundial.

Não ganhamos a Copa de 82, mas aquele time até hoje é lembrado e reverenciado por todos. O ex-jogador e atual técnico Paulo Roberto Falcão, em relação à derrota da seleção na Copa de 82, disse o seguinte: “Acho que o futebol teria mudado se o Brasil tivesse ganhado a Copa do Mundo de 82. Predominaria o futebol técnico, de habilidade, coisa que não predominou.”

A partir dos anos 90, mesmo com o Brasil ganhando duas Copas do Mundo – 1994 e 2002 – e foi a década da afirmação de Romário e o surgimento de Ronaldo Fenômeno, não conseguiu mais apresentar um futebol coletivo que encantasse, não só a nós brasileiros, mas a todos os amantes do esporte mundial, que sempre teve o Brasil como referência do bonito de se ver e praticar. Reconheço a importância dos títulos, pois é o que fica marcado na história, e temos que valorizar – e muito – as duas conquistas. O título de 94, por exemplo, foi de um futebol pragmático, para uma competição de tiro curto, que também deu resultado pela genialidade do atacante Romário, que não ganhou o título sozinho, mas foi o ponto de desequilíbrio.  

Na última década tivemos Ronaldinho Gaúcho com momentos de genialidade no Barcelona, onde encantou a todos e acabou sendo eleito o melhor jogador do mundo. Na década atual, Neymar é o grande nome do futebol brasileiro. Já mostrou que é craque e agora busca na Europa a sua afirmação e consagração definitiva para entrar na lista dos gênios da bola. Ele joga no time que pratica com mais perfeição o que chamamos de futebol-arte, e tem como companheiro o maior “artista” da atualidade, o gênio Messi.  

Termino fazendo uma indagação a você, leitor, que acompanha futebol e tem o seu time de coração: está satisfeito com o que vem assistindo ultimamente? Mesmo com o seu time campeão, acredito que o futebol apresentado não é o que você desejaria ver.

O que vemos pela frente é sombrio...

     

7 comentários:

  1. Seu texto é muito precioso, pois permite discussão sobre uma infinidade de assuntos ligados ao futebol brasileiro e até mundial, todavia, para ficar apenas em um pequeno comentário destaco dois assuntos: 1- A nossa “crise” é técnica, tática, administrativa, financeira, moral e etc. Concordo plenamente; 2- na década de 80 tivemos a última geração de ouro e não ganhamos nada, muito bem, então como explicar isso? Só pode ser incompetência total. Adiantou termos tantos craques e nada ganharmos? Competições esportivas são realizadas com o objetivo de haver um vitorioso, um só, não tem o objetivo de jogar bonitinho e nada ganhar, pois, espetáculo no esporte é bom quando unido a vitória, exemplo: os americanos no basquetebol que, ganham dando show, mas ganham.
    Ficamos vinte e quatro anos para voltar a ganhar uma Copa do Mundo, perdemos algumas gerações de craques e nada ganhamos, ficamos pelo meio do caminho em todas, nem a praia chegamos para morrer.
    Discordo, embora respeite, a opinião daqueles que gostam de time jogando bem com derrota (contra o Peru os comentaristas da TV acharam que o Brasil jogou bem, e daí? Fomos eliminados), eu não gosto, prefiro vencer jogando mal. O meu ideal sempre foi vencer jogando bem, mas, entre perder jogando bem e ganhar jogando mal, opto pelo último.

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  2. O ideal, meu caro amigo, é ser campeão dando espetáculo, mas isso nem sempre é possível. O futebol ainda é um dos poucos esportes que nem sempre o melhor ganha, e os exemplos são diversos para comprovar tal tese. O seu comentário, como sempre, foi muito pertinente e valioso para enriquecer o debate. Eu já conheço a sua opinião formada sobre esse tema, que respeito muito e, resumindo, todos nós temos um pouco de razão nesse assunto que gera muitas controvérsias. Agradeço mais uma vez a sua participação.

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  3. .....é, deve ser....pode ser .....realmente Mauro Silva, Dunga, Zinho e Mazinho ou Edmilson, Cleberson, Rivaldo e o outro que esqueci o nome jagavam mais que Cerezo,Flacao,Socrates e Zico. Nao tem jeito, aqui no bunda de fora no David na Ezposiçao ou no Dutra a opinião é unica, teimoso. Rssss

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  4. Quanto ao tema de seu texto, vou ficar com a parte técnica apenas, tenho a certeza que entre os meninos brasileiros de algumas gerações recentes também eram craques podados por nossos professores em suas escolinhas e nos clubes que fazem suas peneiras, os "técnicos" querem manter seus empregos e pra isso acham que devem que ser campeões e pra isso jogam pra ganhar e não pra descobrirem os grandes craques.

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    1. Com toda certeza muitos craques foram podados. Muito pertinente a sua colocação. Obrigado pela participação.

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