Solicitei
ao renomado jornalista e também miracemense um depoimento sobre os Irmãos
Moreira para fazer parte do meu arquivo.
Vejamos,
então, meu amigo:
Se minha
memória infantil já não está esgarçada, lembro-me, quando ainda moleque em
Miracema da Juca, irmã de Zezé, Aymoré, Aírton e Aderbal Moreira. Jogava vôlei
e o fazia com qualidade igual à de Nilza, até onde me lembro a primeira grande
estrela no esporte a deixar Miracema e brilhar nos times de Niterói e na
seleção Fluminense. Nilza era fantástica, nos tempos que ainda não se falava em
líbero, entrada de rede, saída de rede, meio de rede, levantadora, etc. Todo
mundo exercia todas as funções de acordo com o rodízio.
Sabia, aí
em Miracema e logo aqui em São Paulo, das carreiras brilhantes de Zezé Moreira,
nascido Alfredo Moreira Júnior, Aymoré e Aderbal - todos bem mais velhos que eu. Conhecia Zezé
e Aymoré acompanhando o esporte e Aderbal pelos elogios de minha mãe, que amiga
da família, gostava de contar suas qualidades como músico. Do Aírton não sabia
nada, nem que existia, é verdade. Só fiquei sabendo dele quando surgiu aquele
time fantástico do Cruzeiro, com Dirceu Lopes, Natal, Tostão e Cia, montado por
ele, quando foi chamado para assumir o cargo de técnico, deixando o escritório
do clube. Aprendi que Aírton foi um zagueiro vigoroso, mas longe de ser um
craque. Jogou e dirigiu vários times e faleceu cedo, com 56 anos.
Conversei
e entrevistei muito Zezé e Aymoré. Mais com Aymoré, que trabalhou por mais
tempo em clubes paulistas. Zezé sempre foi muito atencioso comigo, e não porque
nascemos na mesma cidade. Quando a parteira (?) deu a palmada no meu bumbum,
Zezé já havia partido a longos anos de Miracema. Era atencioso por natureza.
Comigo e com todos os repórteres. Sabia contar uma piada e escondia um
brincalhão sobre aquela testa franzina que passava medo em alguns. Trabalhei
com ele no São Paulo e no Corinthians. Seu filho Wilson foi um bom centroavante
no Vasco, mas preferiu – acho que acertadamente – freqüentar mais a Faculdade
de Direito
Aymoré
era mais íntimo. Ia à casa de meus pais e eu freqüentava o sítio dele em
Taubaté, onde conversávamos sobre futebol, dentro e fora de campo. Em 1968 fui
ao sítio pedir a ele para me adiantar a relação de jogadores que convocaria pra
uns amistosos da seleção. Achei que ele me daria uns nomes, mas ele fez ao
contrário. Pediu para que eu botasse papel na máquina e batesse a relação que
ele levaria dois dias depois para a CBD. Eu ficaria com a cópia. Fiz isso e ele
me disse: “até o 14 não tem dúvida. Daí para frente eles podem mudar. É assim
que acontece”. E mudaram mesmo. Chamaram Paulo Henrique, lateral do Flamengo,
porque a seleção jogaria no Maracanã, Valfrido e Naldo, do Vasco (o Naldo
estava com uma costela trincada e usava colete...), chamaram o lateral Nilo,
porque jogaria em Curitiba e assim foi. Não me lembro, mas acho que acertamos
os 14 ou 15, dos 22.
Em 70
indiquei o Aymoré para fazer parte da equipe da Placar na Copa do México. Ele
assinou uma coluna na revista e outra num jornal mexicano. Ele conversava
comigo ou com o Hedyl o que queria tratar e a gente colocava na lauda. Foi um
excelente companheiro e em algumas cidades ficamos no mesmo quarto.
Gostava
de contar as histórias de Carlito Rocha, presidente do Botafogo, no tempo em
que esteve por lá e outras tantas com ele mesmo.
São
muitas e assim era Aymoré, muito amigo e não apenas porque era miracemense como
ele. Era com todos.
Abração
Gosto de ler bons textos, esse do ZMA é mais um deles, então, registro meus parabéns ao ZMA e ao Tadeu, que cada vez mais nos proporciona bons artigos no seu blog.
ResponderExcluirNão consigo mais ficar sem abir o seu blog todos os dias, como faço com o do Adilson Dutra. Os caras são bons!
Muito obrigado, meu amigo, pelas palavras de carinho. O senhor José Maria e o Adilson, como sempre, capricharam nos textos.
ExcluirE o José Aquino lembrou até do lateral esquerdo Nilo. Realmente deve ter jogado somente em Curitiba.
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