Às vezes, no passar da vida, as coisas simples com que nos deparamos no dia-a-dia não chamam a atenção. E, com o passar do tempo, após
muitos anos, é que vamos recordar fatos e pessoas que tivemos relacionamento e
outras que não mantivemos laços estreitos ou mesmo mais próximos, mas que
voltam a povoar nossas lembranças.
Quando menino via passar por nossa rua, sem calçamento,
aqueles carros de bois com seus cantos e suas toadas que nos embevecia. A
tropa de burros do Nino Machado, com 20 burros na cangalha a levar café para
ser depositado no DNC. O Ocário Bastos, com suas 12 carroças de burro a
transportar mercadorias da Estrada de Ferro Leopoldina para o comércio local.
O apito da Fábrica de Tecidos a chamar seus funcionários e,
logo após, ouvíamos o matraquear dos tamancos dos mesmos a caminhar para o
trabalho. A Usina Santa Rosa, com sua chaminé, a soltar fumaça pelas
ventas ao fabricar o açúcar cristal. As festas de formatura do Colégio
Miracemense, e as suas rainhas. Os professores Álvaro Lontra, Dr. Ribeiro,
Manoel Soutinho, Dr. Leandro, Jabs dos Santos Leão, Dona Oraide, Paulo Costa,
Antônio Siqueira, Manoel Ramos, Dr. Sílvio Freire, Carlos Lontra e muitos
outros.
A apresentação das bandas 7 de Setembro e 15 de Novembro, no
coreto da Praça de Matriz. O ipê amarelo que floria em todas as primaveras.
Os bailes no Aero Club com as orquestras de Severino Araújo, Cassino de Sevilha
e de Napoleão Tavares.
Os torneios de futebol entre as equipes do Miracema, do Tupã
e Esportivo. Os times de basquete e de vôlei, tanto masculino como
feminino, que faziam as apresentações no rinque da praça e em outras cidades.
O Banco Fluminense da Produção, que deixou muita gente no ora
veja e a ver navios. As casas comerciais: Casa Azul, Loja do Demétrio, Casa de
Ferragens do Nacib Gandour, Casa de Ferragens do Pintinho, o Bar Pracinha com o
garçom Lúcio com aquele pano mal cheiroso limpando as mesas, o Bar do Pinheiro,
o Bar do Vicente com seu pastel tradicional, o Bar do Espanhol, o Boteco do Santinho,
o Boteco do Farid, a Casa Cacheado, Casa Chicrala...
Os políticos como Altivo Linhares, Ventura Lopes, Bruno de
Martino, Melchíades Cardoso, Adumont Monteiro... e os oradores que faziam a
festa: Rolando, Briguelo e Oscarina, mulher do Gamelão.
Os taxistas: Belo, Chevrolet 38, Teodoreto, Chevrolet 39,
Tereco, Chevrolet 39, Zé Barros, Nilo Boca Larga, Zinho Saco Frio e Buka no
Ford 46.
Os farmacêuticos Scilio, Azarias, Chico Queiroz, Paschoalino
Granato e Geraldo da Emília.
O Café Moka, do Juca Peixoto, o doce quero mais, do Bar do
Osvaldo. Os pãezinhos do Leco, o bife a cavalo feito pelo Geludo, os quibes do
Ábido, a sopa do Faride com cinza de cigarro e o café requentado do Santinho. O
livro de ouro do Polaca no Carnaval, a aguardente Saudade, do Saliba, a
groselha do Lucas Damasceno, os faroestes no poleiro do Cinema Sete. Alcinda da
Vida e a mulata quenga chamada Pedaço.
E, neste mundo de meu Deus, há muitas coisas simples, que é o
sorriso das crianças, o sereno da madrugada, o perfume das flores, o vento a
roçar as palmeiras, o cantar do galo, o viver feliz e fazer o outro feliz.
Realmente são fatos, momentos e personagens que jamais vamos esquecer. Foi emocionante.
ResponderExcluirBelos tempos! Grandes recordações!
ResponderExcluirÉ impressionante, como ao ler, as imagens das lembranças vão se formando na mente.
ResponderExcluirAi eu pergunto: é ou não é para sentir saudade. Vida simples,sem as novidades de hoje, mas cheia e intensa.
ResponderExcluirQuanta lembrança boa. Na Casa do Demétrio tive meu primeiro emprego. A morena Pedaço, conheci muito.
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