José Giudice foi um imigrante italiano que fez fortuna em
Miracema. O seu armazém era um verdadeiro empório, tinha de tudo que o freguês
procurasse. Era representante de casas bancárias, comprador e exportador de
café. Financiava os seus fregueses com “prazo de colheita”, emprestava o
dinheiro e fornecia as mercadorias.
Foi um dos incentivadores do Movimento Separatista de nosso Município. Hoje, existe uma praça com o seu nome, antiga Praça dos Boêmios, agora Praça José Giudice, no início da Rua dos Gabrieis, ou Rua do Café. Com a derrocada do café em 1929, quando faliram muitos agricultores e comerciantes, ele também foi à falência.
No descrever desta crônica, vou contar fatos relatados por moradores mais antigos. O José Giudice tinha um caso com a mulher de seu compadre, também italiano. O compadre era sabedor, mas tirava proveito da traição, aceitava de bom grado aquela situação. Numa daquelas noites, chega o José Giudice na casa do compadre. Este, sem ter um lugar para ficar, se escondeu debaixo da cama. O José, depois de ter feito amor com a comadre, disse: vou trazer um par de botinas para o compadre, mas não sei o número. Grita o compadre debaixo da cama: “É trintoito compadre”!
Conta-se que, em certa ocasião, um freguês comprou um arreio. Ele, esquecendo para quem tinha vendido, debitou um arreio na conta de cada freguês. Somente dois reclamaram e todos os outros pagaram.
Um carioca gozador, sabendo da fama do comerciante italiano que dizia sempre que tinha de tudo, resolveu lhe pregar uma peça. Entrou em seu estabelecimento e pediu uma peça para o seu carro importado. Qual não foi a sua surpresa quando o José Giudice voltou do fundo do armazém e trouxe a mercadoria solicitada. O carioca foi para o Hotel Braga, onde estava hospedado, e ficou pensando num meio de tirar um sarro com a cara do José Giudice. Voltou no outro dia e pediu ao José: Quero dois quilos de PODELA. O José, espantado: O que será isto? Se não atender vou perder a fama, e disse - Passa aqui amanhã para pegar, são 30 mil reis. Volta o carioca para o hotel. Onde é que ele vai achar uma mercadoria com este nome de PODELA?
Vou dar o troco a esse carioca, pensou José Giudice. Mandou fazer uma feijoada, colocou um pouco de óleo de cróton para desandar, convidou todos os seus empregados e, após a feijoada, mandou que todos fossem ao banheiro. Recolheu todo aquele material com uma pá, colocou no forno por três horas, e, depois de seco, mandou moer e colocou numa lata bem fechada. Chega o carioca com ares de vitória. - Como é que é? Conseguiu a mercadoria? - Está aqui, são 30 mil reis. O carioca pegou um bocado do pó, cheirou uma pitada, encheu uma colher tentando descobrir o que era. “Mas isto é merda!”. O José Giudice rindo: “Não, é o pó dela!”
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