Estamos há poucos dias das eleições, e no dia primeiro de
outubro iremos as urnas para votar em nossos candidatos a prefeito e vereador.
Vamos escolher os que são melhores para a nossa cidade, os que têm mais
condições de representar a nossa comunidade; votar naqueles candidatos que já
deram provas de honradez e honestidade. Estávamos numa roda de velhos amigos e como é bom recordar, quando o assunto for política, corrupção, conte logo uma "estória" que começa, naquele tempo...
Naquele tempo, são as palavras que às vezes ouço quando
estamos em rodas de amigos. Conversando com o Chiquinho Alfaiate, ele diz:
naquele tempo do Capitão Altivo Linhares... e ao falar fica nas pontas dos pés e
estufa o peito, como se fosse ficar mais alto; “eu lembro que às vezes
políticos perseguidos vinham pedir abrigo em sua fazenda, e lá, eram recebidos
pelo mesmo, que oferecia todas as garantias como se fosse um asilado político,
e eu lembro, continua o Chiquinho, não havia ninguém com coragem de atravessar
a porteira para saber se lá estava a pessoa procurada”.
Altivo Linhares foi prefeito de 1937 a 1945 e em sua gestão construiu o Jardim da Infância, Praça Ary Parreiras, hoje Praça das Mães, remodelou a Praça Dona Ermelinda, a estação ferroviária, sendo que o primeiro calçamento foi feito em 1926, da estação rodoviária ao Hotel Braga, quando criaram uma subprefeitura que foi entregue a Ventura Lopes. Posto de saúde na rua Barroso de Carvalho, construção da Praça Getúlio Vargas; e voltou a governar de 47 a 50 construindo o Matadouro Municipal, a Maternidade, hoje Casa de Saúde São Sebastião. Governou novamente de 59 a 63, construindo o Colégio Nossa Senhora das Graças, e muitas outras obras de relevância, como a Prefeitura, de 1947 a 1950, na época gastando duzentos e sessenta e três contos de reis. Havia dois partidos em Miracema, um do Altivo outro contra o Altivo.
Naquele tempo, a primeira câmara foi formada pelos vereadores Dr. Otávio Tostes, gerente de banco e fazendeiro; Melchíades Cardoso, jornalista e industrial; Nicolau Bruno, fazendeiro; Humberto de Martino, advogado; Dr. Antônio Antunes de Siqueira, advogado e professor; Bruno de Martino, fazendeiro e jornalista; Antônio Ventura Lopes, fazendeiro, Bento, da fábrica de tecidos e Canedo, funcionário público.
Naquele tempo de criança, após as aulas do grupo escolar, encontrava sempre com os companheiros para jogar bola, que era de borracha com um furo feito a ferro quente; e a bola, levávamos no bolso e nós éramos apelidado de time da bola no bolso, apelido dado pelo Neném Brandão. Após o jogo, passávamos pelo Ribeirão Santo Antônio para tomar banho. Naquele tempo tinha água, e hoje fico pensando que os nossos filhos e netos só conhecem água de piscina. Saíamos do ribeirão e passávamos pela ferraria do Netinho, sempre ferrando uma roda de carro de boi, e a nos olhar com um só olho, quando tocávamos a bomba manual para beber aquela água fresca e cristalina, como não havia melhor em lugar nenhum. Naquele tempo de rapaz, ao passar pela praça Dona Ermelinda, ao entardecer, via sempre o Ventura Lopes, da varanda de seu prédio assobradado a olhar para cima como se tivesse perscrutando o céu e inquirindo as nuvens quando viria a chuva para molhar as suas várzeas de arroz. Ventura Lopes foi uns dos políticos que mais trabalhou para a nossa emancipação política e, no entanto, quase não se ouve falar desse homem que foi uma das peças principais do movimento separatista. Foi presidente da antiga UDN e opositor de Altivo Linhares.
E sempre em uma roda de amigos da nossa geração, quando a conversa vai se animando, sempre tem um que começa dizendo: “Naquele tempo não tinha esta facilidade de um rapaz ao começar a namorar já no primeiro dia, entra na casa dos pais, chama logo o futuro sogro de coroa, beija a sogra e por aí vai com as intimidades e acaba não casando”.
Naquele tempo, dizia o outro nosso amigo, quando começaram a fazer o campo de aviação, trouxeram para Miracema mais de trinta presidiários para trabalhar na abertura do campo. Homens que usavam somente calção e camiseta vermelha, sob o comando do Tenente Coracy, que tinha como asseclas o cabo Oto e outro indivíduo apelidado Vassourinha. Cometeram juntos barbaridades com aqueles homens desnutridos, espancados até a morte. Se não fosse a interferência do padre José Nicodêmos, mais mortes teria ocorrido. Hoje, em que o mês de setembro vem terminando, onde vimos e sentimos o cair das chuvas, o florescer dos ipês e as eleições se aproximando, e após o nosso voto, quando alguém vier falar de política ou corrupção, eu direi: Naquele Tempo...
Que saudades dos registros acima, ainda mais aos domingos acompanhado de crônica do nosso eterno Erasmo Tostes. É muito prazeroso ler o que ele escreve. Que Deus o tenha no Céu.
ResponderExcluirTempo Bom, não volta mais... Ficaram muitas saudades.,
ResponderExcluirESSE TENENTE COMETEU VÁRIAS ATROCIDADES NA REGIÃO DE CAMBUCI ,S. FIDÉLIS E ETC. ELE ERA O CÃO ,É A VOVÓ OLAVA QUE DIZIA ISSO
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