sábado, 13 de junho de 2020

FLUMINENSE E BOTAFOGO MANDAM NO RÁDIO ESPORTIVO



NOTA: TRANSCRITO NA ÍNTEGRA DA REVISTA DO ESPORTE DE 1963

Houve um tempo em que Ari Barroso escandalizou os ouvintes – e os próprios companheiros de profissão – ao confessar em pleno microfone sua grande simpatia pelo Flamengo. Isto porque a grande maioria de locutores e comentaristas esportivos sempre gostou de fazer mistério em torno de suas simpatias clubísticas, alegando que ela é autêntica faca de dois gumes, podendo dar-lhe popularidade num meio e queimar-lhes em outros... A Revista do Esporte, porém, sabe o clube de coração de cada locutor e comentarista esportivo do Rádio Carioca. E divulga a preferência de cada um, sem o intuito de lançá-los contra os torcedores, é evidente, porque todos têm as suas preferências, mas portam-se de maneira imparcial ao microfone.  

VALDIR AMARAL (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Globo) – Veio de Goiás torcendo pelo Botafogo, mas mudou quando passou a fazer esporte pela Rádio. Embora continue botafoguense, o fato de lidar diariamente com o futebol e sua gente fez com que ele passasse a adotar uma posição de absoluta neutralidade diante das ocorrências no esporte.

ORLANDO BAPTISTA (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Mauá) – Era torcedor do Fluminense quando garoto, mas mudou ao ingressar no Rádio. Fez grandes amizades no Vasco da Gama e dá extraordinária cobertura às figuras e aos fatos do clube cruzmaltino.  Às vezes se inflama e chega a parecer torcedor do Vasco. Mas o clube de sua simpatia é o Fluminense.

JORGE CURI (locutor principal da Rádio Nacional) – Não faz segredo, em pleno microfone, de que simpatiza com o Flamengo. Sem atingir o grau de ironia de Ari Barroso, às vezes não perdoa mesmo uma exibição má do Flamengo e faz críticas aos seus jogadores ou técnico, de acordo com o caso. Mas, sua opinião não chega ao ponto de prejudicar a sua atividade como relator de jogos.

DOALCEI CAMARCO (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Guanabara) – É adepto do América desde o tempo em que iniciou sua atividade no rádio, em São Paulo. Não é de ter ligação com dirigentes nem adota posição de hostilidade quando o seu clube não está realizando boa campanha. Gosta, porém, de falar sobre o América e seus problemas com outros.

CLÓVIS FILHO (locutor principal da Rádio Continental) – Antes de ingressar na Rádio Mayrink Veiga, onde começou, era torcedor do Fluminense. Na Continental, por ser amigo do técnico Marinho, passou a gostar do Botafogo. Este ano, por ser dos grandes amigos do Cel. Luís Renato, está querendo o êxito do Bangu. Apesar disso, o Fluminense continua morando em seu coração.

ODUVALDO COZZI (locutor principal e chefe do Departamento de Esportes da Rádio Mayrink Veiga) – Sempre gostou de fazer mistério em torno do clube de sua simpatia, no futebol carioca. É sabido, porém, que simpatiza com o Fluminense, embora não figure no rol dos que mostrem paixão ou azedume diante dos resultados obtidos pelo tricolor. Encara os resultados com naturalidade.

JOÃO SALDANHA (comentarista da Rádio Guanabara) – Foi jogador de basquete do Flamengo, mas, apesar disso, não nega que o Botafogo mora realmente no seu coração. Já foi técnico, aliás, do clube alvinegro, pelo qual foi campeão em 1957. Nos seus comentários, no entanto, esquece sua condição de botafoguense, mostrando-se sempre espirituoso, seja qual for o resultado do jogo.

CID RIBEIRO (locutor principal e Chefe do Departamento de Esportes da Rádio Tupi) – Sabe se controlar e não demonstra amargura quando é obrigado a descrever os lances de um jogo em que o Fluminense esteja perdendo. É admirador da agremiação tricolor desde muito tempo antes de ingressar no Rádio. Gosta de falar sobre a campanha do seu clube, porém longe do microfone.

BENJAMIM WRIGHT (comentarista da Rádio Globo) – Durante muito tempo alimentou a dúvida em torno do clube de sua predileção, julgando muitos que ele fosse torcedor do Botafogo. Gosta, efetivamente, do Fluminense, como provou, não faz muito, chegando a chefiar a embaixada do clube na Europa. Além disso, é um dos dirigentes do Departamento de Atletismo do Flu.

RUI PORTO (comentarista da Rádio Continental) – Jamais ocultou sua condição de adepto do Fluminense, embora, nos seus comentários, faça questão fechada de mostrar que não veste a camisa de qualquer clube. Há algum tempo colaborou num dos departamentos do clube tricolor, onde desfruta de grande prestígio. Não torce nos seus comentários, mostrando-se sempre comedido.

ADEMAR PIMENTA (comentarista da Rádio Mauá) – Dos mais antigos comentaristas, sempre fez mistério em torno do clube do seu coração, que é para muitos o São Cristóvão, pelas suas ligações, no passado, como clube alvo. Ele, entretanto, é admirador do Botafogo figurando no bloco dos moderados, já que recebe os resultados adversos com a mesma naturalidade, sem preocupações.

ANTÔNIO CORDEIRO (comentarista e Chefe da Seção de Esportes da Rádio Nacional) – Desde que está no Rio, procedente do Recife, simpatiza com o Fluminense. E depois que passou a fazer esportes não mudou. Porém, de uns tempos para cá, por força de uma série de demonstrações de carinho que recebeu de dirigentes do Flamengo, passou a admirar igualmente o clube dirigido por Fadel Fadel.



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