Uma chuvosa tarde de sábado de 1969, Parque
Saavedra, Buenos Aires, Argentina. O time infantil do Argentino Juniors treina
num campinho alugado no meio do bosque no parque. O garoto Gregório Carrizo,
então com 8 anos, chega acompanhado de um garoto baixinho e o apresenta para o
técnico Francisco Cornejo, que achou se tratar de um anão vindo da paupérrima
Villa Fiorito e que tentava a sorte no futebol.
No primeiro toque
na bola, Cornejo percebeu que não era um qualquer. A bola foi ao encontro do
garoto. Segundo descrição do próprio Cornejo, ele dominou a bola ainda no ar
com o pé esquerdo, sem a deixar cair na grama e, com o pé ainda no ar, voltou a
pegá-la, deu um chapéu num amigo e chutou ao gol. O fenômeno Diego Armando
Maradona nascia ali.
Dieguito foi o
melhor jogador de sua geração, um meia genial que jogou em quatro Copas do
Mundo (1982/86/90/94). Baixinho, atarracado, veloz, técnica refinada e uma
habilidade para passar a bola extraordinária. De seus pés saíram lances
divinos, mágicos, enfeitiçados. Esse camisa 10 encantou o mundo inteiro. Mal
havia completado 16 anos já estava jogando pelo Argentino Juniors. Em 1981 ele
marcou 43 gols em 45 jogos antes de ir para o Boca Juniors.
Apesar de uma participação apenas razoável na
Copa de 1982, na Espanha, ele mudou-se para Barcelona. De lá foi para o Nápoli
e conquistou de vez a Europa levando o time italiano a conquistar títulos
importantes. Na Itália jogou ao lado dos brasileiros Alemão e Careca, com quem
formou uma dupla de ataque infernal. Dentro desse período que jogou no Nápoli –
de 1983 a 1991 – foi o grande comandante da Argentina na conquista da Copa do
Mundo de 1986, no México, quando marcou seu famoso gol “Mão de Deus” contra a
Inglaterra. Levou a Argentina à final da Copa de 1990, na Itália, ficando
com o vice-campeonato.
A história do gênio
começou a mudar quando deixou o Nápoli, em 1991, em circunstâncias não muito
agradáveis, suspenso por um ano por uso de cocaína. Depois de cumprir a
suspensão, "voltou" aos gramados jogando pelo Sevilla, da Espanha,
Newell´s Old Boys, da Argentina, e retornando ao Boca Juniors para encerrar a
carreira em 1997. Durante a Copa de 1994, nos Estados Unidos, foi afastado da
competição quando seu teste antidoping detectou efedrina, que é uma substância
eficaz para a perda de peso, porém muito perigosa, e que fazia parte da lista
de medicamentos proibidos.
Assim como o gênio
das pernas tortas - o nosso Garrincha -que foi consumido pelo álcool, o gênio
argentino não conseguiu driblar o seu adversário mais difícil - as drogas. A
sua história no futebol poderia ter tido um final bem mais feliz. Os problemas
extracampo foram cruciais para abreviar a sua carreira e, consequentemente,
também com a sua saúde.
Diego nasceu em
Lanús no dia 30 de outubro de 1960. Menos de um mês após completar sessenta
anos, sofreu uma parada cardiorrespiratória e veio a óbito, em 25 de novembro
de 2020, na cidade de Tigre. Maradona estava debilitado e vinha sofrendo com
sérios problemas.
Esse faz parte do
meu álbum de grandes ídolos do futebol.
Números da
carreira:
Argentino
Juniors – 166 jogos e 149 gols
Boca Juniors
– 71 jogos e 46 gols
Barcelona –
58 jogos e 38 gols
Nápoli – 259
jogos e 199 gols
Sevilla – 29
jogos e 14 gols
Newell´s Old
Boys – 5 jogos
Seleção Argentina – 91 jogos e 34 gols