Nota: transcrito do Blog O Vagalume, publicado em 25
de abril de 2009.
Porque fui o escolhido? Pelo que disse na outra
comunidade? Agradeço pela distinção e pela oportunidade que estou tendo pra
contar um pouco da esquecida história deste Festival. Como começou, no fundo...
no fundo... eu não sei embora tenha participado ativamente da realização de
pelo menos 4 deles (1969, 1970, 1971 e 1972). Acontece que o Grêmio Estudantil
Alberto de Oliveira, do antigo Colégio Nossa Senhora das Graças, foi o
responsável pelo nascimento do Festival em 1969. Se você me permite, preciso
fazer aqui uma introdução que acho necessária para resgatar os acontecimentos que
culminaram com a criação do Festival.
O GEAO, como nós o chamávamos carinhosamente (eu, o
Luciano Mercante, o Guilherme Mercante, o Reginaldo Rizzo (grande presidente),
o Afonso Leitão, o Mauro do Prof. Manuel Soutinho, a Natércia Rossi, a Bebel e
muitos outros amigos) foi reestruturado na esteira dos grandes movimentos
estudantis em meados da década de 60, para, juntamente com o GLERB, Grêmio
Lítero Esportivo Rui Barbosa, do Colégio Miracemense, comandado por nosso amigo
Carlos Luiz, revolucionar a juventude miracemense com brincadeiras dançantes,
concursos de Rainha dos Estudantes, torneios de futebol de salão, etc. Nessa
época, revolucionamos o Colégio N. S. das Graças, dirigido pela Profª Oraide
Alves e pelo Prof. Darcy Anibal, com a transformação de seu auditório em nosso
QG. Lá fizemos uma reforma... um grande mural numa das paredes (aquilo era meu
orgulho)... uma colagem de fotos idealizada pelo Luciano (grande amigo que
tive...) que causou alguma polêmica mas que foi um sucesso. Existia uma porta lateral,
de madeira, onde fiz 4 desenhos em cartolina para cobri-la. Não tínhamos grana
e a criatividade teria que ser exercitada. Um dos quatro desenhos era a figura
legendária do Che Guevara (este desenho que se encontra nas camisetas hoje em
dia... ele fumando um charuto). Veja só minha pretensão... tivemos que tirá-lo.
Os outros 3 desenhos nem me lembro quais eram
(infelizmente não tenho nenhuma foto). Pois bem, o Grêmio, durante os anos em
que fui diretor juntamente com esses amigos, transformou os nossos finais de
semana... montamos uma excelente discoteca, fizemos muitos concursos,
palestras, movimentando a vida cultural de nossa Miracema. Cabe aqui dizer do
apoio TOTAL E IRRESTRITO da direção da escola. Eles traçaram para nós apenas,
em linhas gerais, o pensamento da direção e nunca tivemos um atrito sequer... nem
no caso do desenho do Che pois entendemos perfeitamente o posicionamento dos
diretores. Foi um período riquíssimo para nós, posso afirmar... pelo menos pra
mim foi.
Em 1968, com o término do Científico, me mudei pra Niterói e deixei para trás
minha paixão, estruturada e mais viva do que nunca.
Na esteira de tudo isso, em 1969, recebi o convite dos meus amigos que ficaram
em Miracema (não me lembro quais eram os diretores do Grêmio na época,
infelizmente), em ajudar na organização do I FESTIVAL ESTUDANTIL DA MÚSICA
POPULAR BRASILEIRA DE MIRACEMA. Não fiz muito, pois naquela época estudava pra
fazer vestibular, mas ainda pude contribuir com alguns desenhos para que fosse
confeccionado o logotipo do Festival (aquele que aparece naquela foto de jornal
onde se encontram o Carlos Gualter e Zilda Santos um tanto velha, mas que guardo
com carinho). Aquele time do Grêmio era vencedor... nem eu acreditava que
pudesse dar em algo mais importante aquele Festival. E deu no que deu... sucesso
absoluto. Aliás, ainda se usa o Hino de Abertura original escrito pelo Josemar
Tostes Poly? ("Miracema canta... na voz do seu povo as mais lindas
canções...")
Fala-se muito no Carlinhos Gualter, com razão, mas não podemos nos esquecer do
Zé Cristóvão, o Josemar, o Adilson "Penacho", a Maria do Carmo,
Flávio Ney Macedo, Fernando Nascimento, e muitos outros participantes daquele
que foi o primeiro de uma série vitoriosa. Na organização, além da chefia do
Prof. Darcy e dos que já citei acima, tinha ainda a Pingo, o Dua, o Júlio, o
João do Ulisses, amigos saudosos.
No segundo ano, 1970, já sucesso absoluto, participei ativamente da realização
já que havia perdido o vestibular... voltado pra Miracema pra esperar o
concurso da metade do ano (naquela época não existia a proliferação de
Faculdades que existe hoje... sempre havia um vestibular de meio de ano pra
preencher as vagas que sobravam) e, aí sim... mergulhei de cabeça na
organização. Aqui entra o Fernando Miguel, jornalista de Miracema que
trabalhava em Niterói e que nos abriu as portas dos jornais do Rio. Aí sim, foi
quando o Festival cresceu... a música vencedora, "Apostasia", de um
rapaz de Bom Jesus – Raul Travassos – participou do Festival Estadual no Caio
Martins interpretada por Maria Creusa. O festival ficou mais conhecido e aí
deslanchou... outro nome a ser mencionado é de José Itamar de Freitas, que nos ajudava no contato com os artistas para convidar essa galera pro júri do Festival.
Participei ainda das edições de 1971 (IIIº) e 1972 (IVº) e depois não sei
por que acabou... acho que foi por falta de apelo já que os Festivais de Música
estavam em declínio. Pra mim foi muito importante ter participado de tudo isso, pois além das
pessoas das quais já era amigo pude fazer outras amizades como a Pingo (que não
vejo há muito tempo), companheira de idas e vindas pelo Rio de Janeiro atrás de
artistas e personalidades da música. Guardo com carinho um recorte do Jornal
Última Hora, onde aparecemos (eu, ela e Tânia) dando uma entrevista para o IVº
Festival, onde deram um grande destaque... página inteira... Jorge Ben (hoje
Benjor) de um lado e nós do outro. Bons tempos.