quarta-feira, 16 de julho de 2025

GHIGGIA: AUTOR DO GOL QUE SILENCIOU O MARACANÃ EM 1950

 


O uruguaio Alcides Edgardo GHIGGIA Pereyra morreu em 16 de julho de 2015, aos 88 anos, em Las Piedras, no Uruguai. Ele foi vitimado por uma parada cardíaca, justamente no dia do 65° aniversário do “Maracanazo”.

 

O ex-atacante nasceu em 22 de dezembro de 1926, em Montevidéu, e começou sua trajetória no Atlante. De lá, foi para o Sul América até chegar ao Peñarol, clube que seria a base da seleção do Uruguai que deixou o Brasil como vice-campeão mundial. Na Itália, vestiu as camisas de Roma e uma rápida passagem pelo Milan. Retornou ao Uruguai para jogar no Danúbio e novamente no Sul América, onde encerrou sua carreira em 1968. Por incrível que pareça, jogou pouco pela seleção do Uruguai – 12 jogos e 5 gols marcados, entre 1950 e 1952 – e também vestiu a camisa da Itália – 5 jogos e 1 gol, entre 1957 e 1959.

 

Em 29 de dezembro de 2009 foi homenageado no Maracanã, colocando seus pés na Calçada da Fama. O uruguaio que silenciou o Maracanã em 1950 deixou mais uma marca no estádio. Ao se deparar com dezenas de visitantes e uma legião de jornalistas brasileiros à sua espera, o uruguaio procurou conter sua emoção. Após posar para fotos com visitantes, ser aplaudido e retribuir com acenos, ele ganhou um exemplar do livro “Os grandes jogos do Maracanã”, com sua foto logo nas primeiras páginas. “Muito bonito”, disse, sem um pingo de provocação. Num rápido discurso, com olhos marejados, agradeceu o carinho dos brasileiros e não quis responder perguntas. Tampouco falou sobre o lance fatídico, aos 34 minutos do segundo tempo, diante de um público de 173.850 pagantes.

- É uma honra muito grande e agradeço ao Brasil pelo carinho. Nunca pensei que seria homenageado no Maracanã. Me emociona muito. Agradeço de coração. Felicidades a todos no Ano Novo. Viva o Brasil!

 

A última vez que Ghiggia esteve no Brasil foi durante o sorteio para a Copa do Mundo de 2014, na Bahia. Com a sua morte não restou mais nenhum remanescente da histórica tarde do dia 16 de julho de 1950.

 

Ghiggia estragou a festa dos brasileiros na Copa de 1950.  Faltavam dez minutos para o fim do jogo, que estava empatado em 1 a 1. O resultado garantia o título inédito para o Brasil, que abrira o placar aos dois minutos do segundo tempo. Aos 21 minutos, Juan Alberto Schiaffino empatou. Ghiggia virou o jogo em lance pela direita num chute de misericórdia entre o goleiro Barbosa e a trave. O silêncio tomou conta do Maracanã às 16h50 do dia 16 de julho de 1950. Eram 200 mil pessoas paralisadas, parecendo não acreditar no que acontecia. O Brasil precisava de um empate. Saiu ganhando e perdeu de 2 a 1 para o Uruguai. Tempos depois da conquista, Ghiggia disse o seguinte: “O silêncio era tão grande que, se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos seu zumbido”. 

 

Desolados, os torcedores demoraram mais de meia hora para deixar o estádio. O choro era livre, enquanto os uruguaios recebiam a Copa do Mundo das mãos do presidente da Fifa, Jules Rimet. 


O time brasileiro criou 30 lances de gol (17 no primeiro tempo e 13 no segundo). Mas os jogadores, traídos pelos nervos, cometeram quase o dobro de faltas, um total de 21, contra apenas 11 do Uruguai.

 

Não se pode deixar de mencionar que o time uruguaio era muito bom e o oba-oba em torno da Seleção pode ter sido um fator determinante no emocional dos jogadores. Depois de tantos anos ainda procuramos motivos para justificar uma derrota que parecia pouco provável. Bastava o empate. No entanto, Ghiggia escreveu seu nome na história do futebol naquele 16 de julho.

 

sexta-feira, 11 de julho de 2025

HUGO SÁNCHEZ: O MAIOR ÍDOLO DO FUTEBOL MEXICANO

 


Hugo Sánchez Márquez nasceu na Cidade do México em 11 de julho de 1958. Atacante dono de uma canhota de excelência e extremamente ágil, difícil de ser marcado. Sua técnica, impulsão e elasticidade não demoraram a chamar a atenção.

 

Aos 15 anos ele já estava convocado para a seleção amadora do México e conquistou uma sólida reputação. Aos 17 anos foi campeão do Torneio Juvenil de Cannes, na França, e medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos. No ano seguinte foi o artilheiro dos Jogos Olímpicos de Montreal. Estava aberto o caminho para as redes do mundo. Em 1978, com apenas 20 anos, já disputava sua primeira Copa do Mundo, na Argentina.

 

Hugo Sánchez começou no Unam e logo depois teve uma breve passagem pelo futebol norte-americano, jogando no San Diego Shockers, entre 1979 e 1980. Retornou ao Unam e a Espanha foi seu destino seguinte, em 1981, atuando pelos rivais Atlético e Real Madrid até a temporada de 1992. Foram onze anos de uma passagem marcante pelo futebol espanhol.  A seguir jogou no América do México, Rayo Vallecano/Espanha, Atlante/México, Linz/Áustria, Dallas Burn/Estados Unidos, e Atlético Celaya/México, onde encerrou sua carreira em 1997.  

 

Foi campeão mexicano (1977 e 1981), da Copa do México (1975) e da Copa da Concacaf (1981) pelo Unam; da Copa do Rei (1985) pelo Atlético de Madrid; espanhol (1986/87/88/89/90), da Copa do Rei (1989) e da Copa da Uefa (1986) pelo Real Madrid. Tornou-se ídolo do Real e um dos maiores artilheiros da história do clube com 164 gols.

 


A artilharia sempre foi uma rotina na carreira de Hugo Sánchez. O atacante foi artilheiro do Campeonato Mexicano de 1979, com 26 gols, quebrando o recorde de gol na competição. Foi para o Atlético de Madrid, onde começou uma incrível sequência. Comandou a artilharia em 1985, 86, 87, 88 e 90 – quando quebrou o recorde do campeonato, com 38 gols, e recebeu a Chuteira de Ouro de maior artilheiro da Europa, empatando com Stoichkov.  Hugo impressionava com seus inúmeros gols de cabeça, voleio e bicicleta. No entanto, também tinha uma característica que chamava a atenção: a constante provocação aos adversários.

 

Hugo Sánchez disputou duas Copas do Mundo: 1978 e 1986. Na Copa de 86, no México, estava no auge de sua carreira e era a maior esperança de um improvável título mexicano. Mas o time da casa foi eliminado nas quartas-de-final. Vestiu a camisa da Seleção em 58 jogos e marcou 29 gols.

 

Maior ídolo do futebol mexicano, Hugo Sánchez se consagrou com seus gols e saltos mortais. A comemoração era uma homenagem à irmã ginasta que representou o México nas Olimpíadas de 1976.

 

segunda-feira, 7 de julho de 2025

DI STÉFANO: MESTRE DA BOLA



Alfredo Di Stéfano Lauthe nasceu na capital argentina em 04 de julho de 1926. O atacante foi um dos maiores jogadores hermanos da história e se tornou uma lenda ao defender o Real Madrid, da Espanha. Sem se importar com as comparações com Pelé, Di Stéfano brilhou defendendo equipes da Argentina (River Plate, onde iniciou a carreira, e Huracán), Colômbia (Milionários) e Espanha (Real Madrid e Espanhol, onde encerrou a carreira em 1966) fazendo o que mais gostava: gols, muitos gols. Só pelo Real Madrid foram 454.

 

Desembarcou na Espanha para se juntar a outros craques na formação de um time que dominou a Europa e disputou palmo a palmo com o Santos de Pelé o título de melhor do mundo. Foram anos de ouro. De todos os talentos que chegaram, como Puskas, Kopa, Del Sol e Didi, o argentino foi o único que participou das cinco campanhas vitoriosas na Copa dos Campeões.

 

Com 789 gols marcados na carreira, fez fama no Real Madrid, onde jogou entre 1953 e 1964 e foi o grande responsável pela conquista de cinco Ligas dos Campeões, um Mundial de Clubes, oito títulos do Campeonato Espanhol e uma Copa da Espanha. Foi escolhido o melhor da Europa em 1957 e 1959.

 

Faltou ao craque disputar uma Copa. Quando defendeu a Argentina (5 jogos e 5 gols marcados), no fim dos anos 40, não houve Mundial, devido à Segunda Guerra. Já no Real, ele se naturalizou, mas a Espanha (31 jogos e 23 gols marcados) ficou fora da Copa de 1958. Na Copa de 1962 ele era presença certa no ataque da Fúria. No entanto, pouco antes de o Mundial começar, o craque se machucou. Só estaria em condições de jogo na segunda fase da competição. A Espanha caiu frente ao Brasil ainda na primeira fase e o artilheiro voltou para casa sem o gostinho de jogar uma Copa.

 

Di Stéfano morreu em Madrid, em 07 de julho de 2014, três dias após completar 88 anos. Ele estava internado quando sofreu uma para cardíaca. Em 2005, o ídolo já havia sofrido um infarto e teve que fazer cirurgia para implantação de ponte de safena.

 

Em qualquer relação com os maiores jogadores de todos os tempos do futebol mundial, Di Stéfano é presença certa entre os dez primeiros. Sua vitoriosa carreira pode ser assim resumida: fome de gols e quase impossível pará-lo no ataque. A “Flecha Loira” esteve perto da perfeição dentro das quatro linhas.