O uruguaio Alcides Edgardo GHIGGIA
Pereyra morreu em 16 de julho de 2015, aos 88 anos, em Las Piedras, no Uruguai.
Ele foi vitimado por uma parada cardíaca, justamente no dia do 65° aniversário
do “Maracanazo”.
O ex-atacante nasceu em 22 de
dezembro de 1926, em Montevidéu, e começou sua trajetória no Atlante. De lá,
foi para o Sul América até chegar ao Peñarol, clube que seria a base da seleção
do Uruguai que deixou o Brasil como vice-campeão mundial. Na Itália, vestiu as
camisas de Roma e uma rápida passagem pelo Milan. Retornou ao Uruguai para
jogar no Danúbio e novamente no Sul América, onde encerrou sua carreira em
1968. Por incrível que pareça, jogou pouco pela seleção do Uruguai – 12 jogos e
5 gols marcados, entre 1950 e 1952 – e também vestiu a camisa da Itália – 5
jogos e 1 gol, entre 1957 e 1959.
Em 29 de dezembro de 2009 foi
homenageado no Maracanã, colocando seus pés na Calçada da Fama. O uruguaio que
silenciou o Maracanã em 1950 deixou mais uma marca no estádio. Ao se deparar
com dezenas de visitantes e uma legião de jornalistas brasileiros à sua espera,
o uruguaio procurou conter sua emoção. Após posar para fotos com visitantes, ser
aplaudido e retribuir com acenos, ele ganhou um exemplar do livro “Os grandes
jogos do Maracanã”, com sua foto logo nas primeiras páginas. “Muito bonito”,
disse, sem um pingo de provocação. Num rápido discurso, com olhos marejados, agradeceu
o carinho dos brasileiros e não quis responder perguntas. Tampouco falou sobre
o lance fatídico, aos 34 minutos do segundo tempo, diante de um público de
173.850 pagantes.
- É uma honra muito grande e agradeço
ao Brasil pelo carinho. Nunca pensei que seria homenageado no Maracanã. Me
emociona muito. Agradeço de coração. Felicidades a todos no Ano Novo. Viva o
Brasil!
A última vez que Ghiggia esteve no
Brasil foi durante o sorteio para a Copa do Mundo de 2014, na Bahia. Com a sua
morte não restou mais nenhum remanescente da histórica tarde do dia 16 de julho
de 1950.
Ghiggia estragou a festa dos brasileiros na Copa de 1950. Faltavam dez minutos para o fim do jogo, que estava empatado em 1 a 1. O resultado garantia o título inédito para o Brasil, que abrira o placar aos dois minutos do segundo tempo. Aos 21 minutos, Juan Alberto Schiaffino empatou. Ghiggia virou o jogo em lance pela direita num chute de misericórdia entre o goleiro Barbosa e a trave. O silêncio tomou conta do Maracanã às 16h50 do dia 16 de julho de 1950. Eram 200 mil pessoas paralisadas, parecendo não acreditar no que acontecia. O Brasil precisava de um empate. Saiu ganhando e perdeu de 2 a 1 para o Uruguai. Tempos depois da conquista, Ghiggia disse o seguinte: “O silêncio era tão grande que, se uma mosca estivesse voando por lá, ouviríamos seu zumbido”.
Desolados, os torcedores demoraram mais de meia hora
para deixar o estádio. O choro era livre, enquanto os uruguaios recebiam a Copa
do Mundo das mãos do presidente da Fifa, Jules Rimet.
O time brasileiro criou 30 lances de gol (17 no
primeiro tempo e 13 no segundo). Mas os jogadores, traídos pelos nervos,
cometeram quase o dobro de faltas, um total de 21, contra apenas 11 do Uruguai.
Não se pode deixar de mencionar que o time uruguaio
era muito bom e o oba-oba em torno da Seleção pode ter sido um fator
determinante no emocional dos jogadores. Depois de tantos anos ainda procuramos
motivos para justificar uma derrota que parecia pouco provável. Bastava o
empate. No entanto, Ghiggia escreveu seu nome na história do futebol naquele 16
de julho.