Nota do Blog: A entrevista foi realizada em 27 de julho.
1 – Para os brasileiros, saúde, educação, segurança e
geração de emprego são prioridades essenciais. Isto posto, o que temos visto é
que nem todo gestor tem cumprido com o prometido. O senhor, como
cidadão e prefeito, diga-nos o que foi feito em sua gestão nessas prioridades?
- Vamos começar pela saúde. Eu quero abrir essa
entrevista dizendo que eu não tive uma condição de fazer uma transição de
governo, e isso me prejudicou muito, pois de outubro até dezembro eu fui
proibido de entrar na prefeitura. Só depois que tomei posse, no início de
janeiro, é que fui tomar ciência da situação caótica da saúde, com a frota de
veículos sucateada, falta de médico, surto de dengue, falta de leitos, dívidas
com farmácias, o que acabou até afetando os pacientes com câncer, que tiveram o
seu tratamento interrompido por causa disso tudo. Inclusive, eu decretei estado
de calamidade pública por seis meses em virtude do que encontrei na prefeitura
– quero dizer calamidade pública administrativa. O gestor tem que ter
responsabilidade no fim de seu mandato em abrir as portas para aquele que vai
assumir tomar ciência da real situação do município. Esse fato me prejudicou
muito. Dentro das inúmeras dificuldades procurei resolver o problema dos
pacientes que necessitavam fazer hemodiálise, estreitando a relação com o Dr.
João Miguel, de Pádua. Contratei também duas vans para fazer o transporte dos
pacientes pra fora do domicílio, como Rio de Janeiro e Paraíba do Sul, da
locadora Lemas, vans de última geração para dar mais conforto aos pacientes. Quero
deixar bem claro que tenho o dever institucional de gastar 15% com a saúde e
hoje gasto de 30 a 35%, desde o início do meu mandato. Sendo assim, mais do que
dobro a minha obrigação institucional. Hoje, eu tenho na rede pública quase que
todas as especialidades possíveis na área de medicina, alguns estatutários e
outros contratados, considero que isso foi um avanço na minha gestão. Quando
assumi tínhamos seis PSFs bem combalidos, e além de reformarmos, construímos mais
três. Outra área de excelência é a da odontologia. Inclusive, brevemente
teremos o Odontomóvel, um trailler que vai servir a população nas regiões mais
distantes, como na zona rural. Transferimos o pronto socorro, que era no
centro, por entendermos a necessidade de estar mais perto do socorro, para o
prédio anexo ao hospital. Vamos levar agora o pronto socorro pra dentro do
hospital. Quero deixar bem claro que não existe nenhum tipo de rompimento do
poder público com o hospital, pelo contrário, estamos trabalhando juntos para
fazer o melhor pra população. Investimos muito na saúde, mas sabemos que a
saúde é um problema sério, ainda mais nesse momento que vive o país. Quero deixar
bem claro que não fiz nenhum tipo de contenção de gasto com a saúde, fiz com
outros setores. Reconheço que avançamos na área de saúde, que demos sintomas de
melhora, mas muito ainda precisa ser feito. Estamos trazendo para a rede
pública do município o tratamento para crianças autistas, em um convênio com a
Faculdade Redentor, de Itaperuna. Temos por aqui mais de 19 crianças com
autismo que hoje tratam fora da cidade e vamos realizar um serviço de
excelência para a população. Na medida em que vai aparecendo demandas a gente
vai buscando as soluções.
Quando assumimos o governo, volto a dizer, eu não
tinha uma folha de papel e nem cadeira pra me sentar, o que nos obrigou a sair
da prefeitura, onde estou até hoje fora. Sobre a educação, com exceção do corpo
funcional, que é o melhor do Noroeste, estou falando do material humano que
serve a secretaria, quero registrar isso aqui porque não é mão de prefeito que
faz qualidade na educação, é disciplina com consciência profissional que faz
qualidade, o prefeito dá suporte. Quando
peguei a educação, a matemática é uma ciência exata, ela estava em 73º colocada
no ranking estadual. Hoje, é a nº 1, e esse índice não é do prefeito Juedyr
Orçay, é do Saerj e do Ideb. Quem quiser entrar no site do governo federal e
estadual pode confirmar o que digo com relação do sexto ao nono ano. Desde o
primeiro dia de meu governo dou o kit escolar, que vai do lápis ao caderno, pois
venho de família pobre e sei da dificuldade de quem tem filho na rede pública
para comprar o material. Dou o uniforme, do tênis ao agasalho de frio. Fiz
questão de investir mais na merenda, que tem 80% de recurso de verba própria,
que é a contrapartida de 25% que nós temos que dar para a educação. A merenda
do município é de excelência e 40% é comprada do produtor rural, fazendo assim
o fortalecimento da agricultura familiar. Melhoramos a frota de veículos e
valorizamos o profissional do transporte escolar dando a isonomia aos
motoristas e pedagogas, acertando os atrasados com os professores e fazendo
capacitações. Como também já disse sobre a saúde, ainda tem muita coisa a
caminhar.
A segurança é mais do que a minha obrigação, sou
oriundo, sou policial militar, e quando assumi o governo a gente vivia em
estado de sítio, de guerra, facções criminosas tomando a cidade e os caras
famosos da cidade eram os traficantes. Tivemos fatos que marcaram a história do
nosso município.
Nota do blog: questionei novamente o prefeito que os índices de violência continuam elevados.
- Quero deixar bem claro que não virei as costas para
o problema, pelo contrário, estamos enfrentando de frente. Fui ao governador,
secretário de segurança, delegado, comandante do batalhão, e tivemos uma
redução de 50% no índice de violência, e ela não está na altura do que
desejamos, e como já foi a nossa cidade. Não é só com repressão que vamos fazer
a segurança no município. Agradeço a polícia militar, a polícia cível, a
promotoria e a justiça, pois, está sendo feito um trabalho em conjunto, para
que isso evolua para melhor.
A geração de emprego é algo que me deixa feliz, porque
também não é índice meu, é da FIRJAN. É só consultar o site da FIRJAN que
Miracema, por dois anos, bateu o recorde de geração de emprego. Até porque, eu
criei a secretaria de emprego e renda, voltada só para a geração de emprego.
Esse comportamento político me fez ganhar dois prêmios no SEBRAE como prefeito
empreendedor – 2014 e 2015. Nós tínhamos um déficit de 1.500 empregos e já
conseguimos controlar 1/3, e vou te dizer aonde. Quando nós trouxemos o
Supermercado Fluminense para Miracema algumas pessoas entenderam até de forma
errada, que o Fluminense prejudicaria o comércio aqui já instalado e não houve
nada disso. O Supermercado veio para ser mais uma opção de compra e está
trazendo muitas pessoas de fora, de cidades vizinhas, para fazer compras. Só
ali foram 126 empregos. A firma que recolhe o lixo na cidade, a Continental,
uma empresa terceirizada que a prefeitura contratou, são aproximadamente 60
funcionários.
Nota do blog: indaguei ao prefeito se é mais vantajoso
fazer a terceirização.
- Não fazemos somente a coleta, fazemos também a
destinação, e não tenho compromisso com manutenção, combustível, mão de obra, a
gente tem um preço que no final acaba valendo a pena. E vou te dizer uma coisa,
o futuro vai ser a terceirização. Mesmo que pague um pouco mais, você tem a
continuidade do serviço. Se tiver um problema com um veículo eles são obrigados
a colocar outro no lugar. Então, são mais 60 empregos nessa firma terceirizada.
A construção civil, incluindo a reforma dos estádios do Ferradurão, Francisco
Chacour, em Paraíso do Tobias, da obra do esgotamento sanitário, somando com
outras menores, dá um total de mais de 350 pessoas trabalhando na construção
civil. Com a abertura do frigorífico, que dentro de alguns dias estará
funcionando a todo vapor, que ainda depende de alguns detalhes da liberação
ambiental por conta da faixa marginal do ribeirão Santo Antônio, já são mais de
500 empregos. Para quem tinha uma necessidade de 1.500 empregos nós já chegamos
a 1/3 de nossa necessidade, como já disse anteriormente. Até o final do ano nós
estamos implantando a Godan, a Sol e Neve, ao lado do Bendengó, com 10 mil
metros quadrados de obra e mais de 100 empregos, além da promessa da Valmisa,
fábrica de camisa que está vindo pra cá. Se tudo correr bem, até o final do ano
estamos chegando à faixa de 800 a 900 empregos.
2 – Na saúde, as reclamações são mais pontuais e
direcionadas na falta de remédios, principalmente para aqueles que usam
medicamentos de uso contínuo. As reclamações procedem?
- Em parte sim. Quando cheguei ao governo teve mês de
pagar cem mil reais para remédio judicial. Hoje, graças a Deus isso reduziu
muito, e é sinal que nós tivemos competência para cuidar da saúde. A saúde é um
complicador em todo o país, quase que todo dia aparece uma doença nova, e o
dinheiro não cresce na medida em que aumenta a demanda. Não quero ser hipócrita, até porque não é de
meu feitio, mas digo que reduzimos muito isso. Se ainda temos 20% de pessoas
que reclamam dos que reclamavam antes – que era um absurdo – hoje eu cobro
muito da secretária para que não permita essas reclamações, mas têm coisas que
extrapolam e nos pegam totalmente desprevenidos, e não é por maldade que a
gente às vezes deixa de atender. Respondendo com verdade de 1 a 10 eu acho que
a gente consegue fazer 7. O resto vamos buscar soluções.
5 – Ainda falando de educação, esclareça para a classe
de professores a tão sonhada equiparação salarial com o piso nacional.
- Está havendo uma controvérsia e já vou mandar pra
Câmara por esses dias. Qual político que não quer dar aumento? Mas temos que
ter responsabilidade de dar o aumento e tem que ter condições de sustentar algo
que você deu. Já mandei fazer um levantamento e tenho dinheiro para pagar o
piso nacional. Estou esbarrando no período eleitoral, porque o meu departamento
contábil e minha controladoria, entendem que esse período não vai me permitir,
mas mesmo assim, estou entre uma obrigação federal constitucional e um período
eleitoral. Estou mandando o projeto pra
Câmara, com todos os cálculos, informando de onde vou tirar, e quero deixar bem
claro que não é um projeto eleitoreiro, pelo contrário, é um projeto de
valorização dos professores, que a gente já devia ter feito isso.
Nota do blog: interrompi o prefeito e perguntei o que
faltou para isso não ter sido feito anteriormente.
- O que faltou foi a gente ter trabalhado, priorizado
nele. Aí você me questiona que estou fazendo em cima da eleição, por quê? Estou dando em cima da eleição porque só a
partir desse ano começamos a trabalhar esse projeto. Eu não vejo problema, tudo
que eu fiz na educação, a gente fica... entre se eu faço agora, vou diminuir a
injustiça com os professores, porque eles vão passar a receber, e se eu faço
ano que vem, vou deixar pra fazer o que poderia ter sido feito de uma vez. Então,
fica na consciência de cada um, até porque, faço uma política totalmente
diferente da costumeira, e quem entender que a gente merece continuar, vai
continuar votando com a gente, e quem entender que não merece, é livre e cada
um faça a sua avaliação.
7 – A agricultura do nosso município passa por um
momento crítico. Ano após ano estamos perdendo a nossa identidade e tradição
ruralista. O encerramento das atividades da Cooperativa comprova tal afirmação.
O que o seu governo está fazendo para ajudar os agricultores?
- Quando assumimos o governo, com exceção da APROISO,
as outras seis associações de produtores rurais estavam desativadas, e atualmente
todas estão ativadas e participando. Confesso a você que tive vontade de extinguir
a secretaria de agricultura. Não encontrei nenhuma máquina e nenhum projeto em
desenvolvimento pra tocar. Resumindo: em estado lastimável. Deus nos iluminou e
eu tive a felicidade de nomear o Leonardo Gripa para secretário. Dei sorte de
fazer parcerias com o governo do estado e o secretário estadual, Cristino
Áureo, que me ajudou muito. Recebemos novas máquinas pra gente fazer a
recuperação das estradas rurais. Temos entre 300 e 400 km de estrada vicinal
que estava há anos sem ser trabalhadas. Não
se recupera uma malha dessa dimensão em pouco tempo. Convido os seus leitores
para dar uma chegadinha ao Moura para ver a estrada que nó fizemos. E também a
estrada de Duas Barras. Mas por que no Moura? São as estradas rurais que têm
mais fluxo e que produzem também. Têm lugares que a gente ainda não chegou,
pois foi feito um levantamento do número de produção, mas ainda vamos chegar. Nós já fizemos mais de 250 km de recuperação.
Temos atualmente mais de 1.500 bezerras doadas pela prefeitura, de inseminação
leiteira, pois a nossa intenção é dobrar a nossa bacia leiteira. Junto com o
frigorífico estamos trazendo a unidade produtora de leitões, porque serão
abatidos 300 porcos por dia e não é justo a gente ver os porcos vindos do estado
de Minas se podemos produzir aqui. Então, aquela falta de identidade que você
mencionou na nossa pecuária e agricultura, ela não vai ter mais. Se você
produzir leite, vai vender pra Godan ou pro nosso laticínio, se produzir boi ou
porco, vai vender pro frigorífico. Com tudo isso, a nossa preocupação agora é
trazer uma fábrica de ração, porque se vai aumentar o rebanho, obrigatoriamente
tem que se fazer uma fábrica de ração aqui. Portanto, a nossa agricultura
avançou muito nesses três anos e meio de governo.
Nota do blog: aproveitei o tema rural e questionei o
prefeito se ele tem ciência do grave problema da falta de energia que afeta os
moradores do distrito de Paraíso do Tobias.
- Tenho ciência e isso é um problema sério que a gente
tem brigado muito com a Ampla. O serviço foi terceirizado e a empresa só aplica
em investimento apenas 5% na região Noroeste. Já tivemos audiência pública com
o pessoal da Ampla para fazer a melhoria energética de nossa região. A COPAPA
está tendo problemas com os picos de energia e outras fábricas grandes já
deixaram de se instalar na região por esse motivo. Especificamente sobre
Paraíso, não vou precisar um tempo, mas já está na pauta pra ser
resolvido.
8 – Fornecedores e
prestadores de serviços reclamam do atraso em receber os seus pagamentos junto
à Prefeitura. O questionamento é procedente? Gostaria que o senhor aproveitasse
a oportunidade para fazer um esclarecimento e dar uma satisfação aos interessados?
- Dizer que a prefeitura não deve eu
estarei mentindo. A única prefeitura que tem dinheiro hoje no Brasil é a do Rio
de Janeiro, mas vamos ver depois das Olimpíadas. Não tem uma prefeitura que não
tem dívida. Eu vou responder com a seguinte resposta: quando eu fazia uma
licitação, dava dois, três fornecedores por licitação, hoje dá vinte. É sinal
que querem vender pra prefeitura. Quando assumi a prefeitura herdei uma dívida
de quase vinte milhões. Quero dizer que ainda tem inadimplência do governo
passado. Somente com a Ampla a dívida era de quase um milhão de reais. No meu
primeiro mês de governo consegui diluir essa dívida para pagar durante os meus
48 meses de mandato. Então, tem muita dívida que é do governo passado. Eu não
vou dizer pra você que também não tenho dívida. Mas as minhas dívidas, com
certeza, nós vamos pagar até o dia 31 de dezembro de 2016, porque não são
coisas absurdas. No mesmo tempo que as pessoas reclamam da prefeitura como
órgão mal pagador, quando a gente levanta o que tem na rua da prefeitura, como
imposto de banco, imposto de cartório, sonegação de imposto da OI, da Ampla,
nós temos aí... não vou nem falar de IPTU e coisas menores, estou falando dos
grandes sonegadores. Se a prefeitura tem uma dívida de cinco milhões, ela tem
quinze na rua pra receber. Então, é uma política que a gente também precisa
mudar dentro do município. Porque não se faz governo abrindo mão dos tributos.
9 – O que será feito do prédio antigo
da prefeitura? O seu mandato já está terminando e nenhuma reforma foi feita no
mesmo.
- É bom falar sobre isso, Tadeu. Eu
aproveito o espaço e as pessoas que acompanham o blog. Eu tinha duas demandas e
apenas um recurso. Quais são as duas demandas?
Eu saí do prédio da prefeitura porque ele estava insalubre e, pra ser
reformado, precisa de uma aprovação do INEPAC, é um prédio tombado pelo
patrimônio, que tem critérios para ser reformado. Não é com uma arquitetura
normal que você faz do jeito que você quer. Então, eu precisava fazer um
projeto, como já está feito, e só tinha uma verba. Eu tive que fazer uma opção:
ou gastava recuperando o prédio da prefeitura, ou gastava recuperando o prédio
da igreja matriz. E quero deixar bem claro para que não haja nenhum tipo de
confusão. A parte interna da igreja, uma obra que durou quase três anos, foi
feita com a cotização dos fieis, e eu enalteço o trabalho do Monsenhor que
lutou e tem lutado pela igreja. Eu me senti na obrigação, como chefe do poder
executivo, ali é o maior patrimônio histórico da cidade, e no momento que eu
tinha o dinheiro para fazer uma obra – ou reforma a prefeitura ou reforma a
igreja – eu não pensei duas vezes e não me arrependo, Tadeu. Se tivesse de
fazer, faria novamente. Foram gastos ali setecentos mil reais na recuperação da
parte externa. Voltando ao prédio da prefeitura, já está dentro do orçamento
para o exercício de 2017 a reforma do mesmo.
10 – A obra de saneamento que está em andamento, se
concluída, será a mais importante de seu governo? Dentro desse assunto, muitas
são as reclamações dos moradores sobre os buracos pós-obra em diversas ruas de
nossa cidade – o que já causou até acidentes. Somos sabedores que temos de
enfrentar os buracos e os transtornos seriam inevitáveis para a implantação da
nova rede. No entanto, nós, munícipes, gostaríamos de saber se a Prefeitura – de
alguma maneira – está fiscalizando os serviços de reposição do calçamento? O
que estamos presenciando é um total descaso após a colocação dos tubos.
- Eu diria que seria a obra mais importante da
história de Miracema. Se concluída, não. Será concluída! Temos ouvido essas
reclamações diariamente e pode ter certeza de uma coisa: a obra vai ser
concluída, o miracemense vai ter uma qualidade de vida futura muito superior ao
que a nossa geração teve até hoje. Desde o primeiro dia de meu governo busco
por essa obra. Essa obra é saúde, e eu sabia que seria esse transtorno. Você
sabe que qualquer obra que se faça dentro de casa gera um grande desconforto
até ficar pronta. Com relação ao que já
foi feito, nós temos os nossos fiscais. Eles ainda não entregaram a chave da
obra, ela ainda não foi concluída. Calculo que esteja a 35% de sua conclusão. Já
tentaram parar a obra por questões políticas, mas ela vai até o fim, e não vai
parar. Ainda temos a elevatória para ser feita, coisa magnífica, de primeiro
mundo. Faremos 100% da cidade. Brevemente estarei em Brasília com o ministro
para ver a 2ª fase, os outros 30% que ainda faltam da obra – quero dizer a margem
esquerda do ribeirão –, que pega o Estadual, o Campo do América, que ainda não
abriu nada, mas que também será feito. É a maior obra da FUNASA no Brasil -
podem pesquisar – para cidades com até 25 mil habitantes. Peço à população que
não deixe de reclamar, pois ela tem esse direito de reclamar, mas que tenha um
pouco mais de paciência que o resultado final será bom para todos. Farei uma
comissão com gente do povo, pra gente rodar a obra, e eles só vão me entregar a
chave depois que estiver tudo ok.
Nota do blog: perguntei ao prefeito a quem fazer as
reclamações.
- Qualquer reclamação pode ser feita na Secretaria do
Meio Ambiente com o secretário Geraldo André, e com o engenheiro da prefeitura,
o Dr. José Alfredo, todos dois são fiscais da obra.
11 – Sente-se preparado para administrar o município
por mais quatro anos? Por que o eleitor deve votar no Juedyr novamente?
- Todo dia é um aprendizado para o governante, pois
são com os erros que a gente se corrige. Acho que hoje, depois de três anos e
meio, estou mais preparado do que três anos e meio atrás. E, consequentemente,
no ano que vem estarei bem mais preparado do que estou hoje. Se o eleitor olhar
os três anos e meio do nosso governo, ele vai ver o porquê, não é do
continuísmo, mas da continuidade. A nossa cidade ainda precisa de muitas
coisas, a gente começou a trabalhar, e acho que vou estar mais preparado no
próximo mandato, e por isso vou errar menos. A resposta para o voto é o
trabalho, e eu procuro trabalhar e dar bom exemplo.
12 – Caso seja reeleito, qual é a sua principal meta
para os próximos quatro anos?
- Ainda temos muitas coisas pra fazer. Todo verão uma
das minhas grandes preocupações são as encostas, e eu estou trabalhando para
fazer essas contenções. Estou indo ao ministro para ver isso aí também. Temos
uma série de encostas e a revitalização do ribeirão Santo Antônio, que ainda
precisa de melhoras para evitar surpresas com enchentes. Temos também problemas
com enchentes em Paraíso, onde vamos fazer o dique seco. Gerar mais empregos,
melhorar muito a nossa saúde, e trabalhar pela nossa segurança. A gente só
engrenou, mas temos que pegar mais velocidade.
13 – O descrédito da classe política nunca esteve com
um índice tão elevado. O que fazer para reverter esse quadro lamentável e
vergonhoso?
- Melhorar a família, pois ninguém nasce político.
Todo político sai de uma família, aí está o nosso grande problema. No dia que
as famílias forem mais sólidas, teremos melhores policiais, melhores médicos,
melhores políticos, melhores juízes, melhora tudo.
14 – Tem algum governo aqui no Brasil que pode se
considerar um modelo?
- Não.
15 – O senhor é a favor ou contra o Voto Distrital?
Para o interior não seria um sistema eleitoral mais justo?
- Com toda certeza. Sempre defendi. Essa proporcionalidade
nos prejudica muito. Sou amigo do deputado Bournier, mas ele também entende
dessa forma. Sou totalmente favorável.
17 – Quantos contratados a Prefeitura possui em seu
quadro funcional? Em minha opinião, senhor prefeito, o “número exagerado” de
contratados é um “cabide eleitoral” de emprego, isto é, serve para empregar
protegidos de políticos. É um círculo vicioso que se repete gestão após gestão.
Como acabar com isso? Ou não tem jeito?
- Hoje, 96% do quadro são efetivos. E não estou
inadimplente com os servidores. Eu diria que temos perto de 40 contratados, não
temos mais do que isso, e parece que são 400, e nós estamos há três meses com o
pagamento dos contratados atrasado, não é mais do que isso. Nós tínhamos uma
previsão de recebimento da OI, um débito da antiga Telemar – que nos deve algo
em torno de 600 mil reais – que seria... ou será destinado ao pagamento dos
atrasados dos contratados. Na iniciativa privada é fácil fazer contenção, é só
mandar embora. Seria muito cômodo pegar os contratados e mandar embora, mas não
é minha praia. Todos eles estão cientes da situação. Acredito que a maioria dos
contratados está na área de saúde.
Nota do blog: voltei a questionar o prefeito sobre os
contratados e o uso dos mesmos como “cabide de emprego”.
- Não. Esses contratados não chegaram agora. E não são
contratados por política, eles são contratados dentro do concurso que eles
fizeram.
Nota do blog: perguntei novamente se todos os
contratados estão dentro das vagas do concurso.
- Na faixa de 98%. Para quem encontrou 50% de
contratados, eu acho que melhorou bastante.
18 – Os funcionários da Prefeitura estão mais do que
apreensivos com relação ao problema da CAMEDS. O valor descontado em folha está
sendo repassado? Se depender do prefeito o plano de saúde volta a funcionar no
corrente ano?
- Que pergunta boa, Tadeu! Você está me dando a
oportunidade de responder um assunto que terei muito que explicar nessa
campanha. Eu nunca fui contra a CAMEDS. Eu tenho um compromisso com o povo, e
acho que estou cumprindo, por quê? A
CAMEDS foi criada em 2006 de forma errada, porque você não pode pegar dinheiro
público e fazer plano privado. Quando se desconta 3% dos funcionários,
perfeito, legal. Mas, quando você pega 3% do público e não dá direito à
população de usar o plano, você está cometendo um crime. Fui orientado
juridicamente a cortar.
Nota do blog: interrompi o prefeito e perguntei
novamente se está sendo feito o repasse dos 3% que são descontados em folha.
- Totalmente. Já mandei pra Câmara – tem 120 dias – um
acordo feito com o vereador Gutemberg Damasceno, que eu enviaria um novo
projeto da CAMEDS, que está lá pra votar, e até agora nada. O meu compromisso
com a população de Miracema é de defender os interesses do povo. Quem paga o servidor é o povo. E o povo não
tem direito ao plano. Aproveito a oportunidade para orientar a todos os
servidores a entrarem na justiça contra a CAMEDS. Se não estão atendendo, quem tem que responder
isso é o presidente da CAMEDS. Até porque, houve dois bloqueios judiciais de
quase dois milhões de reais para pagar ao órgão. Dívidas pretéritas, de governos passados.
Então, eu agradeço o seu blog por me dar a oportunidade de responder a uma
pergunta que eu sei que tem muita gente que não compreende. Mas se Deus quiser
nessa campanha vai ter a oportunidade de entender.
Nota do blog: interpelei novamente e disse que essa
situação está causando um grande transtorno aos servidores.
- Transtorno esse que eu não criei. Com o
prosseguimento da situação estaria inserido no crime.
19 – O senhor é sabedor da falta que esse plano está
fazendo aos servidores e seus dependentes, e também da revolta dos mesmos com a
suspensão do atendimento médico. O que tem a dizer para a classe sobre esse
assunto?
- São duas autarquias e elas têm que ser
independentes. O presidente da Caixa de Previdência não pode gerir a CAMEDS,
tem que ser outro presidente. O projeto
está na Câmara.
Nota do blog: pergunto se o outro presidente seria
eleito pelo servidor ou indicado pelo prefeito.
- Seria uma eleição de forma democrática para
gerenciar o plano CAMEDS. Mas o problema é que quando tira a CAMEDS da Caixa de
Previdência, ninguém quer a Caixa de Previdência.
Nota do blog: indaguei, então: sendo assim, dá a
entender que o plano não volta.
- Se dependesse de mim ele não podia nem ter parado. Eu
não sei nem porque que ele parou. Até porque eu não tenho nenhum tipo de
autoridade sobre ele.
Nota do blog: a alegação para a suspensão do plano foi
a falta de recursos.
- A pessoa mais indicada para responder essa pergunta
é o presidente do CAPPS. Eu proponho fazer uma mesa redonda para debater isso.
20 – Ainda sobre essa questão da CAMEDS, o senhor não
teme que todo esse imbróglio possa afetar a sua candidatura?
- Não. Porque eu tenho certeza que a população de
Miracema é muito maior do que a CAMEDS. Você me fez uma pergunta sobre a
situação de moralismo que o país está passando, e não pode servir só pra Brasília,
tem que servir aqui em Miracema também. Ou será que o ladrão de lá é diferente
do ladrão de cá? Então, eu acho que a CAMEDS vai me fortalecer, porque em
momento algum eu traí o povo. Pelo contrário, eu defendi o povo. E pode ter
certeza, Tadeu, muitas coisas ainda virão por conta desse plano errado que eles
fizeram.
21 – Como recebe as críticas que são feitas contra o
seu governo? Concorda que algumas delas
são justas?
- Todo dia eu acordo e ouço aqueles que falam bem do
governo e gosto de ouvir aqueles que falam mal. O cara que vai dizer que uma
rua está suja, que tem uma árvore para podar, que tem um esgoto vazando, é esse
cara que fala a verdade. Essa é a oposição sadia. Você sabe que tem aquela
oposição que invade a sua vida pessoal, esquece que você tem mulher, filhos, e
tentam te desonrar, esse tipo de oposição eu não concordo, eu repudio. Até
porque, em me policio muito para não cometer crime, pois erro eu cometo todos
os dias. A oposição de me cobrar o
buraco na rua, o remédio que está faltando na prateleira, essa aí eu agradeço,
e espero que ela nunca acabe. Apesar de ser militar, sou um cara que prezo
muito a democracia, que é uma conquista que não podemos nunca mais abrir mão.
Então, essa liberdade, esse direito, tem que ser exercido, e eu sei respeitar o
ponto de vista das pessoas que pensam diferente de mim.
22 – Dois dos principais eventos turísticos de nossa
cidade – o carnaval e a exposição – há anos vêm perdendo o seu real e
verdadeiro sentido. O que pode ser feito em um futuro próximo para reverter
esse quadro?
- A verdade que não é só em Miracema. Itaperuna que
tinha tradição acabou. Cordeiro também acabou. A gente está tentando resgatar o
carnaval. Tentei levar pra Av. Deputado Luiz Fernando Linhares, onde montei uma
estrutura para dar um conforto ao público. Mas fui mal interpretado, recebi
muitas críticas por isso. No entanto, a humildade nunca me abandonou e que seja
feita a vontade do povo. Voltei com o carnaval para a Rua Marechal Floriano. Eu
penso que o carnaval deveria ser explorado turisticamente, para fortalecer a
economia da cidade, mas de forma grandiosa. Não adianta você fazer uma coisa
meia boca que ninguém vai vir aqui. Sobre a exposição, ela fica atualmente
muito cara para o município, e a nossa cidade é pobre. Como que você vai gastar
um milhão de reais para fazer uma exposição. A exposição é industrial e
agropecuária e se não trouxer um show, não teve exposição. Um cantor de ponta
não custa menos do que duzentos mil reais um show. Então, Tadeu, é escassez
financeira e não deveria ser assim. Não é “privilégio” de Miracema, está
acontecendo em toda a região, mas a gente tem lutado muito pra não deixar cair.
Não está certo cobrar ingresso em uma festa que é o aniversário da cidade
23 – Senhor prefeito, o município ainda carece de um
projeto esportivo mais amplo e abrangente, voltado para os jovens e crianças
carentes. Não posso deixar de citar o professor Carlinhos Bessa, que é um
batalhador nessa área e merece todas as nossas considerações e agradecimentos
pela dedicação ao esporte. O Miguel é outro grande desportista, e não posso
deixar de mencioná-lo. O que é bom pode melhorar! Diversos estudos apresentados são unânimes em
afirmar que o esporte e a educação são caminhos para transformação e inclusão
social. O esporte tem a capacidade de integrar crianças e jovens das
comunidades na sociedade, transformando suas vidas e reduzindo os preconceitos.
Tem algum projeto em estudo com a participação do ex-jogador e nosso
conterrâneo Célio Silva?
- Tem. Vou te
dizer que a gente não está inerte, temos trabalhado. Quando eu cheguei, numa
área de conflito, vulnerável, com um estádio 30 anos abandonado – o Ferradurão
– governo nenhum quis saber nem de receber IPTU daquilo ali, viraram as costas.
Eu cheguei, municipalizei, entrou para o patrimônio do município, e vou
entregar com apartamentos refrigerados e vai ter do serviço odontológico ao
refeitório. Foram trinta anos de abandono e servindo como ponto de
prostituição, mendigo e outras coisas mais O Célio até voltou pra São Paulo, porque
ele não pode ficar aqui e ainda está em fase de acabamento, a firma ainda está
trabalhando lá dentro. Mas assim que acabar e entregar para o município, a
gente está voltando a conversar com ele. O projeto é um trabalho com 600
crianças, ali seria o núcleo, voltados para o futebol. Nós sabemos que nem
todos serão jogadores de futebol, mas serão cidadãos de bens. No mínimo vamos
preparar um bom cidadão. O convênio será feito entre município, Universidade
Iguaçu e Célio Silva. Então, vai ter a participação da UNIG também nessa
composição. Vamos ter uma interação com os distritos e a supervisão do Célio
Silva. A parte técnica e o gerenciamento
é toda dele. Posso passar na íntegra pra você o projeto, esse, sobre futebol.
Estamos fazendo dentro de uma área de conflito o maior
complexo esportivo da região, chamado Praça da Juventude. Convido a você e seus
leitores a vir conhecer o que é a Praça da Juventude: quadra poliesportiva,
teatro de arena, campo de futebol society, campo de futebol de areia, pista de
atletismo, centro de convivência e praça de alimentação. Será entregue ao grupo
Cara da Rua para desenvolver trabalhos artísticos, culturais, tudo isso dentro
de uma área denominada de conflito. Acredito que esse ponto será fundamental
para a redução da violência. Em tempo: vamos municipalizar o estádio Francisco
Chacour, de Paraíso do Tobias. Sobre o Carlinhos Bessa, tenho duas medalhas que
ele me deu. Reconheço que a gente
precisa fazer mais pelo Carlinhos, mas hoje, eu tenho certeza que um espaço
para treinar, um uniforme, uma condução, uma estadia, isso tudo já melhorou. O trabalho do Carlinhos é digno de registro,
ele merece uma estátua. Para ser mais exato, ele faz omelete sem ovos. Nós temos
também o Miguel, no vôlei, o professor Rogério, no judô, o Tiãozão, na
capoeira. São pessoas que não posso deixar de citar.
24 – Alguma novidade sobre a possibilidade de
instalação de um pólo avançado do Hospital do Câncer, de Muriaé, em Miracema? Ou
esse assunto já esfriou?
- Não. Esse assunto é verídico, está quente. O
problema é que envolve as secretarias do estado de Minas e do Rio, e nós
tínhamos uma reunião com o secretário mineiro justamente na semana em que ele
foi exonerado. Então, a conversa teve que voltar tudo à estaca zero, com
relação aos secretários. Volto a dizer que numa escala de 1 a 10 eu diria que
nós já andamos 8.
Nota do blog: perguntei se o hospital seria a base.
- O anexo. O PU vai pra dentro do hospital. No
primeiro momento foi oferecida só a quimioterapia, mas o secretário exigiu que
também fosse feita a radioterapia. E não é somente para Miracema, é para o
estado do Rio, Região Noroeste, Norte e Serrana. Para que os seus leitores
tenham uma ideia: eles têm em Muriaé 60 leitos para quimioterapia, vão colocar
aqui 20 leitos. Sugiro que façam um contato com o Dr. Sérgio Henrique, provedor
do Cristiano Varella, e ele vai confirmar o que estou dizendo.
Nota do blog: questionei o prefeito sobre o que ele
disse da ida do PU para dentro do hospital e como ficaria a situação dos funcionários,
se a prefeitura continuaria responsável pelo salário de seus servidores.
- A intenção é absorver parte dos funcionários, os
médicos e enfermeiros, com a responsabilidade de pagamento da prefeitura, e o
hospital tem a parte particular que eles vão ter que tocar. Tempos uma
estrutura pública ao lado de uma estrutura filantrópica, todas duas com a perna
bamba – financeiramente falando. Então, nós queremos juntar as duas para fazer
uma saúde melhor.
25 – Ainda no tema hospitalar, muito se falou na cidade
que a vinda do Secretário de Saúde foi apenas uma “jogada política” do prefeito
– ainda mais em ano eleitoral. Em uma entrevista recente ao blog, o provedor do
Hospital disse o seguinte: “O Secretário sugeriu a transferência da Gestão
do PU para o Hospital com a finalidade de sobrar mais recursos com a fusão das
duas estruturas. O Senhor Prefeito concordou com a idéia e vamos tentar colocar
em prática o mais rápido possível.” O que está sendo feito para solucionar
o problema que não me parece insolúvel?
- Na verdade, a gente levou essa ideia para o
secretário. Ele acatou e entendeu, achando viável. E outra coisa, não é só
isso. Nós estamos trabalhando com “leito de retaguarda”, o que significa leito
de retaguarda? É você disponibilizar
leitos para pessoas que operam em Itaperuna, da região, que não tenham
recursos, eles viriam se recuperar aqui, e o faturamento seria feito no
hospital daqui. E também da “rede cegonha”, o que vem a ser rede cegonha? São as mães da região que teriam seus filhos
aqui. Hoje, nós temos uma média de 25 partos por mês, e passaríamos a ter uma
média de 300 partos mensais. São essas as propostas de solução financeira para
o hospital.
26 - Muito obrigado pela entrevista e boa sorte em sua
caminhada. Faça as suas considerações finais.
- Tadeu, eu é que agradeço a você e aos leitores de
seu blog, e dizer que eu trato o meu mandato não como um privilégio, mas como uma
missão. E essa missão – a primeira – vai até 31 de dezembro de 2016, e vou
levar até o último dia de meu mandato com a mesma seriedade que comecei, porque
eu pedi essa oportunidade e o povo me deu. Então, o mínimo que eu tenho que
fazer é trabalhar. Se for da vontade, primeiro de Deus e depois do povo, que a
gente continue. Quero ter a mesma disposição, o mesmo compromisso, a mesma
responsabilidade, a mesma felicidade de ter comigo pessoas também dispostas a
trabalhar, porque governo não é só prefeito, é um grupo. Procuro respeitar as
opiniões contrárias e dar bons exemplos.
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