Extraído do site do
INSTITUTO HISTÓRICO DE PETRÓPOLIS (RJ)
Os
sírio-libaneses, costumeiramente denominados “turcos” em razão de terem a
Turquia como porta de saída do Oriente, pois lhes fornecia o passaporte de
emigração, são os estrangeiros que mais se adaptaram aos nossos costumes,
possivelmente pela docilidade de temperamento, por professarem a mesma
religião, serem pacientes e adotarem, em definitivo, a nova terra como a
pátria, destruindo qualquer intenção de retorno à terra de origem.
Aqui
deram os primeiros ensaios como imigrantes efetivamente a partir do início do
século XIX e, com o desenvolvimento da cultura cafeeira, fortaleceram a
corrente migratória para o Brasil. Descendentes dos fenícios, comerciantes
natos como os antepassados, tinham facilidade para mercancia.
Ao aqui chegarem,
muitos deles, com um baú às costas, cortando várzeas, vencendo morros,
atravessando córregos e rios aproximaram-se das fazendas onde, de início, com
fala não inteligível expunham suas mercadorias.
Posteriormente, após
algumas economias, “o bom turco” adquiria um burrico para varar o longo e
penoso percurso, e lá ia ele à frente puxando o animal, agora não mais com
miçangas, botões, alfinetes, agulhas, colchetes, dedais, fitas, ligas,
elásticos, meias, grampos para cabelos, espelhos, sabonetes, extratos e outros
artigos de toucador, como nos primeiros tempos, mas com tecidos finos como
seda, lingerie, organza, organdi, linho, cambraia, voil, crepe, tafetá, rendas
guipir e richelieu, tudo que o apurado gosto exigia. As vendas eram certas e o
pagamento, ainda que a prazo, “era dinheiro contado”, pois “o calote”, era
palavra inexistente na cartilha dos compadres. Depois de algum tempo,
outro animal era adquirido, desta feita para sua montaria.
E assim, numa faina incessante, durante anos no “mascate”, conseguia “o turco”
amealhar algum dinheiro para, afinal, se fixar numa vila distrital,
principalmente em zona cafeeira de grande população e circulação de riqueza
visível. Numa casinha modesta
com poucos cômodos, mas com terreno suficiente para ampliação se estabelecia o
“filho do Líbano” com sua família. Era o raiar de uma nova vida.
Ele não ficaria mais tantos dias ausente e distante da esposa e haveria,
doravante, de ter tempo para dispensar aos filhos, inclusive com a educação. Quanto
à alimentação, embora já estivesse ele adaptado ao paladar nacional, sua mulher
poderia oferecer-lhe refeições que o fizessem recordar de Richi Maya, Tiro,
Sídon e Beirute – como as saladas de pepinos “ao vinagrete”, cortados ao
comprido; as coalhadas secas, regadas ao azeite de oliva, saboreadas com nacos
de pão; a esfirra de acelga ou carne moída; o quibe cru com bastante cebola e
hortelã – frito ou assado, o último denominado “de bandeja”; hamis; tabule;
kafta e outras iguarias que o fartavam ao ponto de, após o regalo tirar um
breve cochilo, e se refazer para dar continuidade às suas atividades.
Costumeiramente “o
turco” dava ao estabelecimento o seu próprio nome, v.g. “Casa Mansur”, “Casa
Simão”, “Casa Maron” e “Casa Karin” ou o consagrava com o nome do santo de sua
devoção: “Bazar São Jorge”, “Bazar São João”, “Bazar Santo Antonio”, “Bazar São
Miguel”, entre outros e, ali, o sortimento de tecidos, ferragens, louças,
chapéus, armarinhos e secos e molhados, refletia a sua abastança patrimonial. Quando
o colono, sitiante ou fazendeiro se deslocava para realizar algumas compras na
vila, a “matriarca” logo ingressava no ambiente e, após cumprimentar o freguês,
dizia de plano: “gombadre, brimeiro gomer debois faz gombras”, onde era ele, de
maneira gentil, conduzido para uma farta mesa existente no interior do imóvel
com inúmeras guloseimas ostentando dois grandes bules de ágata com leite e
café.
Esses libaneses que
contribuíram para a colonização de nosso país tornaram-se grandes compradores
de café, comerciantes ou industriais e muito de seus descendentes ocupam hoje
lugar de destaque em diversas atividades públicas e privadas, orgulhando-nos,
bem como aos seus ancestrais.
REGIÃO NOROESTE
Bom Jesus do Itabapoana
Abdalah, Adib, Alli,
Antonio, Aride, Assad, Bomeny, Bussad, Chaloub, Chebe, Chicle, Couze, Crissaff,
Curi, Cury, Daruich, Aud, Eid, Elias, Elkik, Faial, Farid, Felício, Felippe,
Felix, Feres, Gazem, Habib, Hette, Hobaica, Jabour, João, Jorge, Kalil. Karim,
Kastor, Lahud, Mansur, Maron, Melhim, Miguel, Mouzi, Naciff, Nagib, Namen,
Nassar, Ourique, Paulo, Kiffer, Quirino, Rachid, Saad, Said, Saleme, Salim,
Salomão, Tabet, Tannus, Tebet, Tuffi, Turques, Ximenes.
Cambuci
Buissa, Gazal, Jorge, Kiffer, Latuf, Nametala, Namen.
Buissa, Gazal, Jorge, Kiffer, Latuf, Nametala, Namen.
Itaperuna
Bussad,
Chacour, Chaia, Chaie, Chaquer, Chequer, Farah, Farid, Feres, Gazal, Haman, Latif, Latuf, Mansur, Maron, Merchid, Nabi, Nacif, Nefa, Salim, Tuffi.
Itaocara
Alexandr e, Ameis, Antonio, Bechara, Buissa, Curi, Cury, Daib, Farid, Felix, Gazen, Jorge, Kiffer, Latif, Maron, Miguel, Nacif, Namen, Saad, Salim, Salomão, Sarruf, Tuffi, Wagaleir.
Alexandr e, Ameis, Antonio, Bechara, Buissa, Curi, Cury, Daib, Farid, Felix, Gazen, Jorge, Kiffer, Latif, Maron, Miguel, Nacif, Namen, Saad, Salim, Salomão, Sarruf, Tuffi, Wagaleir.
Miracema
Amin, Assad, Buissa, Cacheado, Chacourr, Chaia, Chiclala, Farid, Felix, Nacib, Nacif, Namen, Nametala, Neder, Rachid, Salim.
Amin, Assad, Buissa, Cacheado, Chacourr, Chaia, Chiclala, Farid, Felix, Nacib, Nacif, Namen, Nametala, Neder, Rachid, Salim.
Santo
Antonio de Pádua
Assef, Bendia, Chain,
Chiclala, Daher, Elias, Hainborque, Haikal, Jasbick, Jorge, Kelly, Man sur,
Massaud, Nacif, Richar, Sader, Simão.
FONTE:
Autor - Dr. Antônio Izaias da Costa Abreu – Titular da Cadeira Nº 3 do
Instituto Histórico de Petrópolis (RJ), e com informação de João Baptista
Fonseca.