quinta-feira, 29 de março de 2018

ALGUNS FATOS SOBRE O CÉREBRO HUMANO


Nosso cérebro é incrível e sem dúvida haverá sempre mais para nos surpreender sobre a sua capacidade de funcionamento. Ele nos ajuda a alcançar metas, realizar a maioria dos nossos sonhos e atingir objetivos complicados. E entender como o nosso cérebro funciona nos ajuda a cuidar melhor dele para vivermos melhor e assim, alcançar nossos objetivos com mais propriedade.

Confira alguns fatos interessantes:
O nosso cérebro reage a todo pensamento que temos e não diferencia entre fato e fantasia. Você já ouviu falar em efeito placebo? É por isso que nosso corpo aceita um placebo como um produto farmacêutico real. Uma pessoa toma um placebo acreditando que será curado e por isso acaba realmente recebendo um efeito positivo.

A rotina pode ser exigente, a vida pode ser corrida e cercada de pressões: trabalho, família, metas difíceis, exigências pessoais ou de terceiros, vida social e um acúmulo de atividades e preocupações e então você chega ao cansaço mental. E então o que fazer para dar uma folga ao cérebro e ao seu funcionamento intenso?

Essa é uma maneira de dar uma folga ao seu cérebro. Faça atividades que relaxem a sua mente e o seu corpo e que se tornem parte da sua rotina. Quando você faz isso, seu cérebro recebe pequenas “brechas” de descanso para continuar funcionando sem pressão. Não é preciso esperar aquelas férias tão sonhadas para se sentir bem. Ter momentos de lazer, por exemplo, de forma constante que auxiliem a desviar a atenção do trabalho por um tempo é uma saída.

Mais da metade dos pensamentos do dia são pensamentos de ontem. É por isso que é tão difícil para pessoas pessimistas mudarem sua percepção de mundo. Eles precisam literalmente “limpar” o cérebro delas e fazê-lo reagir a coisas positivas com mais frequência. E tem mais, emoções negativas tem impacto igualmente negativo no nosso corpo, sendo capazes de debilitar o nosso sistema imunológico.

Qualquer pensamento se torna experiências de vida. Por exemplo, se você sonha com uma viagem à Paris, você verá lembretes desta cidade por toda parte. Se você quer mudar o mundo a sua volta, mude os seus pensamentos.

Manter o cérebro ativo é uma maneira de treiná-lo. Aprendizagem, exercícios ao ar livre, alimentação saudável, viajar para novos lugares, novas atividades, fazer anotações, dançar e até mesmo jogar, por que não, Tetris, é muito útil para o seu cérebro.

É a mais pura verdade quando você ouve que o sono tem importância no aprendizado e por isso dormir bem também tem a ver com o bem-estar físico e mental. É durante o sono que o cérebro revisa tudo o que foi aprendido ao longo do dia, as informações são encaixadas nos lugares certos e então são transformadas em memória. Isso acontece porque o cérebro não tem receptores de dor. E você vai ver muito em filmes e na vida real neurocirurgias com o paciente acordado.

Qualquer tipo de atividade faz nosso cérebro gerar novas conexões neurais. Se nós pensamos que não somos capazes de conseguir uma promoção, esta ideia só irá se fortalecer em nossa consciência ao longo do tempo. Mas se você usar a frase “eu vou ter sucesso“, o cérebro em si vai lhe dar oportunidades para realizar seu objetivo.

Ou seja, obter o melhor de seu cérebro depende muito de que forma você cuida dele: com bons pensamentos, acreditando na sua capacidade e exercitando sua mente de forma positiva.

O primeiro ponto de todos é acreditar.

O nosso cérebro é realmente surpreendente, não?

Fonte: brightside.me 

JOSÉ GIUDICE - POR JOSÉ ERASMO TOSTES



José Giudice foi um imigrante italiano que fez fortuna em Miracema. O seu armazém era um verdadeiro empório, tinha de tudo que o freguês procurasse. Era representante de casas bancárias, comprador e exportador de café. Financiava os seus fregueses com “prazo de colheita”, emprestava o dinheiro e fornecia as mercadorias.

Foi um dos incentivadores do Movimento Separatista de nosso Município. Hoje, existe uma praça com o seu nome, antiga Praça dos Boêmios, agora Praça José Giudice, no início da Rua dos Gabrieis, ou Rua do Café. Com a derrocada do café em 1929, quando faliram muitos agricultores e comerciantes, ele também foi à falência.

No descrever desta crônica, vou contar fatos relatados por moradores mais antigos. O José Giudice tinha um caso com a mulher de seu compadre, também italiano. O compadre era sabedor, mas tirava proveito da traição, aceitava de bom grado aquela situação. Numa daquelas noites, chega o José Giudice na casa do compadre. Este, sem ter um lugar para ficar, se escondeu debaixo da cama. O José, depois de ter feito amor com a comadre, disse: vou trazer um par de botinas para o compadre, mas não sei o número. Grita o compadre debaixo da cama: “É trintoito compadre”!

Conta-se que, em certa ocasião, um freguês comprou um arreio. Ele, esquecendo para quem tinha vendido, debitou um arreio na conta de cada freguês. Somente dois reclamaram e todos os outros pagaram.

Um carioca gozador, sabendo da fama do comerciante italiano que dizia sempre que tinha de tudo, resolveu lhe pregar uma peça. Entrou em seu estabelecimento e pediu uma peça para o seu carro importado. Qual não foi a sua surpresa quando o José Giudice voltou do fundo do armazém e trouxe a mercadoria solicitada. O carioca foi para o Hotel Braga, onde estava hospedado, e ficou pensando num meio de tirar um sarro com a cara do José Giudice. Voltou no outro dia e pediu ao José: Quero dois quilos de PODELA. O José, espantado: O que será isto? Se não atender vou perder a fama, e disse - Passa aqui amanhã para pegar, são 30 mil reis. Volta o carioca para o hotel. Onde é que ele vai achar uma mercadoria com este nome de PODELA?
  
Vou dar o troco a esse carioca, pensou José Giudice. Mandou fazer uma feijoada, colocou um pouco de óleo de cróton para desandar, convidou todos os seus empregados e, após a feijoada, mandou que todos fossem ao banheiro. Recolheu todo aquele material com uma pá, colocou no forno por três horas, e, depois de seco, mandou moer e colocou numa lata bem fechada. Chega o carioca com ares de vitória. - Como é que é? Conseguiu a mercadoria? - Está aqui, são 30 mil reis. O carioca pegou um bocado do pó, cheirou uma pitada, encheu uma colher tentando descobrir o que era. “Mas isto é merda!”. O José Giudice rindo: “Não, é o pó dela!”

PELO DE RATO, MOSCA E BARATA: POR QUE A ANVISA "TOLERA" FRAGMENTOS DE BICHOS NAS COMIDAS?


"Quer dizer que um pouco de pelo de rato é tolerado?".

A resposta é sim

A legislação brasileira tolera a presença não só de pelo de ratos, mas também de pedaços de moscas, baratas, aranhas, formigas, areia, pelo humano, teias e até excrementos animais --desde que estejam dentro do limite estabelecido por lei. Quem determina este limite é o RDC-14, um conjunto de leis criado em 2014 que determina quanta "sujeira" é aceita num alimento sem que isso cause problemas de saúde para o consumidor.

Ali diz quantos fragmentos - ou seja, partes visíveis ou não a olho nu-- de matéria estranha (insetos, excrementos, animais e pelos) pode haver no alimento. Antes, não havia regulamentação para os limites de tolerância. Para se ter uma ideia, 100 gramas de molho de tomate podem ter até dez fragmentos de insetos (como formigas e moscas) e/ou um fragmento de pelo de roedor.

Pelos de rato também são toleráveis em frutas desidratadas (1 em cada 225 g de uva passa), chás (2 em cada 25 g), especiarias (1 em cada 50 g de pimenta do reino) e achocolatados (1 em cada 100 gramas).

Veja alguns exemplos:
* Molho e extrato de tomate, catchup e outros derivados: um fragmento de pelo de roedor a cada 100 g, dez fragmentos de insetos (como moscas e aranhas) a cada 100 g
*Doces em pasta e geleia de frutas: 25 fragmentos de insetos a cada 100 g
* Farinha de trigo: 75 fragmentos de insetos a cada 50 g
* Biscoitos, produtos de panificação e confeitaria: 225 fragmentos de insetos a cada 225 g.
* Café torrado e moído: 60 fragmentos de insetos a cada 25 g
* Chá de menta ou hortelã: 300 fragmentos de insetos em 25 g, cinco insetos inteiros mortos em 25 g, dois fragmentos de pelos de roedor em 25 g
* Orégano: 20 fragmentos de insetos em 10 g

Mas isso é normal?
Para a especialista em legislação, a produção de alimentos industrializados totalmente isenta de fragmentos de insetos e outros animais é inviável.
Além disso, os animais podem entrar em contato com os alimentos no transporte e no armazenamento, antes de sua transformação na indústria. "Esta legislação tolera as matérias estranhas inevitáveis, que ocorrem mesmo com adição de boas práticas e em alguns alimentos especificamente", explica.
Não é só no Brasil que é assim. Nos Estados Unidos, por exemplo, o FDA (Food and Drug Administration), órgão responsável pelo controle dos alimentos no país, aceita fragmentos de animais em alimentos industrializados em níveis bem próximos aos nossos.

E faz mal?
A existência de pelo de rato e outros insetos nos alimentos, desde que dentro dos limites estabelecidos pela Anvisa, não faz mal para a saúde. Segundo Ingrid, saber da existência do pelo de rato no molho e tomate, por exemplo, causa repulsa, mas não dano.

"Os alimentos industrializados são submetidos a processos que elevam sua temperatura, o que ajuda a matar a maioria dos micro-organismos", explica.

Ingrid Schmidt-Hebbel, coordenadora do Tecnologia em Gastronomia do Centro Universitário Senac-Santo Amaro e especialista em legislação.


UOL Notícias 

sábado, 24 de março de 2018

FAZENDA INVERNADA - POR JOSÉ ERASMO TOSTES

Fazenda Serra Nova
 Fonte: Internet

Quando os imigrantes chegaram à Miracema, italianos e Libaneses, foram direcionados para as fazendas e os italianos foram se radicando, formando lavouras, enquanto os libaneses, poucos ficaram na roça, foram logo dando um jeito de negociar como mascates e se estabelecerem como negociantes de tecidos e outros comércios.

Um desses imigrantes chamava-se José Berard, mas todos o conheciam como Raça, pois este era o tratamento que dava a todas as pessoas. Zé Raça morava na Praça Dona Ermelinda, numa casa antiga, onde hoje é a casa do Dr. Ney Gutterres. Na frente tinha uma oficina onde o Raça trabalhava junto com os filhos, todos da mesma profissão – bombeiro, latoeiro, ferreiro e fabricavam caldeiras e alambiques... e em seu sítio fabricava a cachaça. Após o serviço, na parte da frente da sua oficina, reuniam-se os vizinhos e amigos, conversando sobre todos os assuntos políticos e outros. O Zé Raça gostava de receitar remédios estranhos: pouco banho, óleo de rícino para tudo, assim como gotas de creolina para quem tinha problemas de pele e gotas de ácido muriático para quem estivessem com câncer. Os que tomavam a creolina, quando davam um pum, vinha um cheiro de desinfetante e os que tomavam as gotas de ácido, ficavam com as calças como se tivessem tomado tiro de espingarda de chumbo.

Dr. Moacyr Junqueira, João Cláudio, João Siqueira, Ventura Lopes, Chico Gama e Antônio Miranda faziam parte desse grupo de amigos de bate papo. Sentados em cadeiras de ferro, bancos de madeira e até em carcaças de motores. E, numa dessas conversas, o Miranda contou uma história sobre a Fazenda Invernada, que diziam, era assombrada desde o dia em que lá morreu o dono da fazenda, que era um amansador de cavalos.

Miranda era um homem alto, forte e um pouco surdo. Ao dialogar, levava as duas mãos na altura do rosto e falava baixo e compassado. Morava a poucas léguas da Fazenda Invernada. Um dia, arriou seu cavalo de nome Rosilho, por ser vermelho e branco, e partiu em direção à Fazenda. Ao se aproximar, já era tardinha e as sombras das árvores formavam figuras estranhas. Ao chegar mais perto, divisou a Fazenda, que tinha sete janelas fachadas e corroídas pelo tempo. Os esteios de braúna, embranquecidos, a porteira da entrada aberta até o batente.

Ao entrar pela porteira, olhando para cima, viu que o alpendre tinha os seus balaústres de madeira, com muitas falhas. Uma velha sentada numa cadeira de balanço, com os cabelos desalinhados, com o olhar distante sem se importar com sua presença.

Seu cavalo Rosilho começou a passarinhar, como se tivesse alguma coisa à sua frente. Um frio percorreu seu corpo, o cavalo começou a lhe tomar as rédeas. Esporeou o animal e voltou rapidamente em direção à porteira, saindo dali em disparada. E quanto mais corria em direção à divisa de suas terras, ouvia o tropel do outro cavalo que lhe seguia na mesma velocidade.
 
Ao se aproximar da divisa, onde o terreno era mais aberto, o chão coberto de areia branca e barrenta, continuou a ouvir o tropel do cavalo que lhe seguia. Transpôs a divisa, olhou para traz e nada, viu somente na areia as marcas das patas do seu cavalo.


O ALGOZ (JOHAN CRUIJFF) – POR YUSSEF SEFINHO


Nota: Yussef Sefinho é meu conterrâneo e um flamenguista apaixonado, frequentador assíduo dos bons tempos do velho Maracanã e profundo conhecedor de futebol.
Em 1974 não tínhamos a internet, as TVs não mostravam os campeonatos europeus, se não me falha a memória, as transmissões europeias começam na Rede Bandeirantes nas manhãs de domingo e a partir da ida de Falcão para o Roma. Os jornais traziam na maioria das vezes apenas os resultados e as classificações nas edições de segunda-feira. Recordo-me de ouvir o Panorama Esportivo nas noites da Rádio Globo e sempre um locutor com sotaque forte lusitano nos informava sobre um ou outro jogador, e através dele tomei conhecimento de um time holandês com um nome de detergente e que nele jogava um cara de nome muito complicado parecendo muito mais com musico clássico e que logo se tornaria pra mim o sujeito mais antipático, desagradável e inoportuno do mundo do futebol.
Veio a copa de 1974 e fomos nós pra lá com um time que tinha o Mirandinha como centro avante, chega ou querem mais? Se mais, tinha o Valdomiro na ponta direita, Paulo Cesar Lima e Jairzinho já negociados com o futebol francês, enquanto a maior revelação de nosso futebol dos anos 70, aos 22 anos, em plena forma física e técnica ficou no Brasil como eu, vendo os jogos pela primeira vez em cores pela TV. Zico “poderia” ter sido o cara naquela copa, mas nem foi, e o cara da copa foi o holandês que escolheu o nº 14, esquisito pra época, e jogou num time bagunçado, que o lateral direito era ponta esquerda, que o centro avante jogava também de quarto zagueiro e que os meias eram goleiro e laterais e que nos derrotou por 2 x 0 e no final do jogo em entrevista nosso técnico disse ter sido “surpreendido” pelos laranjas, IMAGINEM EU (?), desde então passei a ficar com raiva desse holandês e seus coleguinhas, como brasileiro, estava de “CHUTEIRAS” como dizia o Nelson Rodrigues e perdoei o “Velho Lobo”. 
Os anos se passaram e o holandês sai do Ajax pro Barcelona e transformou não só o time, mas o clube e acabou ajudando a transformar o futebol no mundo, todos queriam atacar e defender, e me recordo de uma comparação (é certo que fraca) feito por uma amigo naqueles idos anos 70, dizendo que o primeiro a jogar de forma parecida como o holandês aqui no Brasil foi o Zenon ainda no Guarani, e tinha uma certa lógica em sua comparação. Mas eu a cada dia, a cada notícia ou a cada reportagem sobre o cara, mais eu o desprezava.
Veio a copa de 78 e o cara não apareceu, não quis ir, deu uma de Pelé(?!), só que o Rei podia ter feito o que fez, ele não, nem bobo da corte era na minha cega opinião. Meu ídolo maior não foi bem na copa de 78, continuou sendo “o” ídolo, e veio a de 82 e encantamos o mundo, mesmo contra a vontade do Categoria, e o cara da camisa 14 também não apareceu, já tinha uns 34 anos, porém fez escola e por lá apareceram diversos postulantes a melhores do mundo, como Van Basten e Gullit, e quase foram. Mas eu continuava desprezando o cara.
Aos 68 anos o cara saiu de cena, o cara, o da camisa 14, de gols e passes lindos, injustiçado na Alemanha 74, idolatrado por todos do mundo do futebol, o cara que ofuscou meu ídolo, meu algoz, mas genial e imortal Johan Cruijff. Desculpe-me, mas foi por ciúme.
Nota do blog: o "locutor com sotaque forte lusitano" que foi citado no primeiro parágrafo é o jornalista esportivo Jaime Luís. 




sexta-feira, 23 de março de 2018

HEI DE TORCER!!! – POR MARCOS SABINO

América de 1974
Em pé: Orlando, Geraldo, Rogério, Alex, Ivo e Álvaro;
agachados: Flecha, Bráulio, Luizinho, Edu e Gilson Nunes. 

Nota: Marcos Sabino é cantor, instrumentista, compositor e produtor musical. Texto publicado em março/2018, em sua página do facebook.  


O time que resolvi torcer desde menino caiu pela terceira vez pra segunda divisão do Campeonato carioca, estou falando do América Futebol Clube.


Resolvi torcer pelo América ainda muito pequeno sem nenhuma explicação, simplesmente resolvi, mesmo sendo meu pai torcedor e até conselheiro do Vasco da Gama, clube que por muitas vezes junto ao meu velho vi jogar na tribuna de honra de São Januário e mesmo tendo esse exemplo de amor ao Vasco da Gama e influência que meu velho exercia sobre mim, escolhi o América.

 

Meu pai como um homem muito liberal nunca me dirigiu nenhum tipo de repudio por essa decisão, talvez por ser naquele tempo o América o segundo clube de todo carioca, mas para mim ele sempre foi o primeiro!

 

Vi ao lado de amigos de infância o América ser campeão da Taça Guanabara de 1974, por ironia do destino me tornei amigo de Carlos e Luiz os gêmeos que eram mascotes do America (no Youtube existe muitos vídeos da década de 70 com eles entrando a frente do time) eles moravam em Icaraí e tínhamos um time chamado América Junior Futebol de Praia, que era patrocinado pelo pai deles, seu Afonso, americano dos bons. Eles tinham outro irmão, o Afonso, que era vascaíno e são os donos de um bar no Ingá, na Rua Nilo Peçanha, que tem um pastel delicioso e é claro uma foto dos tempos áureos do América.

 

Quantos domingos sofremos vendo nosso América jogar contra os grandes de hoje, pois, naquela época o América era igualmente grande e com o peso de sua tradição jorrando pela sua camisa rubra. Quantos Ídolos! Edu, Antunes, Flecha, Ivo, Bráulio, Luisinho, Alex, Orlando, era um timaço! E nessa época quando o América perdia sua torcida fiel e apaixonada saía cheia de orgulho, gritando Sangueeeeeeee pelas rampas do Maracanã. Nós os torcedores fanáticos do América aprendemos que a derrota ou a vitoria não importava, e sim o amor ao América do Rio de Janeiro, da Tijuca, da Rua Campos Salles do Andaraí, esse era o América, ERA do verbo foi um dia!

 

Uma vez encontrei com o Tim Maia nos bastidores do Chacrinha e perguntei pra ele... Tim vc é América mesmo? Ele me disse sou sim, mas às vezes ser América é foda!! E o Tim estava certo, é foda!!!

 

O América caiu pela terceira vez pra serie B do Campeonato Carioca depois de uma volta a 1ª divisão sendo o segundo colocado com uma campanha ridícula e um time de 10000 categoria. Já vi ser expulso sem explicações da elite do futebol brasileiro, mesmo depois de ser o terceiro colocado do campeonato brasileiro de 1986, mas isso acontecia com o América e nunca foi explicado o porquê dessa agressão com um clube tão tradicional e importante do nosso futebol.


Em todas as caídas do América eu pensei... bom, vai ser campeão e nunca mais vai voltar pra série B. Fui até com meu filho, o Felipe, que resolveu seguir meus passos e torcer pro América ver o time disputar a decisão do campeonato da serie B quando Romário, fingindo ser América jogou uns 10 minutos no segundo tempo pra homenagear o seu pai, e vimos ali o América ganhar do Cabofriense e voltar pra elite do carioca. No ano seguinte o América caiu outra vez ficando em último lugar e agora outra vez, e isso me fez pensar uma coisa... Meu coração vai bater mais forte ao ouvir esse nome, mas não da pra ficar assim, afinal sou avô agora e quero contar essa história pra minha netinha e pros que virão com um final feliz, e resolvi a partir de hoje despejar minhas energias ao Canto do Rio Futebol Clube, clube que foi importantíssimo em décadas passadas e que agora acende uma chama de nova vida tentando se reerguer e isso vai ser mais bonito e divertido do que ficar vendo esses dirigentes sem nenhum amor pelo América a acabar de vez com esse patrimônio do Rio de Janeiro.

 

Digo dirigentes sim! Muitos clubes menores que o América estão ai, o Madureira, o Boavista, o Macaé, Resende, Goytacaz e tantos outros e o América só faz inundar os olhos de seus torcedores apaixonados com lágrimas de desesperança por tempos melhores. Tenho certeza que esse é o sentimento de muitos torcedores que como eu, despejaram por toda uma vida um amor sem limites e sem interesses por esse clube de futebol.


Meu querido América, assino hoje com vc uma separação que é dolorosa mais necessária, já tirei todas suas fotos e escudos do alcance de meus olhos, não estou trocando de clube e sim querendo ter alegrias e boas vibrações, as vitórias são consequências disso, se não vierem tudo bem, mas que haja amor e respeito por torcedores.

 


Sendo assim, decidi por uma causa justa torcer e acompanhar o clube que representa minha cidade que tanto amo, Niterói, e por um Clube que também faz parte de minha história, meu avo era o dono do Bar Dalila que ficava na esquina da Rua João Pessoa com Paulo Cesar, no Largo do Marrão, e ali era o point dos amantes do futebol da cidade nos bons tempos do Estádio Caio Martins, e muitos craques do Canto do Rio da época iam tomar uma boa cerveja preta com os bolinhos de bacalhau da minha saudosa avó Ignez, depois dos jogos no Dalila que tinha até um time com o mesmo nome. Dessa forma sou Canto do Rio desde criancinha e América na memória afetiva, assim fica mais tranquilo.

 


sábado, 17 de março de 2018

FAÇA-SE O JOGO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


Ao ser inaugurado na Quinta da Boa Vista O zoológico, por Barão de Drummont, para premiar os seus frequentadores ele instituiu um jogo, que mais tarde seria denominado jogo do bicho. Os frequentadores do parque, ao pagarem o ingresso, recebiam uma pule numerada que correspondia aos números de 1 a 25. Nos dias atuais seria como se pagasse 1 real e ao acertar receberia 20 reais como prêmio.
Apareceram os banqueiros, que o aperfeiçoou, introduzindo milhares, as centenas, os duques, milhares de centenas invertidas e os grupos. Os números obedecem a uma ordem alfabética, de A ao V, onde os apostadores jogam nos bichos de penas, nos bichos de chifre e nos da letra C.
Em décadas passadas chegou a Miracema o tal jogo, que tinha como banqueiro uma mulher italiana, depois um fazendeiro e um outro banqueiro chamado Antônio Neves. Mais tarde veio a Casas Martins, da cidade de Campos. Existia na Rua Marechal Floriano a Amaral Loterias, de propriedade de Neném Amaral, onde funcionavam seis cadeiras de engraxates. Neném deixava em cima do balcão um livrinho onde se interpretavam os sonhos, para dar palpites para fazer uma fezinha no jogo do bicho. No jogo do bicho, atualmente, seus fregueses são pessoas de idade mais avançada, os mais novos preferem a raspadinha, a loteria esportiva, a sena, o lotomania e as máquinas caça-níqueis.
Conhecíamos o João de Barros, jogador profissional que andava sempre de terno preto e escrevia o jogo do bicho nos bares da cidade. Mas voltando ao livrinho dos sonhos do Amaral, um viajante, hospedado no Hotel Braga, leu o livrinho e falou: vou jogar um pouquinho no gato, saiu e foi atender os seus fregueses. Voltando na parte da tarde, perguntou ao Neném o que havia dado. Este respondeu que deu burro. “Depois que dá o bicho é que você vem me contar o sonho?” disse Neném com aquela calma que lhe era peculiar. “Diz você que sonhou com um gato caindo do telhado. Todo mundo sabe que gato não cai, pode jogá-lo para cima que ele cai de quatro. Portanto, gato que cai é burro, e você que não me contou o sonho, também é outro burro”.
Depois do distrito de Venda das Flores, tinha um comerciante chamado Eudóxio, com pouca instrução, mas que bancava o jogo naquela região. Costumava escrever o resultado em um quadro-negro pendurado na parede. Escrevia o nome do bicho que havia dado e tampava com um papelão. Às três horas, tirava o papelão e aparecia o resultado. Seu compadre Inhozinho prestava atenção naqueles movimentos, até que um certo dia viu que o Eudóxio escrevia a primeira letra, uma letra A, e disse que queria jogar. Prontamente, Eudóxio aceitou a aposta, onde Inhozinho jogara na avestruz e na águia. Ao levantar o papelão, estava escrito: alefante.
Os vendedores de bicho são chamados de corretores zoológicos e em seus talões tem um aviso que diz: vale o que está escrito.


quarta-feira, 14 de março de 2018

BLOG ALMANAQUE (1945/1952) - VASCO DA GAMA: O EXPRESSO DA VITÓRIA


Era uma vez um time que deixou os rivais a léguas de distância e ficou conhecido como o “Expresso da Vitória”. De 1945 a 1952, o Vasco viveu uma época de vitórias memoráveis e de equipes que não saem da cabeça dos antigos torcedores. Dois oito campeonatos cariocas disputados no período, o clube conquistou os de 1945, 1947, 1949, 1950 e 1952. E ainda arrebatou – invicto – o título do Campeonato Sul-Americano, em 1948, no Chile.  
Os títulos do Vasco em 1945, 1947 e 1949 também foram conquistados sem uma derrota sequer. Foram 48 vitórias e 10 empates nas três conquistas invictas. Em 1945, o clube impediu o tetracampeonato do Flamengo; em 1947, mesmo sem o artilheiro Ademir, transferido para o Fluminense no ano anterior, conquistou o título com sete pontos de vantagem sobre o Botafogo; em 1949, com Ademir de volta, terminou sete pontos à frente do Fluminense, com o incrível saldo de 60 gols. O Flamengo passou de abril de 1945 a maio de 1951 sem conseguir uma vitória sobre o rival. Nesse período foram realizados 20 jogos. O Vasco obteve 15 vitórias com uma sequência de oito seguidas, entre os anos de 1947 e 1949. Marcou 55 gols e sofreu 28.
Se em casa o Vasco reinava absoluto, fora dela não era diferente. Em 1948, o Expresso da Vitória conquistou o Torneio dos Campeões Sul-Americanos. Participaram da competição além do Vasco e do River Plate, os seguintes times: El Litoral, da Bolívia (Vasco 2 x 1); Nacional, do Uruguai (Vasco 4 a 1); Municipal, do Peru (Vasco 4 a 0), Emelec, do Equador (Vasco 1 a 0); Coco Colo, do Chile (empate de 1 a 1). 
Na final contra o River Plate, de Di Stefano e conhecido como “La Máquina”, em 14 de março de 1948, o goleiro Barbosa foi o herói, defendendo um pênalti cobrado por Labruna ainda no primeiro tempo.  O Vasco jogava pelo empate no tempo normal e na prorrogação. Com o 0 a 0 no placar, o time brasileiro garantiu a conquista do primeiro título internacional de clubes para o futebol brasileiro, e invicto. E que time! Barbosa; Augusto e Wilson; Eli do Amparo, Danilo Alvim e Jorge; Djalma, Maneca, Friaça, Ademir de Menezes e Chico.


terça-feira, 13 de março de 2018

RECORDAÇÕES DA RÁDIO GLOBO DO RIO



Nota: crônica escrita por Paulo Francisco, em dezembro/2008, um jornalista e radialista goiano apaixonado pelo rádio brasileiro. 
Minhas considerações: vamos viajar no tempo e relembrar grandes nomes que marcaram época na Rádio Globo. Do primeiro ao último parágrafo, palavra por palavra, viajei pelas ondas  do rádio. 

Era o ano de 1978 e naquele dia o meu querido pai ficou triste com a derrota do nosso time, o Vasco da Gama. Ele deixou mais cedo o nosso radinho de lado e eu com 14 anos continuei ligado na Rádio Globo do Rio e foi no meu quarto, sozinho, que ouvi pela primeira vez o prefixo que veio a ser o motivo da minha grande paixão por rádio.
O Globo no AAARRR! O apresentador daquele noticiário naquela noite era um locutor chamado Flávio Cardoso. Achei tão bonito aquele prefixo ou vinheta que continuei um pouco mais e em seguida anunciaram o próximo programa. Era o Show da Noite, com Gilberto Lima. Que comunicador!
Desse dia em diante nunca mais parei de ouvir nossa querida Rádio Globo do Rio e já havia decidido ser um profissional do rádio e, quem sabe, um dia chegar lá na Rua do Russel, 434, Glória, no Rio de Janeiro.
Muito novo ainda e também sonhador, comecei a ouvir aquela emissora 24 horas por dia. Lembro-me uma vez em que passei a noite inteira acordado acompanhando a programação até o dia amanhecer. Meia noite começava o “Seu Redator Chefe”, depois Adelzon Alves, o amigo da madrugada. Recordo-me até o nome do locutor que apresentava O Globo no Ar na madrugada, o José Carlos Caramês, e depois, às 4 da manhã começava o Programa Luciano Alves, que depois se tornou meu ídolo. Às 7 horas mais uma edição do “Seu Redator Chefe”, que era apresentado por Reinaldo Costa e Isaac Zaltman.

Paulo Giovanni
O dia estava começando e eu ainda não havia dormido nem um minuto sequer, quando chegava ao meu rádio Paulo Giovanni, que voz suave e bonita! Que educação! Que inteligência!  Um locutor inesquecível que só ia embora quando o Haroldo de Andrade entrava no ar. Haroldo do bom dia, da pergunta da pesquisa, dos debates populares que tinha como convidados Arthur da Távola, Hélio Tiz, Darcy Ribeiro, Afonso Soares, entre outras feras do Rádio.

Valdir Vieira
Às 13 horas O Globo No AAARRR! Com quem? O apresentador tinha uma diferente, uma dicção fantástica, ele puxava o “r”, era o locutor que hoje eu faço grande homenagem no meu site, tratava-se de Guilherme de Souza, e a cada meia hora o Globo Girando com a Notícia, com Paulo Cunha. Eles comandavam a notícia e o titular do programa era o inesquecível Valdir Vieira. Às 17 horas o Programa Roberto Figueiredo. Nesse programa eu me lembro do cantinho da solidariedade.   

Na Rádio Globo dos meus sonhos ainda tinha grandes noticiaristas como Líbano Duarte, Antônio Freitas, Dirceu Rabelo, Cléber Sayão, Luís Nascimento, Fernando Sérgio, Sérgio Nogueira e Arildes Cardoso, e comunicadores como Samuel Correa e seu “Seresta para todas as gerações” nas madrugadas de sábado para domingo e Mário Luís aos domingos.
Lembro-me de comunicadores da Rádio Globo que nos anos 70 passaram por lá como Elias Soares (Show da Noite antes do Gilberto Lima assumir o horário) e o goiano de voz belíssima e comunicação fácil Antônio Leal, que depois se tornou meu amigo aqui em Goiânia.
Não posso me esquecer de Edmo Zarif, a voz padrão do Rádio Brasileiro e, principalmente, na hora do esporte, de Jorge Curi, Waldir Amaral, Kleber leite, Loureiro Neto, Gilson Ricardo, Fernando Carlos, Danilo Bahia, Antônio Porto, Edson Mauro, Luís Penido, João Saldanha, Mário Vianna, Iata Anderson, Cezar Rizzo José Cabral e muitos outros ídolos.

“ O relógio marca!” (Waldir Amaral) e “Tempo e placar no maior do mundo!” (Jorge Curi). Essas frases jamais sairão das minhas lembranças.
Meu Deus! O que fizeram da Rádio Globo? Onde está aquele padrão de voz, aquela qualidade imbatível. Eu sei que sou um romântico do rádio, mas pelo amor de Deus tragam de volta a Rádio Globo respeitável e inesquecível. Tem muita gente boa por aí que não é aproveitada. Por favor, não matem um noticiário tão tradicional e bonito como O Globo no Ar e o Seu Redator Chefe.  

segunda-feira, 12 de março de 2018

CARLITO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES


Estação
Lendo os jornais, tomamos conhecimento sobre os fiscais que lesam os cofres públicos em milhões de reais. São chamados de ‘colarinhos branco’, que, geralmente, sempre ficam impunes. Aqui, na nossa cidade, em tempos idos, tivemos também ladrões semelhantes, por suas habilidades.
Carlito era um negro, na época com vinte e dois anos, pele lisa, olhos grandes, fala rouca. Vivia de pequenos furtos, fazia mandados, gostava de frequentar o cinema, não pagava o ingresso porque era amigo do Burú, o porteiro, e o Miquelzinho, gerente, fazia ‘vista grossa’. Seu ponto era sempre o Mercado Municipal.
Naquela noite ele estava na estação da Leopoldina, à espera de malas dos viajantes, que sempre vinham no trem de ferro e aportavam em Miracema, a última parada. O Cavaliere com suas 15 malas de couro, mostruários de armarinhos; o Vicente Guerra, da Casa Hasenclever, homem gordo, já velho, mas sempre viajando. O Tomaz, empregado do Hotel Braga, sempre esperando os hóspedes para lavá-los até lá, onde o Senhor Toninho, um negro gordo e lustroso, com uma perna dura, os acomodavam.
E lá vêm outros passageiros descendo do trem de ferro. Naquela noite, eram poucos. O velho Marota, vestido de cáqui e boné recolhendo as passagens. Daí a pouco, após o desembarque, o trem voltava, indo até o viradouro para ficar em posição de sair no outro dia.
No dia seguinte, ao amanhecer, chegava de novo o Carlito na estação para estar com o maquinista, seu conhecido, aquele louro forte sempre de roupa azulada. Os dois iam para o trem de carga munidos de um furador de sacos, começavam a tirar de cada um deles uma pequena quantidade de café pilado que o Carlito, no dia seguinte, revendia para o Zé Custódio, que, em pouco tempo, acumulava uma grande quantidade e revendia para o Mané Lino que, por sua vez, revendia para outro comprador de Juiz de Fora, juntamente com o seu café já estocado.
Carlito tinha desavença com Mané Catinga (outro biscateiro). Dizia que Mané conversava muito, jogava conversa fora, era puxa saco. Naquela época o Mané Catinga era doador de sangue; vendia o seu sangue para tomar umas pingas; botava uns óculos preto e um terno branco e às vezes entrava na roleta do Caboclo para jogar, perdendo o pouco que tinha amealhado.
Caboclo morava na Rua Padilha, onde tinha um bar e nos fundos era onde funcionava a roleta de bichos; gostava de tomar umas bebidas e ficava valente e atrevido. Numa noite foi ouvir a banda tocar e, de repente, sacou da arma e meteu fogo no meio dos músicos acertando o dedo de um deles, e foi preso. No dia seguinte foi encontrado morto: havia tomado veneno que levara com ele.
Mas naquela mesma noite o Carlito não sabia que seria a última vez que iria estar na estação. No outro dia foi encontrado, também morto, dentro do banheiro do mercado, esvaído em sangue em consequência de uma hemoptise. Será?


domingo, 11 de março de 2018

COISAS SIMPLES - POR JOSÉ ERASMO TOSTES






Às vezes, no passar da vida, as coisas simples com que nos deparamos no dia-a-dia não chamam a atenção. E, com o passar do tempo, após muitos anos, é que vamos recordar fatos e pessoas que tivemos relacionamento e outras que não mantivemos laços estreitos ou mesmo mais próximos, mas que voltam a povoar nossas lembranças.
Quando menino via passar por nossa rua, sem calçamento, aqueles carros de bois com seus cantos e suas toadas que nos embevecia. A tropa de burros do Nino Machado, com 20 burros na cangalha a levar café para ser depositado no DNC. O Ocário Bastos, com suas 12 carroças de burro a transportar mercadorias da Estrada de Ferro Leopoldina para o comércio local.
O apito da Fábrica de Tecidos a chamar seus funcionários e, logo após, ouvíamos o matraquear dos tamancos dos mesmos a caminhar para o trabalho. A Usina Santa Rosa, com sua chaminé, a soltar fumaça pelas ventas ao fabricar o açúcar cristal. As festas de formatura do Colégio Miracemense, e as suas rainhas. Os professores Álvaro Lontra, Dr. Ribeiro, Manoel Soutinho, Dr. Leandro, Jabs dos Santos Leão, Dona Oraide, Paulo Costa, Antônio Siqueira, Manoel Ramos, Dr. Sílvio Freire, Carlos Lontra e muitos outros.
A apresentação das bandas 7 de Setembro e 15 de Novembro, no coreto da Praça de Matriz. O ipê amarelo que floria em todas as primaveras. Os bailes no Aero Club com as orquestras de Severino Araújo, Cassino de Sevilha e de Napoleão Tavares.
Os torneios de futebol entre as equipes do Miracema, do Tupã e Esportivo. Os times de basquete e de vôlei, tanto masculino como feminino, que faziam as apresentações no rinque da praça e em outras cidades.
O Banco Fluminense da Produção, que deixou muita gente no ora veja e a ver navios. As casas comerciais: Casa Azul, Loja do Demétrio, Casa de Ferragens do Nacib Gandour, Casa de Ferragens do Pintinho, o Bar Pracinha com o garçom Lúcio com aquele pano mal cheiroso limpando as mesas, o Bar do Pinheiro, o Bar do Vicente com seu pastel tradicional, o Bar do Espanhol, o Boteco do Santinho, o Boteco do Farid, a Casa Cacheado, Casa Chicrala...
Os políticos como Altivo Linhares, Ventura Lopes, Bruno de Martino, Melchíades Cardoso, Adumont Monteiro... e os oradores que faziam a festa: Rolando, Briguelo e Oscarina, mulher do Gamelão.
Os taxistas: Belo, Chevrolet 38, Teodoreto, Chevrolet 39, Tereco, Chevrolet 39, Zé Barros, Nilo Boca Larga, Zinho Saco Frio e Buka no Ford 46.
Os farmacêuticos Scilio, Azarias, Chico Queiroz, Paschoalino Granato e Geraldo da Emília.
O Café Moka, do Juca Peixoto, o doce quero mais, do Bar do Osvaldo. Os pãezinhos do Leco, o bife a cavalo feito pelo Geludo, os quibes do Ábido, a sopa do Faride com cinza de cigarro e o café requentado do Santinho. O livro de ouro do Polaca no Carnaval, a aguardente Saudade, do Saliba, a groselha do Lucas Damasceno, os faroestes no poleiro do Cinema Sete. Alcinda da Vida e a mulata quenga chamada Pedaço.
E, neste mundo de meu Deus, há muitas coisas simples, que é o sorriso das crianças, o sereno da madrugada, o perfume das flores, o vento a roçar as palmeiras, o cantar do galo, o viver feliz e fazer o outro feliz.






sexta-feira, 9 de março de 2018

COMISSÁRIO DE ENCOMENDAS - POR JOSÉ ERASMO TOSTES





Nas décadas de 30 e 40, Miracema era servida por comissários de encomendas, pessoas estas que viviam viajando todas as semanas para o Rio de Janeiro, levando e trazendo encomendas de todos os tipos, já que muitas pessoas tinha dificuldade de viajar e mesmo não conheciam a capital. Não só traziam as mercadorias pedidas, como também levavam linguiça e outros alimentos. Ainda arranjavam pessoas para se empregarem na capital.

Esses comissários foram Luiz Galozio, sempre de óculos, terno e gravata, casado na família Cavalcante; Nager, que ficava no José Ferreira de Assis e o Marota, um gordo que trazia jornais para a nossa cidade e fazia o serviço de comissário de encomendas de Campos a Miracema, mais tarde, na década de 40, o Natalino Maulaz. Todos eles pela Estrada de Ferro. Pouco tempo atrás, o Paulinho, condutor de ônibus, após sair da Rio Ita, trabalhou como comissário por vários anos. 

Nager, certa ocasião, recebeu um pedido para trazer um São Jorge. Ao chegar no Rio, esqueceu qual era o santo encomendado e trouxe um São Pedro. A freguesa reclamou que o santo que havia encomendado andava a cavalo. Ele respondeu prontamente: “Isso era antigamente, hoje, só andam de carro. Olha a chave em sua mão.”

Lembro que o Natalino levou minha avó materna, juntamente com uma filha, para trabalhar com cozinheira e copeira numa pensão na Rua Jogo da Bola, perto do edifício A Noite. Em pouco tempo minha avó casou sua filha e em seguida levou as outras seis, que também foram casadas e três delas vivem lá até os dias atuais.

Natalino morava na Rua Adock Lobo 72, na Tijuca, perto de duas sapatarias, uma chamada Ótima e a outra Formidável. Suas filhas ligavam o rádio diariamente no programa do Cezar Alencar, aos sábados, onde cantava Marlene, e as quartas-feiras, no programa Manoel Barcelos, onde cantava Emilinha Borba. No programa do Manoel Barcelos tinha um propaganda que dizia “costa quente, rim doente”. O mesmo dava um prêmio ao ouvinte de 500 mil reis a quem atendesse ao telefone e desse a resposta: “tome Urudonal e viva contente”. O telefone tocou, corre as sobrinhas para atender. Aconteceu que Tia Judite atendeu ao telefone e respondeu: “se não tem o que fazer, vai procurar um serviço.” Tomou uma esculhambação das sobrinhas que não ganharam os 500 tão esperados.