domingo, 20 de novembro de 2016

BEBETO ALVIM: A SUA VIDA ETERNIZADA EM LIVROS


Lourdes Amorim Rocha, de Almenara (MG)

Olá, Tadeu! Que linda a sua homenagem ao Bebeto no seu blog! Tentei publicar um comentário lá, mas é muito grande e resolvi enviar pelo face. Um abraço!

Eu tive a honra e o privilégio de conviver com Bebeto em Almenara. Se me permite, faço apenas uma ressalva ao que você disse. A presença dele pode ser sentida, sim, basta nos conectarmos espiritualmente com ele. Ele estará presente nos nossos sonhos, nas nossas inspirações, nos nossos sentimentos. A vida dele está eternizada neste legado que ele nos deixou. Bebeto foi um grande ser humano, escritor e poeta.

Segue o feedback que fiz depois de ler todos os livros que ele me mandou, que devorei com prazer.

Bem, vou começar pelo livro “UM PASSARINHO ME CONTOU”. Dei muitas risadas, sozinha, em plena madrugada, nos momentos de insônia, quando eu aproveitava para ler. As histórias são hilárias, típicas do ambiente de boteco, quando tomamos todas em boas companhias, com as quais temos muita afinidade. O único problema é que as histórias nos instigam a correr para o boteco mais próximo e vivenciar tudo isso. Não deixa de ser uma apologia ao álcool, kkkkk... Nem preciso dizer que curti demais esse livro.

O segundo livro que eu li, “SENSAÇÕES NOTURNAS” faz um contraponto ao anterior. É emotivo, triste, melancólico, como um “muro de lamentações” totalmente compreensível no seu caso, que passou por esse drama todo com muita força e coragem. Isto está implícito nas entrelinhas. A propósito, fiquei impressionada com a sua coragem em se expor tanto, isso não é para qualquer um. Isso fez com que eu lhe admirasse ainda mais. Enfim, a tristeza presente nesse livro é quase tangível. Coloquei-me no seu lugar e sofri junto contigo, exageros à parte. Fiquei muito triste ao ler principalmente “Final de Vida”, “Pobre de Mim”, “Que Vida”, “Tristes São”, “Tristeza no Bosque” e “Tristeza à Porta”, que me deixou comovida. Apreciei muito também “Louca Cabeça”, “Meu Intelecto”, “Momentos de Insana Insônia” que revelam uma grande inquietude, típica de uma mente tão ativa como a sua. Gostei do romantismo inesperado no “Minhas Paixões – Não Mexam”. “O Bem que Achei... E Perdi” é intrigante na sua subjetividade. Gostei, mas não me atrevo a interpretá-lo. “O Chegar da Velhice” e “Velhice” fazem um desenho simples e claro da velhice. Gostei muito da sua objetividade. No “O Sono”, eu me enxerguei totalmente nele, sentindo o mesmo drama da insônia (ainda bem que estou melhorando). No “Onde Estás”, é admirável como você expressou tantos sentimentos numa poesia tão concisa. Enfim, “Saudoso Amor” expressa bem a saudade que temos do amor vivido, e não do objeto amado propriamente dito.

O livro “SENTIMENTOS AO LÉU”, é leve, fluído e gostoso nas suas histórias aleatórias e despretensiosas. Dá para mensurar o seu amor e carinho por Atafona. A sua extraordinária comunicabilidade, faz com que esses sentimentos sejam ponderáveis. Até me deu vontade de conhecer esse seu pequeno paraíso.

No “FANTASMAS, TABUS, DESEJOS” gostei das pitadas de romantismo e erotismo. Fiquei totalmente encantada com o poema “Por Ti”, que sintetiza em versos as tristezas e as alegrias do amor apaixonado.

Enfim, no “MIRACEMA”, você remete o leitor à vida bucólica e agradável no interior. Creio que mesmo quem nunca tenha morado numa cidade pequena deseja passar por essa experiência depois de ler esse livro.  

Concluindo, Bebeto, perdoe-me se por acaso eu não tenha captado a essência dos seus livros. Não os li como uma crítica literária, mesmo porque não tenho essa pretensão. Li como um ser humano sensível que teve a oportunidade de conhecer o autor de perto e de conhecer o seu drama, mesmo à distância. Aliás, como eu já lhe disse, penso que ninguém deveria ter a pretensão (e nem a obrigação) de tentar interpretar nenhuma expressão artística, porque cada artista tem o seu próprio processo semiótico, os seus signos, que dependem totalmente dos seus sentimentos positivos ou negativos no momento da sua criação. 

Nota do blog: Bebeto residiu e trabalhou em Almenara no início dos anos 80. Agradeço a mensagem da Lourdes, que relata neste breve resumo a obra do nosso inesquecível amigo.  Tive a honra e o privilégio de ser presenteado com essa coletânea maravilhosa, conforme foto acima. 

Um comentário:

  1. Com as suas postagens estou tendo a oportunidade de conhecer mais do Bebeto, amigo da minha infância que perdi contato desde que vim embora para BH. Eu fiquei a dever muitas de suas revistas que ele me emprestava e que foram queimadas pela intolerância que existia lá em casa e ele nem por isso me as negava. Continue a me dar a alegria de poder ler os seus textos, fico demais agradecido.

    ResponderExcluir