segunda-feira, 28 de novembro de 2016

NILTON SANTOS: A ENCICLOPÉDIA DO FUTEBOL


Nascido no Rio de Janeiro em 16 de maio de 1925, mais precisamente na Ilha do Governador, Nilton Santos costumava atribuir grande parte do seu estilo à paixão pelo futebol descompromissado, seja em forma de pelada de rua, seja nos jogos do Flecheiras, time amador da Ilha. Quem o levou para General Severiano foi o Major Honório, que o conhecera como soldado 105, na Aeronáutica. O Major, com um tio influente no Botafogo, confiava tanto no futuro do Nilton Santos que achou por bem passar por cima dos problemas disciplinares que ele criara na caserna. Prestou, assim, inestimável serviço ao futebol brasileiro.

Assim sendo, o soltado indisciplinado virou a “Enciclopédia do Futebol”. Em parte por sua extraordinária visão de jogo. Mas, sobretudo, porque fez o que os teóricos só fariam anos depois. Nilton Santos iniciou a participação efetiva dos jogadores de defesa nas ações de ataque. Era dono de um estilo técnico: tinha um perfeito sentido de cobertura, passes precisos, dribles desconcertantes. E adorava avançar pela faixa esquerda do campo. A sua obsessão pelo ataque o fez inovar o futebol de sua época, com suas arrancadas pela lateral. Nilton Santos raramente fazia falta e nunca jogou com violência. Exercia uma liderança discreta e eficaz, exemplo para seus companheiros e acima de tudo muito respeitado por todos. 

Em 1948 – já com 23 anos – foi apresentado a Zezé Moreira, então iniciando a carreira de técnico no Botafogo, e treinou como zagueiro. Logo passou para a posição que o consagrou e, em pouco tempo, já era considerado o melhor lateral-esquerdo do Brasil. Foi campeão carioca naquele ano de estreia no clube e ganhou uma chance na Seleção Brasileira. Mas teve que amargar a reserva, tanto no Sul-Americano daquele ano (quando o Brasil foi campeão), quanto na Copa do Mundo de 1950.

Foi uma questão de tempo e sua refinada categoria o fez titular nos três mundiais seguintes (apenas em 1954 o Brasil não venceu). Fez parte do time bicampeão mundial – 1958 e 1962 – e marcou o seu nome na história do futebol mundial.  Pela Seleção foram 85 jogos e 3 gols marcados, sendo 74 oficiais e os mesmos 3 gols. 

No jogo contra a Espanha pela Copa do Mundo de 1962, ocorreu uma jogada que marcou sua vida. Numa disputa contra um adversário, Nilton Santos fez pênalti. Porém, deu um passo largo e saiu da área. O árbitro estava longe e marcou falta e não pênalti. O Brasil venceu por 2 a 1, com dois gols de Amarildo. 


Ao lado de craques como Garrincha, Didi e Zagallo, escreveu uma das mais belas páginas da história do time da estrela solitária, sagrando-se quatro vezes campeão carioca pelo Botafogo (1948/57/61/62). Nilton Santos permaneceu toda a sua carreira – 18 anos – no clube e despediu-se do futebol em 1964. Faz parte da galeria dos maiores ídolos do Glorioso, pelo qual defendeu em 718 jogos, marcando 11 gols.

Chegou a trabalhar como técnico, mas não alcançou o mesmo sucesso que teve dentro das quatro linhas. Com 88 anos, lutava contra o Mal de Alzheimer e uma infecção pulmonar. Morreu em 27 de novembro de 2013, no Rio de Janeiro, em decorrência de complicações respiratórias. Foi compadre e o melhor amigo do gênio Garrincha. 



2 comentários:

  1. Não consegui "ler" nenhuma página dessa Enciclopédia, sequer imaginar a leitura, o que "vi" foi me mostrado através das válvulas das reprises.

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  2. O que está escrito na Enciclopédia é algo pra ficar pra sempre. Os craques de hoje estão escrevendo suas histórias para serem registradas na Enciclopédia. Daqui há cem anos, quem for ler a Enciclopédia esportiva do início do século 21, vai encontrar Messi, Cristiano Ronaldo, Neymar e mais alguns. Diguinho, Márcio Araújo e mais algumas centenas, só na escalação dos times. rsss

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