sábado, 10 de novembro de 2018

A BORBOLETA E SUA NATUREZA – POR BEBETO ALVIM



A borboleta negava-se a voar.
A natureza, porém, insistia que ela o fizesse;
Afinal, voar era a sua prerrogativa.
Mas, relutante, a borboleta dizia não,
Privando a todos do seu voo de majestade asas,
Multicoloridas, em tons e nuances.
Arrebatava suspiros,
Atentos olhares,
Bocas entreabertas.
A admiração se espalhava,
Tomava conta pela magia de sua beleza,
E todos pediam, rogavam e até choravam,
Conclamando que ela realizasse o tão esplêndido voo.
Mas ela dizia não.
E o impasse começou.
E continuou perpetuando pelo tempo de seu arbítrio.
E a alegria de sua alegoria sumiu das pessoas, que,
Em histeria geral, entravam em terrível desespero.
E a revoada nos ares,
Quais efemérides, desapareceu do céu e deixou todo mundo triste.
Ela própria amuou.
Dizia estar exausta, por tanto voar.
Alegava velhice e doença.
Mas o certo era que, além da cadeia alimentar,
Que a natureza se houve por bem administrar,
A terrível mão Homem
Encarregava-se da execução
Da pior e mais nociva parte.
Provocando impactos letais aos aspectos finais.
Privando o Mundo de esfuziante beleza.
Até que um inesperado dia...
A borboleta novamente alçou voo.
E voou, voou, voou...
Dias e dias sem parar.
Apesar da admiração que causou
Parecia estar se punindo tal o incessante voar.
Mas, assim como voltou a voar,
O belo inseto voltou a parar,
Como se sua vida esvaísse.
Fixou-se em uma parte do tronco
Em que seu mimetismo melhor funcionava
E lá ficou... até secar.
Por que a borboleta parou de voar?
Por que a borboleta voltou a voar?
Por que a borboleta voou até morrer?


terça-feira, 6 de novembro de 2018

CORPO HUMANO LEVA 14 DIAS PARA SE ACOSTUMAR COM HORÁRIO DE VERÃO


Um estudo realizado no Brasil concluiu que o corpo humano precisa de ao menos 14 dias para se adaptar totalmente ao horário de verão. Enquanto essa adequação não ocorre, são comuns problemas como falta de atenção, de memória e sono fragmentado.

O horário de verão 2018 começou no último dia 4 de novembro e vai até o dia 16 de fevereiro de 2019. Nesse período, o relógio é adiantado em uma hora.

Ele vai vigorar no Distrito Federal e nos seguintes Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. 

O objetivo é economizar energia elétrica e gerar um ganho aproximado de R$ 150 milhões, de acordo com estimativa do Operador Nacional do Sistema Elétrico, o órgão governamental que controla o setor. A medida é comum em muitos países. As primeiras ideias sobre o tema surgiram no fim do século 18 e um de seus maiores defensores foi o patriarca americano Benjamin Franklin.  Ele dizia que a mudança no horário era necessária para gerar "economia tanto em velas como em querosene”.

Sobre seu impacto na saúde, a temperatura do corpo começa a subir mais cedo do que antes do horário de verão. Isso aponta para uma desestabilização entre os ritmos da temperatura corporal e da atividade de repouso. A pessoa fica mais propensa a ter déficits de atenção, pode ter maior fadiga durante o dia, problemas para dormir, e até mesmo a diminuição da duração do sono. 

Uma dica é ir acordando 15 minutos mais cedo diariamente, para que a transição ocorra aos poucos.

BOL Notícias 

O BOM VICENTE FEOLA - POR JOSÉ MARIA DE AQUINO




Nota: texto publicado na revista Placar de novembro de 1975. 

Um humanista do futebol, tranquilo até na hora da morte. Para o humano Feola, jogador era gente.   

Um campeão discreto, um conhecedor dos homens, um cultor do futebol. Esse foi Vicente Feola que poucos conheceram. Bem mais conhecido foi o folclore que o envolveu – preço pago pelo técnico da primeira Seleção Brasileira campeã do mundo pela sabedoria que o fez estar, quase sempre, à frente de seu tempo – no respeito ao jogador, no sentido humanista que tinha do esporte. É que soube conservar – até a morte.

Para quem nunca privou mais de perto de sua amizade, ouvindo seus conselhos, participando de suas histórias, sentindo em cada palavra que dizia uma ponta de sabedoria, a imagem – falsa – que ele refletia podia ser mesmo aquela do dorminhoco. Do técnico de poucos conhecimentos que abandonava o time em campo e que só conseguia ganhar jogos e títulos porque não complicava.

Uma imagem que não o incomodava e que ele, quase sempre, analisava com boa pitada de ironia. As palavras podiam mudar, mas o sentido da resposta era sempre o mesmo.
- Isso nunca me atingiu. E eu até que podia me dar a esse tipo de luxo, essa falsa impressão. Eu tinha Zagalo no time. Ele foi o jogador de maior percepção que já tive sob minhas ordens. Sempre me perguntam se o mais importante não era o Zito e eu sempre respondo que ele era bom porque não deixava a faísca sumir, a chama se apagar. Mas o orientador, o crânio era, sem a menor dúvida, o Zagalo.

Filho de imigrantes italianos, os pais queriam vê-lo médico famoso e tiveram que se contentar com as glórias de um técnico que só não foi fielmente reconhecido aqui no Brasil. Estranho, mas verdadeiro. Técnico da seleção campeã do mundo em 1958, na Suécia, exatamente aquela que marcou o fim de uma época de desorganização e o início de um período em que um jogo, um título, começou a ser ganho também fora do campo, nunca lhe renderam as homenagens, nunca lhe deram as glórias que, por exemplo, dedicaram a Zagalo, seu discípulo, depois da conquista em 1970, uma conquista evidentemente mais fácil.

Foi o técnico que perdeu a Copa da Inglaterra, em 1966, aquela que antes parecia bem fácil de ser ganha e não foi crucificado, amargurado, quase banido como foi Flávio Costa depois da derrota de 1950. Se depois da primeira não lhe reconheceram todo o valor, na segunda souberam sentir e medir que era bem pequena sua parcela de culpa. Uma dimensão que também ele, sem confundir sinceridade com amizade, fazia questão de não esconder.

O humanista
- Eu também acho que quem perdeu a Copa foi o meu amigo João Havelange. O chefe é sempre o culpado pelo fracasso de qualquer empreendimento. Nunca o funcionário, o pequeno empregado. E o Havelange era o chefe de tudo, aquele que deu as ordens e fez as exigências.

Sua parcela de culpa, dizia sempre, estava resumida ao fato de ter aceitado as exigências do povo e de parte da imprensa. Tinha sentido que seria impossível ganhar a Copa de 66 com os mesmos jogadores de 58 e 62, tentou formar uma base inteiramente nova com Carlos Alberto, Brito, Joel, Gérson, Jairzinho, naquela seleção de 1963, e acabou sendo dobrado pelo amor que o povo cria por seus ídolos. E os ídolos ainda eram Garrincha, Gilmar e outros.

Em 1958 insistiu na convocação de Pelé e brigou para que não o tirassem da relação por estar contundido. Sentia que aquele negrinho podia ser a chave de tudo e correu o risco de disputar a Copa com apenas 21 jogadores. Poucos sabiam, mas foi num papo descontraído, num canto sossegado – como gostava – que convenceu Garrincha de que devia centrar as bolas onde estava Vavá, e nãop chutá-las na rede, como andava fazendo. Preveniu Vavá para que não reagisse se o ponta lhe dissesse alguma coisa e armou seu esquema.
- Mané, você já percebeu que o Vavá está chegando atrasado, perdendo todos os seus centros? Vamos fazer uma coisa: você agora vai centrar um pouco mais para dentro.


Garrincha deu uma bronca enorme em Vavá e nunca mais chutou bolas na rede. Foi o primeiro técnico brasileiro a dirigir um time com humanidade, bondade e sabedoria. Começou assim em 1937, quando chegou ao São Paulo, e era assim até três meses atrás, antes de ser definitivamente internado no Hospital Santa Catarina, vítima de um colapso cardíaco e de complicações circulatórias, proibido de receber visitas, e onde morreu no último dia 6, cinco dias depois de ter completado 66 anos de idade.

Viveu 38 anos ligados ao São Paulo, foi seu técnico várias vezes, ganhou os títulos de 1948 e 1949 e sempre que ficou de fora, na secretaria, nunca negou seu apoio aos técnicos que eram contratados. Olheiro da Seleção Brasileira desde 1949 foi auxiliar de Flávio Costa na Copa de 1950, técnico em 1958 e 1966 e só não foi ao Chile, em 1962, porque na época sofria delicada crise renal.

O pioneiro
Antes dele os técnicos eram mais conhecidos pela quase tirania com que dirigiam o time, não entendendo, como ele, que nem todos podiam ser vistos como marginais. Em 1945 já levava o time do São Paulo para se concentrar em Campos do Jordão antes de jogos mais importantes e nessa mesma época já falava e escrevia sobre a necessidade de se organizar um bom departamento médico, de se cuidar dos dentes dos jogadores, do asseio corporal, do bom preparo físico, feito de maneira científica, e de se fundarem escolinhas de futebol, um sonho que o São Paulo procurou realizar, que concretizou definitivamente no princípio deste ano mas que ele não pode sentir mais de perto.


 Sempre gordo, tranquilo e bom observador, não gostava de meias palavras. Vivia dizendo para Paraná que, se não fosse tão teimoso e se não estivesse tão errado com relação a certas coisas, ainda seria o ponta-esquerda titular do São Paulo. Contratou Leônidas em 1942 e não permitiu que ele parasse em 1947, quando ainda tinha bom futebol para dar. Trouxe Poy da Argentina quando tinha apenas 18 anos, cuidou de Bauer, de Canhoteiro, de Roberto Dias e de quase todo garoto bom de bola que começou o passou pelo São Paulo.

Mais admirado no exterior – foi técnico do Boca Juniors da Argentina em 1959 – do que no Brasil, foi apresentado como o inventor do 4-3-3, mas parecia não dar a mínima importância aos elogios.
- Sabe o que é tática para mim? É reunir uma equipe que se entende bem.A maneira de jogar surge do entendimento do grupo. Depois do WM ninguém inventou mais nada.

Algumas vezes falou dos críticos, dos entendidos.
- Eles sempre ganham os jogos depois que foram realizados. No papel e sem adversário pela frente é muito fácil.

Vicente Ítalo Feola morreu tranquilo como sempre procurou viver e seu enterro foi acompanhado por bom números de amigos. Gente que de alguma maneira ganhou com sua experiência. Dirigentes, jornalistas, jogadores e torcedores. Gente que mais tarde, não apenas porque agora ele morreu, talvez entenda a importância que ele teve para o futebol brasileiro.

Nota: Vicente Feola nasceu em São Paulo no dia 1º de novembro de 1909. Também faleceu na capital paulista em 6 de novembro de 1975.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

OBESIDADE E OSTEOARTRITE NO JOELHO - POR VICTOR TITONELLI


A osteoartrite ou mais popularmente conhecida como artrose do joelho, é uma doença que pode causar um quadro de dor incapacitante para a pessoa portadora. Ocorre quando há lesão ou desgaste/degeneração da cartilagem de revestimento que recobre o fêmur e a tíbia. Cerca de 60% das pessoas acima de 65 anos apresentarão sintomas relacionados à osteoartrite no joelho.

Sintomas:
* dor no joelho
* inchaço recorrente
* deformidade progressiva no membro afetado
* crepitação/estalido
* sensação de instabilidade na articulação

É sabido que depois da idade (pacientes com mais de 60 anos), a obesidade é o maior fator causal relacionado a essa grave patologia. Alguns artigos sugerem, que o ganho de peso de cerca de 5 kg, pode elevar o risco de osteoartrite em cerca de 40%.

Pode ser tratada de maneira não cirúrgica, nas fases inicias, porém, em casos avançados só o tratamento cirúrgico através da prótese total de joelho, trará alívio para as dores intensas causadas por essa doença. Em casos de queixas como estas procure um especialista em joelho. Procure sempre ajuda de um profissional de educação física, endocrinologista e de um nutricionista para o auxílio na perda de peso. 


Victor Titonelli é médico ortopedista especialista em Cirurgia do Joelho. 
Trabalha no INTO – Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia. 

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

AÉRTON PERLINGEIRO: UM COMUNICADOR DE DESTAQUE DA TV BRASILEIRA


Minhas considerações:

Aérton Perlingeiro nasceu em Miracema no dia 28 de dezembro de 1921. O local de seu nascimento foi confirmado por seu filho, Jorge Perlingeiro, conhecido comunicador carioca e que apresenta há muitos anos a apuração dos desfiles das Escolas de Samba. Antero Perlingeiro e Jandira Belizário Perlingeiro são os nomes dos pais de Aérton. Ele foi um apresentador de rádio e TV, e por décadas teve muito prestígio. Lembro-me perfeitamente de seus programas e, naquela época, comentava-se muito por aqui que ele havia nascido em Santo Antônio de Pádua. Já ouvi relatos que ele nasceu próximo ao distrito de Paraíso do Tobias, que faz divisa com Pádua. A família Perlingeiro é muito tradicional na cidade vizinha de Santo Antônio de Pádua.

 

Abaixo transcrevo o texto de Billy Brasil, publicado no Recanto das Letras, em 27/01/2014.

 

Aérton Começou sua carreira artística em 1943, na Rádio Transmissora, no Rio. Sempre como apresentador e locutor. Transferiu-se par a Rádio Tupi, Rádio Fluminense e para a Rádio Clube.

 

No ano de 1956, foi para a televisão. Em São Paulo, o colega Aírton Rodrigues criou o programa “Almoço Com As Estrelas”. E o mesmo fez Aérton Perlingeiro no Rio de Janeiro. Ambos os programas foram um sucesso e tinham o mesmo formato: Uma mesa grande, para um almoço rápido e vários cantores, atores e personalidades nacionais eram entrevistados.

 

No Rio, Aérton era o mestre de cerimônias, além de ser também o produtor. Naquele tempo era assim e por isso ele e Aírton Rodrigues tinham muito trabalho. Mas tinham também muita fama e estima por parte de toda a classe artística, que desejava muito aparecer nesses programas.

 

Tanto o programa de São Paulo como o do Rio, era transmitido na hora do almoço de sábado e ficavam no ar por várias horas. O programa do Rio chamava-se Aérton Perlingeiro Show e existiu de 1956 até 1980, quase 30 anos no ar, só terminando quando a emissora faliu. O programa de Aérton teve 2204 edições. Tinha alguns quadros e o que era dedicado ao Samba, Jorge Perlingeiro, seu filho, apresentava.

 

Aérton foi um recordista da televisão brasileira. Personalidade muito querida pela classe artística foi um grande incentivador dos cantores populares e do teatro brasileiro. No seu programa, marcavam presença gente importante como Fernanda Montenegro, Fábio Junior, Sidney Magal e o proprietário das Emissoras Associadas, Assis Chateaubriand.

 

Criou o troféu O Velho Capitão, busto de bronze representando a figura de Assis Chateaubriand. Esse troféu foi entregue para mais de 300 personalidades, dentre os quais as cantoras Maysa Monjardim, Elis Regina e Elizeth Cardoso e o próprio Chateaubriand, que foi pessoalmente receber o prêmio no programa, três meses antes de morrer. Homem do rádio e da televisão, Aérton foi incansável na promoção da arte, principalmente música e teatro. Por 23 anos ficou na liderança do IBOPE.

 

Aérton sofria de forte bronquite e veio a falecer no Rio de Janeiro, em 31 de outubro de 1992, aos 70 anos.


quinta-feira, 25 de outubro de 2018

ROQUE, O SAPATEIRO - POR JOSÉ ERASMO TOSTES



Roque era um sapateiro italiano, meu vizinho. Andava sempre com as botinas engraxadas e um avental amarrado no pescoço. Morava com a esposa e um filho, Miguel.

Roque era um homem forte, ao contrário de sua esposa, franzina, já com os cabelos brancos, e não era muito boa da cabeça. Usava sempre um xale jogado nas costas, óculos redondos com aros de ouro e chinelos de liga. Seu filho Miguel foi criado até rapaz sem sair de casa, tornando-se um técnico em rádio.

A totalidade dos sapateiros em nossa cidade era descendente de italianos, assim como José Poly, Humberto Poly, Oterige, entre outros. Roque, praticamente, foi quem ensinou o ofício à maioria dos sapateiros em nossa cidade.

Eu, garoto ainda, era quem buscava água na mina para o Roque, ganhando com isso sempre um tostão e passava sempre horas em sua casa e na oficina. Os sapatos eram sempre feitos a mão, bico fino, salto carrapeta, solão, chuteiras, botinas, botas alpino. Às vezes o freguês colocava o pé em cima de um jornal velho e tirava a medida, assim como o João Neguinho, um músico da Banda Quinze de Novembro, que para fazer um par de botinas para ele gastava-se o couro de um bezerro. João Neguinho só calçava as botinas quando ia tocar na Banda (era tocador de baixo) e depois as deixava embaixo da cama. Contam que, certa vez, quando foi calçá-las, a gata tinha feito um ninho, deixando dentro delas 12 gatinhos (!).

Eram poucas as pessoas que possuíam rádio naquela época. Em nossa rua, somente o Roque tinha um rádio, GE, para onde todos nós corríamos a ouvir o Repórter Esso, na época da guerra.

À noite, em sua sapataria, jogava-se baralho, amigos e vizinhos. Roque era um italiano Rico. Possuía duas casas na Rua Paulino Padilha e, nos fundos, que dava para outra rua, mais seis casas geminadas.

Eu ficava admirado por minha rua chamar-se Paulino Padilha, enquanto as outras tinham nomes como Rua do Sapo, Rua do Lixo, Rua dos Prantos ou dos Prontos, Rua do Café, Rua da Laje, Rua da Capivara, Rua do Biongo, Rua das Flores, Beco do Inferno, Rua Direita, da Avenida e Praça dos Boêmios. Meu pai, com a calma que lhe era peculiar, começou a enumerar: Rua do Sapo devido a uma mina d’água, onde os sapos coaxavam e faziam barulho, hoje Francisco Dias Tostes; Rua do Café, onde haviam muitos pés de café nos morros, indo em direção ao Hospital (hoje essa rua é dividida em três: Rua dos Gabriéis, Cláudio Aquino e José Monteiro de Barros); Rua dos Prantos, a que ia em direção ao cemitério, ou dos Prontos, onde os moradores tinham baixo poder aquisitivo, hoje Elpídio Portes Mendes; Rua do Lixo, porque servia de depósito para o mesmo, hoje Francisco Cardoso; Capivara, em direção à cidade de Palma, que antigamente tinha este nome, hoje Rua Cândido Dias Tostes, assim como a Rua da Laje, que seguia em direção à cidade de Laje do Muriaé, hoje Avenida Carvalho; Beco do Inferno, onde moravam diversas mulheres que brigavam todos os dias, precisando sempre da intervenção da polícia, hoje Rua Pedro Elídio; Rua do Centenário, inaugurada em 1922, cem anos após a independência, hoje Rua Barroso de Carvalho; Rua das Flores, por ser uma rua onde quase todas as casas tinham em suas frentes jardins ou jardineiras, hoje Rua José Carlos Moreira; e Rua do Biongo, onde haviam dezenas de pequenas casas cobertas de sapé nas quais ficavam hospedados os integrantes de circos que por aqui passavam, hoje Rua Deodato Linhares; Avenida, hoje Rua Santo Antônio, era onde haviam diversas casas de lenocínio comandadas por uma mulher chamada Japonesa, frequentadas pelos homens da cidade; Praça dos Boêmios, onde os mesmos se concentravam no boteco de um turco chamado Farid, hoje Praça José Giudice; e Rua Direita, única rua onde se pagava imposto predial, tinha os prédios melhores e era a mais organizada, hoje Rua Marechal Floriano.

Roque, após a morte da mulher, ficou morando com a empregada, uma mulata de nome Amélia. A esta altura, o Miguel, já homem feito, se tornara técnico profissional em rádios e TV e os aprendizes do Roque, assim como o Anibinha, o Lecy e muitos outros, já trabalhavam por conta própria. Lecy era especialista em fazer sapatos femininos e o Anibinha em solados finos.

Adoece o Roque com um tumor na cabeça, as casas geminadas são vendidas para fazer face às despesas. Morre o Roque. O Miguel assume a casa e, mais tarde, assume também a mulata Amélia. Morre a Amélia e anos depois morre o Miguel, terminando assim a família Magaldi.

E a vida continua... 



A AUTOMEDICAÇÃO É UMA PRÁTICA BASTANTE COMUM NO BRASIL E MUITO PERIGOSA. 2ª PARTE E FINAL


... continuação 

A autora Marcia Kedouk em seu livro “Tarja Preta – Os segredos que os médicos não contam sobre os remédios que você toma”, conta em um dos capítulos quais são os perigos reais de usar medicamentos comuns sem orientação médica.

Salonpas
Princípio ativo: Salicilato de metila e levomentol
Para que serve: Dores musculares
Efeitos indesejados: Quando aplicado diretamente na pele, os riscos de intoxicação são menores, porque a quantidade de remédio absorvida pelo corpo é menor. O problema do Salonpas está na combinação com outros medicamentos, como anticoagulantes, remédios para diabetes, ou alergia ao princípio ativo da Aspirina, ou histórico de sangramento no estômago ou intestino e ainda doenças nos rins e fígado.

Eno
Princípio ativo: Bicarbonato de sódio, carbonato de sódio e ácido cítrico.
Para que serve: Azia (Queimação no estômago)
Efeitos indesejados: Pouca gente sabe, mas sal de frutas Eno tem uma grande quantidade de sódio: dois envelopes de Eno contêm 1,7 gramas de sódio. É praticamente a recomendação diária máxima de consumo, 2 gramas. Se a pessoa tiver problemas no coração ou pressão alta, tomar muito sal de frutas pode ser um verdadeiro perigo.
Por outro lado, usar antiácidos demais acaba prejudicando a produção natural de suco gástrico e diminuindo a absorção dos alimentos.

Omeprazol
Princípio ativo: Omeprazol
Para que serve: Dores no estômago principalmente as provocadas por lesões das mucosas
Efeitos indesejados: O Omeprazol atua diminuindo a produção de suco gástrico. Usá-lo por muito tempo pode causar o efeito contrário, ou seja, um excesso de produção da gastrina. O uso prolongado também pode afetar os níveis de magnésio no organismo, o que pode levar a problemas cardíacos.

Neosoro
Princípio ativo: Cloridrato de nafazolina
Para que serve: Desentupir o nariz
Efeitos indesejados: Essa substância tem vários efeitos perigosos: induz a tolerância, causa efeito-rebote e até dependência psicológica. Quando se usa demais, o corpo “acostuma” com o medicamento, e acabam sendo necessárias doses maiores para ter o mesmo efeito.
Usar demais a nafazolina inda pode causar uma rinite provocada por medicamentos, alterar a pressão sanguínea e causar problemas no coração.

Torsilax
Princípio ativo: Diclofenaco sódico, carisoprodol, paracetamol e cafeína.
Para que serve: Dores musculares
Efeitos indesejados: Diclofenaco é um anti-inflamatório, e esse tipo de medicamento pode afetar a muscosa do estômago, causando uma série de problemas: náusea, vômito, diarreia, cólicas abdominais, sangramento gastrointestinais e úlceras.

Amoxil
Princípio ativo: Amoxilina (antibiótico)
Para que serve: Infecções (combate de bactérias)
Efeitos indesejados: O que acontece quando se usa muito antibiótico? As bactérias passam a resistir, aumentando proliferação das superbactérias – aquelas que não reagem ao tratamento com antibióticos comuns.

A AUTOMEDICAÇÃO É UMA PRÁTICA BASTANTE COMUM NO BRASIL E MUITO PERIGOSA. 1ª PARTE


A facilidade de acesso aos medicamentos, a farta propaganda dos laboratórios e uma saúde pública que não funciona são alguns dos fatores que levam o brasileiro a sempre ter uma “farmacinha” em casa ou na bolsa. No entanto, alguns dos remédios mais usados e conhecidos escondem riscos sérios se forem usados de maneira abusiva.

Não significa que aquele remédio para dor de cabeça ou azia nunca deva ser utilizado. Quer dizer que, se usado de maneira constante, sem conhecer os efeitos combinados com outro medicamento que você já utilize ou não procure um médico mesmo se os sintomas não passarem, a automedicação pode, sim, ser perigosa.

A autora Marcia Kedouk em seu livro “Tarja Preta – Os segredos que os médicos não contam sobre os remédios que você toma”, conta em um dos capítulos quais são os perigos reais de usar medicamentos comuns sem orientação médica. 

Tylenol
Princípio ativo: Paracetamol
Para que serve: Dor e febre 
Efeitos indesejados: Quando o fígado processa o paracetamol, ele se transforma em NAPQI, que é uma substância muito tóxica. Ela é eliminada rapidamente pelo organismo. O perigo está no excesso: em adultos,  4 gramas por dia ou 1 grama de só vez podem sobrecarregar o fígado.
O resultado são lesões irreversíveis e até mesmo fazer o fígado parar de funcionar. E nem precisa tomar a dose excessiva sabendo o que está tomando: o risco é grande porque a pessoa pode estar tomando Paracetamol a mais sem saber, já que ele faz parte de vários outros medicamentos, como você pode ver nesta lista. Misturar paracetamol com anti-inflamatórios também pode ser perigoso para a saúde.

Neosaldina
Princípio ativo: Dipirona, mucato de isometepteno e cafeína
Para que serve: Dor e febre
Efeitos indesejados: Consumir dipirona em excesso pode diminuir a quantidade de glóbulos vermelhos e brancos, assim como as plaquetas do sangue. Dipirona pode também causar um quadro alérgico grave, conhecido como choque anafilático. E o que é pior: mesmo em pessoas que sempre usaram o medicamento sem problemas. É por isso que alguns países, como Estados Unidos e Austrália, por exemplo, proibiram a venda da dipirona.
Além disso, tomar remédios para dor sem parar pode diminuir a endorfina no organismo, que é uma espécie de analgésico natural.

Dorflex
Princípio ativo: Dipirona, citrato de ofernadrina e cafeína
Para que serve: Dores musculares
Efeitos indesejados: Além da dipirona, cujos efeitos indesejados acabamos de ler, também existe a orfenadrina, que se tomada em excesso pode até mesmo levar à morte. Outros efeitos são: boca seca, alterações nos batimentos do coração, tremor, agitação, delírio e coma.

Aspirina
Princípio ativo: Ácido acetilsalicílico
Para que serve: Dor e febre moderada
Efeitos indesejados: O uso em excesso de aspirina pode levar ao causar choque cardiovascular e insuficiência respiratória. Se a pessoa for diabética, Aspirina demais pode levar à hipoglicemia, porque portadores de diabete já usam outros remédios para controlar a doença.
Usar em combinação com álcool ou outro anti-inflamatório, nem pensar: a Aspirina pode causar úlcera e sangramentos fortes no estômago e intestino.

Continua... 

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

CARLOS ALBERTO TORRES: O CAPITA DO TRI


A jogada foi simbólica, com vários passes precisos e dribles curtos. Pelé recebeu na entrada da área e, sem olhar, rolou a bola para o lado. Carlos Alberto apareceu na corrida e encheu o pé: Brasil 4 x 1 Itália. Foi dele o último gol em uma competição que sintetizou a qualidade do futebol brasileiro. Ao marcar esse quarto gol na final de 1970, o Capitão do Tri também pôs o ponto final numa era de ouro do nosso futebol. O próprio lateral-direito levantou a taça de campeão e trouxe a Jules Rimet em definitivo para o Brasil. A imagem de Carlos Alberto chutando e levantando a taça jamais será apagada de nossa memória.  Também participou da Copa do Mundo de 1974.

Ainda menino, Carlos Alberto Torres já demonstrava sua personalidade forte. Depois de faltar ao trabalho para tentar uma oportunidade no juvenil do Fluminense, seu pai aplicou-lhe uma inesquecível surra. Torres apanhou calado e mais tarde, encarando o pai, disse: “Não adianta o senhor me bater. Quero ser jogador de futebol”. 

Elegante, técnico e de forte personalidade, Carlos Alberto tinha passadas largas e fôlego para atacar e defender com a mesma desenvoltura, coisa raríssima em sua época. Ele é considerado um dos mais completos laterais pelo lado direito que o Brasil já teve. Além das qualidades físicas e técnicas, era um líder nato. Com apenas 17 anos, em 1962, recebeu do treinador Zezé Moreira sua primeira oportunidade para atuar no time principal do Fluminense, onde jogou de 1962 a 1965 e uma breve passagem em 1976 (campeão carioca em 1964 e 1976).


Três anos depois estava no Santos de Pelé, acumulando títulos, de 1965 a 1970, 1972 a 1975 (campeão paulista em 1965, 1967//68/69 e 1973, campeão da Taça Brasil em 1965 e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, em 1968). Passou pelo Botafogo em 1971 e pelo Flamengo em 1977. Ainda corria o ano de 77 quando Carlos Alberto foi jogar nos Estados Unidos, pelo Cosmos, de 1977 a 1980 e 1982, ano em que encerrou a carreira, e pelo Newport Beach, em 1981. Foi campeão norte-americano em 1978, 1980 e 1982.

Em 1983 iniciou a carreira de técnico e em seu primeiro trabalho na nova função, foi campeão brasileiro do mesmo ano, dirigindo o Flamengo. Pelo Fluminense foi campeão carioca em 1984 e conquistou a Copa Conmebol, em 1993, comandando o Botafogo. Foi técnico de diversos times aqui do Brasil e do exterior, até 2005, quando se afastou definitivamente dos gramados.  

Carlos Alberto Torres nasceu no Rio de Janeiro, em 17 de julho de 1944, e nos deixou  em 25 de outubro de 2016, aos 72 anos, após sofrer um infarto fulminante em sua residência, no Rio.

Números da carreira:
Fluminense – 165 jogos e 19 gols
Santos – 445 jogos e 40 gols
Botafogo – 22 jogos
Flamengo – 20 jogos
Cosmos – 100 jogos e 6 gols
Newport Beach – 19 jogos e 2 gols
Seleção Brasileira – 69 jogos e 9 gols, sendo 54 oficiais e 8 gols

terça-feira, 23 de outubro de 2018

POR QUE AINDA HÁ TANTOS CASOS DE CÂNCER DE MAMA?


Estamos nos últimos dias de outubro, mês que se coloriu de rosa nos últimos tempos simbolizando a luta contra o câncer de mama. Apesar dos avanços no tratamento e diagnóstico, o câncer de mama ainda é um grave problema de saúde, com milhares de casos. Além disso, tanto a incidência quanto a mortalidade relacionada aumentaram em 18% desde 2008. Estima-se que atingiremos 3,2 milhões de novos casos em 2050. 

Hábitos de vida
Apresentam risco elevado as mulheres que vivem na metrópole, não têm filhos ou os têm tardiamente, não amamentam, fumam, ingerem bebidas alcoólicas, estão com sobrepeso, são sedentárias, estressadas e usam hormônios. Tudo relacionado ao que chamamos de “modernidade”. Outros fatores como energia eletromagnética, radiação, alimentos industrializados com acidulantes e estabilizantes, componentes químicos contidos no PVC são alvos de pesquisa e parecem ter relação com o surgimento de vários tipos de câncer, inclusive o de mama.

Detecção precoce 
Quando descobrimos tumores menores do que 1 centímetro, em 90% dos casos conseguimos conservar a mama e curar a doença. Em que pese essa aparente facilidade de solução, o diagnóstico precoce ainda é um desafio no Brasil – cerca de 40% dos casos são diagnosticados com tumores de 5 centímetros ou mais, obrigando a retirada da mama e com possibilidades de cura abaixo de 30%.

Nossa mais importante arma para a detecção precoce é a mamografia anual, a partir dos 40 anos, como preconizam a Sociedade Brasileira de Mastologia, o Colégio Americano de Radiologia (ACR), a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) e a Society of Breast Imaging (SBI), esse exame associado ao exame clínico realizado por ginecologista ou mastologista compõem o rastreamento do câncer de mama.

É verdade que há muita complexidade envolvida no diagnóstico precoce do câncer de mama, os desafios são grandes, mas, se os vencermos, passaremos também a economizar sofrimento e vidas.

Fonte: Letra de Médico 

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

GARRINCHA: O FUTEBOL IRREVERENTE DE UM GÊNIO QUE DRIBLOU TUDO, MENOS O VÍCIO QUE O LEVOU À MORTE

Antes de ser jogador profissional, Garrincha era operário da fábrica América Fabril e jogava no Esporte Clube Pau Grande. Levado pelo ex-jogador Arati, Garrincha chegou ao Botafogo em 1953, com 19 anos. Arati foi apitar um jogo em Pau Grande, distrito de Magé, e lá descobriu um moleque franzino, de pernas tortas, mas de drible fácil. Gentil Cardoso não acreditou muito na descoberta de Arati, mas deixou o garoto – que tinha como apelido o nome de um pássaro – treinar. Apesar de meio desacreditado – em 1948 tentou, sem sucesso, no Vasco e no Fluminense; e depois estava diante do melhor lateral esquerdo do país, Nilton Santos – Garrincha não se intimidou e seus dribles impressionaram a todos. Aprovado, Garrincha foi contratado.

 

Sobre a tentativa, sem sucesso, no Vasco e Fluminense, seguem os detalhes: o primeiro teste de Garrincha em um time grande aconteceu em 1950, às vésperas de completar 17 anos, quando foi levado ao Vasco por um diretor da América Fabril. Com vergonha de levar a chuteira velha e rasgada, apareceu descalço na peneira e foi impedido de treinar pelo argentino Volante, um ex-jogador. Poucos meses depois, com os amigos Diquinho e Arlindo, tentou o São Cristóvão. Jogaram só dez minutos e foram dispensados sem sequer comerem o sanduíche que os clubes tradicionalmente davam. Depois, tentou o Fluminense e o técnico Gradim nem ao menos o colocou para treinar.

 

Voltando ao assunto em questão, a sequência de sua carreira, dizer o que de quem fez a torcida gritar pela primeira vez “olé” dentro de um estádio de futebol? E nem era a torcida do time dele, o Botafogo, mas sim mexicanos que assistiam a uma das exibições do Glorioso pelo mundo.

 

Como marcar Garrincha? Não havia mesmo nada a fazer diante desse gênio. Assim como não há como defini-lo. Era imprevisível e dono de um futebol que jamais se enquadrou em esquemas táticos. Seu amor pelo espetáculo não significou, em momento algum, que Mané não fosse um atleta obcecado pela vitória. Nenhum outro jogador foi tão querido por todas as torcidas como MANÉ GARRINCHA, O “ANJO DAS PERNAS TORTAS”, como bem definiu o poeta Vinícius de Moraes, foi incomparável.

 

Em quase 13 anos no Botafogo, em que conquistou os títulos cariocas de 1957, 1961 e 1962, e o Torneio Rio-São Paulo de 1962 e 1964, fez 612 jogos e marcou 242 gols. Pela Seleção Brasileira, jogou 60 partidas e marcou 16 gols, sendo 50 oficiais e 11 gols. O detalhe é que perdeu apenas um jogo defendendo o Brasil, que por coincidência foi sua última partida pela Seleção, nos 3 a 1 para a Hungria, na Copa do Mundo de 1966. E quando jogou ao lado de Pelé, o Brasil nunca foi derrotado. Um retrospecto inacreditável.

 

Os estragos que fazia com a camisa botafoguense, ele repetia com a da Seleção. Mané foi bicampeão mundial e, para muitos, se não fosse ele o Brasil teria saído da Copa do Chile, em 1962, mais cedo. Com Pelé machucado, coube a GARRINCHA jogar por ele, pelo Rei e deixar o mundo espantado. Foram dribles, passes perfeitos e gols até de cabeça e de perna esquerda. Nas quartas de final, após a derrota de 3 a 1 para o Brasil, o técnico da seleção inglesa desabafou: “Preparei um time quatro anos para enfrentar times de futebol, mas não esperávamos um jogador como GARRINCHA”. Coube, porém, ao jornal chileno El Mercúrio, em manchete, a melhor definição sobre esse Charles Chaplin do futebol: “De que planeta viene GARRINCHA?”.

 

Em 1965, os problemas crônicos com os joelhos já o impediam de jogar e Manuel Francisco dos Santos, que nasceu em Pau Grande, distrito de Magé, em 18 de outubro de 1933, despediu-se do Botafogo e praticamente do futebol. Ainda tentou jogar por Corinthians – 13 jogos e 2 gols, Flamengo – 12 jogos e 4 gols, e Olaria – 10 jogos e 1 gol.

 

Em 1977, cansada de suas farras, Elza Soares abandonou Garrincha, que se entregou ainda mais à bebida. O fim inevitável chegou na madrugada do dia 20 de janeiro de 1983, aos 49 anos, após mais um coma alcoólico. Congestão pulmonar, pericardite, esteatose hepática e pancreatite hemorrágica. A isso foi reduzido o gênio do futebol pelo atestado de óbito.

 

Esse foi o capítulo final do homem apelidado “Alegria do Povo” que desafiou a medicina para dividir as honras de melhor do país com o Rei Pelé.

 

Nota: após alguns desencontros sobre a data de seu nascimento, a equipe de reportagem do Jornal dos Sports, em 2003, foi fundo na investigação para encerrar de uma vez por todas a polêmica sobre a data correta, no livro de registros do cartório do 6º distrito de Magé, que teve o dia 18 de outubro de 1933 – e não o dia 28 do mesmo mês – reconhecido a sua autenticidade pela titular do cartório.

 


O que eles disseram...

“Garrincha era, à sua maneira, um gênio. Se Pelé personificava a perfeição (chutava, driblava, cabeceava, passava, tudo de forma irretocável), Garrincha era a consagração do imperfeito: tordo, anti atlético, individualista, uma jogada só, mas um gênio a desmoralizar lógicas, a desafiar o imponderável, a transformar o previsível – sempre o mesmo drible – em irresistível. A tragédia está em que sua história não teve o final feliz que merecia. O homem que não podia dar certo – e deu – não teve fôlego para correr os dois tempos de sua curta existência (tinha 49 anos quando a morte o levou). Ao perder o brinquedo, começou a perder o gosto pela vida. Faltaram-lhe pernas para um último arranque pela direita: o drible na própria tragédia.”

 

(João Máximo, jornalista)