sexta-feira, 26 de agosto de 2022

MOISÉS: O XERIFE

 


Moisés Matias Andrade foi um zagueiro que compensava a pouca técnica com um futebol duro e às vezes até violento, fazendo jus ao apelido de “Xerife”. Nascido em Resende-RJ, em 30 de janeiro de 1948, iniciou sua carreira no Bonsucesso e depois jogou no Botafogo, Vasco – 209 jogos e 3 gols (campeão brasileiro em 1974), Corinthians – 122 jogos (campeão paulista em 1977), uma breve passagem pelo Paris Saint-Germain/França, Flamengo – 15 jogos, Fluminense – 20 jogos, Portuguesa de Desportos e Bangu – 120 jogos e 4 gols, onde encerrou a carreira em 1983.


No próprio Bangu iniciou a carreira de técnico sendo o comandante do time vice-campeão brasileiro em 1985. Entre uma passagem e outra é o segundo treinador que mais vezes comandou o time de Moça Bonita, em 286 jogos, 13 a menos que Elba de Pádua Lima (Tim).


Malandro, irreverente e frasista, Moisés bradava que “zagueiro que se preza não ganha o Belfort Duarte”, referindo-se ao prêmio instituído pelo Conselho Nacional de Desportos em 1945, e entregue ao atleta que passava dez anos sem ser expulso de campo. Morador de Madureira desfilava sempre no Bloco das Piranhas, no Carnaval, vestido de mulher. 


Moisés faleceu aos 60 anos, na capital carioca, em 26 de agosto de 2008, vítima de câncer pulmonar.. Estava trabalhando na Arábia Saudita quando não se sentiu bem e retornou ao Brasil para fazer alguns exames. Infelizmente foi constatado o câncer e o ex-zagueiro pouco tempo depois veio a óbito. Como técnico trabalhou por vários times do Brasil e alguns do exterior.

 

 

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

WILLY GONSER: UM GRANDE NOME DO RÁDIO ESPORTIVO BRASILEIRO

 


Willy Fritz Gonser nasceu na capital paranaense em 13 de outubro de 1936. Filho de pai alemão e mãe paranaense trabalhou nas rádios Marumby, Clube e Curitibana (Curitiba), Paiquerê (Londrina), Gaúcha e Farroupilha (Porto Alegre), Jovem Pan e Bandeirantes (SP) e Nacional e Continental (RJ), nas TVs Paranaense e Gaúcha.

Trabalhou na Rádio Itatiaia de Belo Horizonte de 1979 a 2009 como locutor que fazia a cobertura exclusiva de jogos do Atlético Mineiro. Willy cobriu onze Copas do Mundo, as de 1962, 1970 e 1974 pela rádio Gaúcha, a de 1978 pela Nacional, e as de 1982, 1986, 1990, 1994, 1998, 2002 e 2006 pela Itatiaia, e cinco edições de Jogos Olímpicos. 

Com a idade avançada o locutor estava com problemas crônicos de voz e foi afastado da emissora. Em setembro de 2009 decidiu desligar-se da Itatiaia. No dia 6 de junho de 2015, Willy voltou a trabalhar em rádio, só que agora como comentarista, estreando no clássico Atlético x Cruzeiro, na Rádio Inconfidência de Belo Horizonte.

Na mesma emissora, Willy Gonser também era diretor de esportes e apresentador do programa Observatório do Esporte. No mesmo ano, Willy anuncia sua saída da rádio, seis meses após sua contratação.

Willy Gonser foi um dos símbolos da narração esportiva, além de ter sido a “Voz do Galo” na rádio Itatiaia por 30 anos. Durante seu longo período na Itatiaia dividiu o posto de primeiro locutor da emissora com Alberto Rodrigues, que transmitia os jogos do Cruzeiro. Era chamado de “o mais completo narrador esportivo do Brasil”, por narrar vários esportes e também foi apelidado de “Alemão”, pelo fato de ser descendente de alemães.

Em decorrência de uma pneumonia, Willy Gonser morreu aos 80 anos, na capital mineira, em 22 de agosto de 2017. Sua morte deixou o rádio mineiro de luto e uma tristeza enorme entre seus amigos de imprensa e fãs.

domingo, 21 de agosto de 2022

CAPITÃO FRONER

 


Carlos Benevenuto Froner nasceu em São Borja-RS, em 19 de novembro de 1919. Começou a orientar times durante sua carreira militar. Quando saiu do Exército, estreou treinando o Grêmio Esportivo Leopoldense, em 1947. Posteriormente comandou diversos times do futebol brasileiro: Aimoré, Floriano, Cruzeiro-RS, Internacional, Grêmio (campeão gaúcho em 1964/65 e 67), Brasil-RS, Ferroviário-PR, Santa Cruz-PE, Flamengo, Bahia (campeão baiano em 1977/78/81/82 e 83), Vasco, Caxias, Joinville (campeão catarinense em 1979), Vitória (campeão baiano em 1980), Juventude, Remo (campeão paraense em 1986), Chapecoense e Pato Branco-PR. Treinou a Seleção Gaúcha, que representou a Seleção Brasileira na Taça Bernardo O’Higgins, em 1966, e dirigiu  Seleção do Resto do Mundo, em 1975.


Em 1962, foi personagem de um dos momentos mais marcantes do futebol gaúcho. Dispensado pelo Internacional, Carlos Froner foi contratado pelo Aimoré. Na penúltima rodada do campeonato gaúcho, daquele ano, o Internacional precisava apenas de um empate para ser campeão. Magoado pela maneira como foi dispensado, Froner motivou seu novo time contra seu ex-clube. O Aimoré acabou vencendo por 3 x 1, em pleno Estádio dos Eucaliptos, e o Internacional perdeu o campeonato para o maior rival, o Grêmio.


Em sua passagem pelo Flamengo, entre 1975 e 1976, Froner foi o responsável por passar Júnior da lateral-direita para a lateral-esquerda, posição onde se consagraria anos mais tarde. Capitão da reserva do Exército, e chamado pelos jogadores e repórteres frequentemente de “Capitão Froner”, sempre foi a principal referência de treinador para Luiz Felipe Scolari. Carlos Froner abandonou a carreira de técnico em 1995, aos 76 anos de idade.


Carlos Froner faleceu em 21 de agosto de 2002, aos 84 anos, em Tramandaí, no litoral gaúcho, após sofrer uma parada cardíaca.

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

MIRACEMA UMA BELA CIDADE: POR JOSÉ ERASMO TOSTES

 


Quem não conhecia o Major Emiliano, lá das bandas do Belo Monte, que trabalhava na Fabrica de Tecidos? Já velho, magro, baixo e bem moreno, sempre de chapéu e cavanhaque usava um guarda chuva para esconder uma hérnia volumosa. Do seu escritório via o pomar de sua chácara cheio de árvores frutíferas que ele sempre plantava, assim como, roseiras e madeiras nobres que davam boa sombra e bons frutos. No período em que permanecia em sua chácara aproveitava o tempo para cuidar da floresta que crescia em volta da casa.

Um belo dia chega Cícero, meu pai, amigo de longa data para visitá-lo. Logo veio aquele abraço fraternal e começaram a conversar sobre os velhos tempos da mocidade. Como o dia estava ameno, resolveram dar uma volta através da mata e sentir o cheiro da relva e do mato verde, pisar sobre as folhas secas com os pés descalços, catar gravetos para alimentar o fogão à lenha onde fazia broas de fubá. Foram caminhando sem sentir o tempo passar, enquanto o Emiliano ia enumerando os nomes das árvores que havia plantado. Passaram pelo lago cristalino e beberam aquela água que borbulhava da nascente. Lavaram o rosto e os pés descalços pisando folhas do mato verde, sentiam as sombras dos arvoredos. Um dia inesquecível! O visitante estava feliz. Nunca tinha passado um dia tão agradável e de tanta paz ao som do canto dos pássaros e dos insetos. Passou a observar aquelas árvores, notou que muitas estavam tortas, outras pequenas demais, perto de grandes árvores. Outras com galhos no chão e raízes fora da terra, à mostra. Árvores velhas e novas, árvores entrelaçadas em outras, árvores abrigando parasitas, árvores isoladas, árvores morrendo e outras em pleno frescor.

O amigo Cícero desacostumado a andar no mato, ao ver de perto as diferenças produzidas pela natureza, pergunta ao Emiliano qual a explicação para tantas diferenças entre elas, que foram plantadas com o mesmo carinho e pela mesma pessoa?

O velho Emiliano respondeu: – A floresta meu irmão, pode ser comparada com a sociedade em que vivemos, ou melhor, um clube social, uma sociedade religiosa, um exército, enfim, com a humanidade. E continuou... essas retas e altaneiras correspondem às pessoas que procuram fazer tudo certo, isto é, dentro da lei. Essas carregadas de bons frutos são pessoas caridosas que estão sempre dispostas a oferecer algo ao seu semelhante.

Aquelas secas, sem frutos e flores, sem sombras, representam pessoas que não lutam para crescer e prosperar, e acomodam com o pouquinho de luz que lhes sobra e vão vivendo. Aquelas esguias que se intrometem entre as mais velhas e fortes são as pessoas que procuram amparo, que querem vencer e se apegam entre as mais fortes, brigam por um lugar ao Sol e logo conseguem. São vencedoras. Aquelas tortas, fora dos eixos de equilíbrio, querem vencer a qualquer custo, indo procurar luz em outro ponto e caem com a força do vento por estarem desequilibradas. Querem alcançar o sol de qualquer maneira e fracassam. As baixinhas embaixo das grandes são acomodadas e querem sempre estar na sombra das outras e não crescem. Não morrem, mas não são felizes.

Cícero, o visitante, teve que partir. Agradeceu a acolhida, abraçou o velho Emiliano e saiu pensando alto: “Esta floresta parece com Miracema, a nossa cidade. Muitos altaneiros, outros acomodados, alguns estudiosos. Vários sem vontade de aprender. Tantos vencendo pelos próprios méritos. Outros querendo algo sem fazer por merecer. Todos miracemenses, todos nascidos na mesma cidade, todos recebendo os cuidados do mesmo chacareiro. Paciência, não há como mudar!”

Vamos recolher a lenha seca, limpar os caminhos, proteger as nascentes desta Miracema, uma bela cidade, para que possamos continuar possuindo flores perfumadas, frutos saborosos, árvores frondosas e palmeiras seculares. Miracema é uma grande floresta.

terça-feira, 9 de agosto de 2022

O SOCIÓLOGO BETINHO: UM EXEMPLO DE LUTA PELA VIDA


Herbert José de Sousa, conhecido como Betinho, mineiro de Bocaiúva, onde nasceu em 03 de novembro de 1935, foi um sociólogo e ativista dos direitos humanos brasileiro. Concebeu e dedicou-se ao projeto Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida. Betinho foi um dos primeiros intelectuais a advogar em favor das organizações não governamentais, que não dependem do estado nem da iniciativa privada. A partir da participação de Betinho, o problema da fome e da miséria tornou-se visível e concreto para todos os brasileiros.

Com a anistia política, em 1979, após um período exilado, Herbert José de Sousa retornou ao Brasil. Tornou-se um dos símbolos da resistência política. Dois anos depois, fundou o IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas). 

Em 1986, Betinho descobriu ter contraído o vírus da AIDS em uma das transfusões de sangue a que era obrigado a se submeter periodicamente devido à hemofilia, doença que convivia desde os primeiros dias de sua vida. No período de um ano, Betinho perdeu dois irmãos vítimas da Aids.

Em sua vida pública esse fato repercutiu na criação de movimentos de defesa dos direitos dos portadores do vírus. Junto com outros membros da sociedade civil, fundou e presidiu até a sua morte a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS.

Mesmo assim, não deixou de ser ativo até o final de sua vida, dizendo que a sua condição de soropositivo o forçava a "comemorar a vida todas as manhãs."

Morreu em 09 de agosto de 1997, aos 61 anos, em sua residência, no Rio de Janeiro. 

"O que somos é um presente que a vida nos dá. O que nós seremos é um presente que daremos à vida. Um país não muda pela sua economia, sua política e nem mesmo sua ciência; muda sim pela cultura. Essas crianças estão nas ruas, porque, no Brasil, ser pobre e estar condenado à marginalidade."

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

WALTER ABRAHÃO: O NARRADOR QUE NÃO PRONUNCIAVA PELÉ

 


No dia 8 de agosto de 2011, a narração esportiva da televisão brasileira perdeu um de seus mais importantes representantes, Walter Abrahão, vitimado por um câncer no pulmão, aos 80 anos, na capital paulista. Filho de imigrantes árabes, Walter nasceu em Piraju-SP, em 5 de janeiro de 1931.

 

Walter Abrahão se projetou como narrador esportivo da TV Tupi nos anos 60 e 70. É considerado o inventor do "replay" esportivo quando utilizou este artifício, pela primeira vez, em 1963. Ele contou que estava assistindo a uma partida na TV Tupi e distraiu-se bem na hora do gol. Virou-se para os técnicos e disse que precisava rever o gol. Os técnicos disseram que ele estava maluco. No dia seguinte, quando Walter chegou à emissora, os técnicos haviam conseguido repetir o lance, graças a um processo batizado na época como o nome de “bilance”. 

 

Para Walter, Pelé era apenas “ELE”, a bola foi para Ele, Ele driblou o primeiro...

 

O jogo segue OXO (pronunciava “ocho” para designar um placar sem gols), é outra de suas criações que caiu nas graças do povão. O seu nome ficará para sempre marcado no meio esportivo.

 

Aos 16 anos, Walter Abrahão foi convidado para narrar um treino do Internacional, de Promissão, cidade do interior paulista. Como era muito pequeno, foi impedido de fazer a locução. Mas a frustração não fez Abrahão desistir da carreira. Assumiu o cargo de locutor na Lins Rádio Clube, de Lins (SP), no lugar do narrador Fiori Gigliotti, que havia se transferido para uma emissora de Araçatuba (SP).

 

Em 1950, decidiu tentar a sorte em São Paulo. Após alguns estágios, conseguiu uma vaga de locutor da equipe da rádio Tupi/Difusora. Por ser novato, só cobria esportes amadores. Chegou a narrar, por exemplo, partidas de xadrez. Permaneceu na rádio até 1961, ano que se transferiu para a TV Tupi. No novo veículo, tornou-se um dos grandes narradores da época. Quando a Tupi faliu, Walter transferiu-se para o SBT, e depois para a Rede Manchete. Nestas emissoras, participou das transmissões de seis Copas do Mundo. Era formado em Direito e chegou a ser sócio de um importante escritório de advocacia no final dos anos 50.

 

Walter se enveredou na política e foi eleito vereador de São Paulo, em 1988, e reeleito em 1992. Em 1993, entrou para o Tribunal de Contas do Município de São Paulo, aposentando-se em 2001.

 

 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

JOSÉ MARIA DE AQUINO À PROCURA DE OBDULIO VARELLA...

 


Montevidéu, maio/1972. Club Jackson, Parque Maldonado, onde os jogadores campeões mundiais em 1950, na tragédia do Maracanã, 16 de julho, se reuniam - os que ainda vivem continuam se reunindo lá, especialmente na data da final daquela Copa. Passei por lá a caminho de Buenos Aires, para cobrir um jogo Independiente x São Paulo, pela Libertadores. Cheguei, com o fotógrafo Fernando Pimentel e fomos para o Hotel Vitória. De lá, liguei para o jornal La Manãna para falar com o amigo e grande jornalista Franklin Morales. Ele não estava, mas seu colega me atendeu muito bem. Disse a ele que queria conversar com Obdulio Varella e se sabia onde encontrá-lo. Ele riu, disse que eu e todos os brasileiros que apareciam por lá, desde 1950, queriam falar com Obdulio, mas nenhum conseguia. "Ele não dá entrevistas". Mas me deu o caminho. Club Jckson, a partir das 20 horas. Rumamos para lá.

 

Por alguns minutos fiquei de longe vendo-o jogar bocca. Depois me aproximei de algumas pessoas. Desejei boa noite a eles, que logo quiseram saber o que eu pretendia. Disse e as vi sorrir também. Depois que Obduio executou mais uma jogada, um de seus amigos mandou o recado: "Negro, esse moço, jornalista brasileiro, quer falar com você". Obdulio levantou ligeiramente a cabeça, me olhou rapidamente e continuou jogando, sem uma única palavra. Fui aconselhado a ir embora, porque perdia meu tempo. Pimentel também propôs voltarmos ao hotel, mas eu não tinha nada a fazer nem a perder. Continuei olhando o jogo, acho que por mais umas duas horas. De repente, Obdulio veio em minha direção e perguntou o que eu queria. Falei que Zezé Moreira, meu conterrâneo, me havia dito que... Mas fui rapidamente interrompido: “Ele não sabe nada de futebol. Estragou nossos times. É um retranqueiro...". Concordei de imediato. Não estava ali para falar de Zezé Moreira, grande técnico, mas para conversar com ele, Obdulio Varella, que tinha feito tantos brasileiros chorar.

 

Uns segundos de pausa e ele perguntou: "o que você bebe". Respondi que bebia cerveja e ele disse que bebia uísque, convidando-me para sentar. Ordenou que fôssemos servidos e o papo rolou por horas. Seus amigos, campeões do mundo, balançavam a cabeça não acreditando no que viam e ouviam. Alta madrugada, quando o assunto futebol tinha esgotado, ele começou a falar de política e a criticar o governo. Preocupados, seu amigos disseram que tinha acabado a cerveja e o uísque. Sem dar bola para eles, Obdulio me chamou para continuar a conversa numa churrascaria que ficava perto do estádio Centenário - que permanecia aberta na madrugada - conhecida dos brasileiros como Cancha de Maidana. Apesar da azia já estar presente - muita cerveja sem nada comer - topei o convite. Mas seus amigos me aconselharam a mudar de ideia. "Moço, você tem muita sorte. Ele nunca conversou com nenhum jornalista brasileiro, mas não abuse. Ele é tupamaro, mas é respeitado pela polícia, mas você..." Fui curar a azia no hotel.

 

Nota: mais uma sacada de “mestre” do “MESTRE” José Maria Aquino, um dos nomes mais respeitados do jornalismo esportivo.

TONINHO CEREZO: O PLUTO ITALIANO

 


Antônio Carlos Cerezo, mais conhecido como Toninho Cerezo, nasceu em Belo Horizonte-MG, em 21 de abril de 1956. Volante voluntarioso, de passadas largas, muito fôlego e mobilidade em campo, grande visão de jogo e determinação tática. Todas essas qualidades mesmo com seu jeito desengonçado. Está entre os grandes jogadores da história do Atlético Mineiro. Também se destacou no futebol italiano e pelo São Paulo, onde conquistou títulos importantes no final de carreira.


Em 1972, Cerezo fez sua estreia pelo Galo. Depois de um começo tumultuado, no qual chegou a ser emprestado ao Nacional (campeão amazonense em 1974), para adquirir experiência, voltou para o Atlético e, a partir de 1974, tornou-se titular. Disputou 451 jogos e marcou 77 gols. Ao lado do artilheiro Reinaldo, formou uma das maiores equipes de todos os tempos do Atlético. Foi campeão mineiro em 1976, 1978/79/80/81/82/83).


Em junho de 1983, Cerezo foi negociado com a Roma, por US$ 10 milhões. Ele chegou à capital italiana com a responsabilidade de dividir o setor de meio-campo com Falcão, chamado na época de “Rei de Roma”, pois ajudara a levar o clube ao título nacional depois de 41 anos de jejum. Ajudou a conquistar os títulos da Copa Itália de 1984 e 1986. Marcou 25 gols em 104 jogos.


Em agosto de 1986, Cerezo se transferiu para a Sampdória. Foi apelidado de Pluto, pelas passadas largas e desajeitadas como as do cachorro do desenho animado. Foi bicampeão da Copa Itália de 1988/89, e campeão italiano de 1991. Atuou em 216 jogos e assinalou 25 gols.


De volta ao Brasil, assinou com o São Paulo em 1992. Brilhou no tricolor paulista e conquistou títulos importantes sob o comando de Telê Santana: campeão paulista (1992), Taça Libertadores (1993), Mundial Interclubes (1992 e 1993). Marcou 7 gols em 72 jogos.


Antes de pendurar as chuteiras, Cerezo ainda atuou pelo rival Cruzeiro – 27 jogos e 6 gols (campeão mineiro em 1994), Paulista de Jundiaí – 8 jogos, retornou ao São Paulo no segundo semestre de 95, para jogar o brasileiro, e seu destino final foi o Atlético Mineiro, onde encerrou a carreira em agosto de 1997.


Participou das Copas do Mundo de 1978 e 82. Pela Seleção foram 73 jogos e 5 gols, sendo 58 oficiais e 4 gols. Na Copa de 82, estava suspenso e não atuou contra a União Soviética. Após os primeiros e brilhantes resultados, veio a improvável eliminação para uma Itália tecnicamente inferior, mas taticamente disciplinada, por 3 a 2. Cerezo foi massacrado por parte da imprensa brasileira pelo passe errado que originou o segundo gol italiano. No entanto, é quase unanimidade na crônica esportiva mundial que ele, ao lado de Falcão, Sócrates e Zico formaram um dos melhores meios de campo da história do futebol mundial. A sua geração não teve o privilégio de conquistar uma Copa do Mundo. Coisas do futebol...

 

segunda-feira, 1 de agosto de 2022

COLÉGIO CENECISTA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS: 70 ANOS DE ENSINO DE QUALIDADE E TRADIÇÃO




Neste ano de 2022, mais precisamente no dia 1º de agosto, o Colégio Cenecista Nossa Senhora das Graças completa 70 anos de histórias com Miracema. Ele aqui chegou 16 anos após a emancipação de nossa cidade. Sendo assim, cresceram juntos e buscam o desenvolvimento político-social e educacional, respectivamente.  

 

Não tive o privilégio de estudar nesse educandário, que sempre admirei e tinha as melhores informações sobre a qualidade de seu ensino, o que já era de se esperar, pois seus mestres, reconhecidamente, fazem parte de um seleto grupo. Hoje, minha esposa é professora de Geografia e Educação Infantil da rede e, minha filha, faz parte do grupo de alunos. Posso dizer, então, que faço parte da família Cenecista. Meu tio, Jair Gonçalves, também teve a honra de ser professor de língua estrangeira nessa escola.                                                                      
                                                                                                                         
Assim tudo começou em Miracema...

Foto da década de 50. Vemos ao fundo o Colégio Miracemense
O Colégio funcionou no Grupo Escolar Dr. Ferreira da Luz até 1965, quando se deu a inauguração de sua sede própria, no dia 13 de junho de 1965, à Avenida Nilo Peçanha, 191, Centro, Miracema-RJ, com a presença honrosa do fundador da Campanha, Dr. Felipe Tiago Gomes e o Sr. Altivo Mendes Linhares.
Em 27 de novembro de 1983, o estabelecimento passou a chamar-se Colégio Cenecista Nossa Senhora das Graças.


HISTÓRIA DA REDE CNEC
Fundada em 1943, na cidade de Recife/PE, como Campanha do Ginasiano Pobre, a CNEC nasceu do ideal de um grupo de estudantes universitários que, liderados pelo professor Felipe Tiago Gomes, resolveu contrariar a situação instalada – a escola como privilégio de poucos – oferecendo ensino gratuito a jovens carentes. Nasceu desse ideal a primeira unidade da CNEC – o Ginásio Castro Alves.

O trabalho voluntário de seus idealizadores se propagou pelo Brasil, comemorando adesões e compromissos e transformando a Campanha do Ginasiano Pobre, que inicialmente abrigava pedidos de ajuda e orientações para a criação de unidades escolares, na Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), reconhecida como o mais expressivo movimento de educação comunitária existente na América Latina.

A concepção de educação comunitária, já àquela época, atendia não só aos anseios dos excluídos, mas também aos de toda a comunidade, pois o projeto cenecista fundou seus alicerces no fazer educação com qualidade, uma vez que não bastava proporcionar o acesso ao conhecimento; a motivação era, sobretudo, promover a transformação.

Destaca-se, no arrojado projeto desse ideal, a escolha de um modelo de gestão com bases na democracia, o que garantiu a livre manifestação das aspirações envolvidas, por meio da participação efetiva da comunidade em todas as instâncias de direção, desde o Conselho Comunitário, passando pelas Diretorias Estaduais, até a Diretoria Nacional.

O modelo de gestão se fortaleceu ao longo desses anos de plena e profícua atividade e se revela em perfeita harmonia ao fundir o idealismo do jovem Felipe Tiago Gomes – o visionário – ao profissionalismo de seus atuais gestores.

Atualmente, acompanhando o novo marco regulatório da beneficência social, a CNEC mantém três unidades inteiramente gratuitas (duas unidades em Teresina/PI e uma unidade em Porangatu/GO), atendendo mais de 3000 crianças em condições de vulnerabilidade social

HISTÓRIA DO FUNDADOR
 
Felipe Tiago Gomes nasceu no dia 1º de maio de 1921, no Sítio Barra do Pedro, município de Picuí, na Paraíba. Foi o filho caçula de Elias Gomes Correia e de Dona Ana Maria Gomes.

Em 1928 foi alfabetizado por sua irmã Francisca. De 1933 a 1935, estudou na Escola Pública de Picuí. Em 1936, ingressou no Colégio Pio XI, em Campina Grande/PB. Fundou e presidiu o Grêmio Lítero Cultural Humberto de Campos em Picuí, no ano de 1938. Concluiu o Curso Ginasial no Colégio Pio XI, em 1940.

Em 1941 foi para o Ginásio Pernambucano, em Recife e, no ano seguinte, foi nomeado secretário de assistência da Casa do Estudante. Em 1943, fundou a Campanha do Ginasiano Pobre, célula embrionária da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC).

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1944. No ano seguinte, foi eleito representante da turma junto ao Diretório da Faculdade. Em 1946, foi nomeado prefeito de Picuí. Foi presidente do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Pernambuco, em 1947, e fundou o Teatro Universitário de Pernambuco.

Formou-se bacharel em Direito em 1948. Dois anos depois, tornou-se integrante da Campanha de Erradicação do Analfabetismo no Estado do Rio de Janeiro e organizou o Movimento Popular de Alfabetização, em 1951.

Foi colaborador do movimento cívico contra o analfabetismo no Estado do Espírito Santo em 1954. Em 1958, foi nomeado diretor do Departamento de Ensino Médio da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro e, em 1960, tornou-se membro diretor da Associação Brasileira de Educação. A partir desse momento, passou a dedicar-se exclusivamente às ações da CNEC.

No dia 21 de setembro de 1996, Felipe Tiago Gomes faleceu em Brasília, vítima de complicações cardíacas. Deixou milhares de órfãos, cenecistas e estudantes, que tiveram na Campanha Nacional das Escolas da Comunidade um meio de integrarem-se à educação comunitária e de qualidade – um meio de tornarem-se cidadãos.

Por esse infindo legado, todo o Brasil é grato a Felipe Tiago Gomes, um homem comum que se tornou ídolo para milhares de pessoas e jamais será esquecido das mentes daqueles que conhecem o verdadeiro sentido de educar.

Assim estão distribuídas as 153 unidades do CNEC por todas as regiões do Brasil:

NORTE, CNEC presente em 02 unidades no estado do Amazonas.

NORDESTE, CNEC presente em 36 unidades divididas por Alagoas (6), Bahia (3), Ceará 15), Maranhão (1), Paraíba (4), Pernambuco (4), Piauí (2) e Sergipe (1).

CENTRO-OESTE, CNEC presente em 06 unidades dividas pelo Distrito Federal (1), Goiás (1) e Mato Grosso (4).

SUL, CNEC presente em 42 unidades divididas pelo Paraná (3), Rio Grande do Sul (29) e Santa Catarina (10).

SUDESTE, CNEC presente em 67 unidades dividas pelo Espírito Santo (2), Minas Gerais (23), São Paulo (3) e Rio de Janeiro (39).

Nota: agradecemos o convite feito pela direção para acompanhar o lançamento do projeto.