Permita-se sentir saudades das coisas boas... São
recordações que ficaram guardadas com carinho em alguma parte do nosso passado.
Afinal de contas, já disse um pensador: “Saudade é a prova de que aquilo que
vivemos valeu a pena".
Posso dizer que sou um privilegiado por ter vivenciado
aquela época inesquecível dos anos 70, 80 e 90. Dentro desse privilégio eu
coloco as grandes canções – nacionais e internacionais, de todos os ritmos e
preferências – que foram lançadas nesse período. No tocante à música romântica,
principalmente a internacional, viveu o seu apogeu na letra e na melodia, com
canções que continuam vivas em nossa memória.
Essa geração ficou marcada por esses ótimos momentos,
de um romantismo com sentimentos verdadeiros e que nos faz recordar das
festinhas do colégio com nossos amigos de classe. Éramos todos jovens ao som de
músicas que faziam a gente sentir emoções lindíssimas e únicas, naquele período
de transição da adolescência para a juventude, no descobrir do primeiro amor e
na inocência de um coração apaixonado.
Tempo em que freqüentava os bailes – Bola Preta e a
Boate do Clube XV dividiam a preferência – e sabia que encontraria meninas para
dançar as “músicas lentas” de rostos coladinhos sem nenhuma preocupação de ser
acusado de “assédio sexual”, e com a certeza de que voltava pra casa. Os jovens
de hoje não sabem o que significa MÚSICA LENTA. Vivenciamos o oposto: o que
eles chamam de PANCADÃO. E ainda somos “obrigados” a conviver com letras de
músicas totalmente fora de contexto e que agride o cidadão de bem em todos os
sentidos.
Tenho por princípio respeitar o “gosto individual”,
sem exceção, pois o mundo seria muito chato e monótono se todos gostassem das
mesmas coisas. Crescemos ouvindo essa frase: “Gosto não se discute”. É fato que
o gosto é inerente à personalidade ou à natureza de cada pessoa. Mas
convenhamos, algumas letras ultrapassam o limite do bom senso. Não quero dizer
com isso que tudo está perdido. Ainda se encontra qualidade numa pesquisa mais aprofundada,
até de cantores desconhecidos da mídia.
Voltando aos bons tempos, não posso deixar de
mencionar aqueles shows maravilhosos com grandes nomes da nossa música no
ginásio do Colégio Estadual Deodato Linhares. Acrescente-se a isso o nosso
tradicional Festival da Canção, com a participação no júri de personalidades do
meio musical e da televisão brasileira. Miracema respirava cultura e inúmeros talentos
aqui foram revelados. Festival que era muito aguardado e movimentava a cidade
com turistas de várias partes do país.
Ainda dentro do tema “saudade do tempo”, o mês de
abril, para nós miracemenses, sempre foi de preparação e contagem regressiva
para a Exposição, que geralmente se inicia no fim do mês e vai até o dia 3 de
maio, quando é comemorado o aniversário da cidade. Ao longo dos últimos anos a
festa vem perdendo o glamour e, principalmente, o verdadeiro sentido do termo “Exposição
Agropecuária”. O carnaval é outro evento “dos bons momentos, dos anos
passados”, que era tão esperado e ficamos órfãos de seus baluartes que faziam a
festa até o raiar do sol da Quarta-feira de Cinzas.
Não tenho nada contra o mundo moderno, muito pelo
contrário, sou totalmente favorável a tudo aquilo que vem para nos BENEFICIAR
no dia a dia. No entanto, NA ESQUINA DO TEMPO A SAUDADE NÃO TEM IDADE.
Finalizando, a história existe para ser contada. Nós,
simples mortais, escrevemos um capítulo diário da “nossa história”. A sociedade
que vivemos passa por um momento crítico em todos os aspectos. Presenciamos o
viver HOJE, sem se preocupar com o AMANHÃ e dane-se o PASSADO. E o FUTURO? A
resposta é imediata: “A Deus pertence”. Ledo engano. Se cada um não fizer a sua
parte, a estrutura tende a ruir e não haverá as cenas do próximo capítulo. O
passado é como se fosse o alicerce de uma construção.